PESQUISA : RS tem um infectado Covid para cada 104 habitantes
A proporção de pessoas com anticorpos para o coronavírus dobrou no Rio Grande do Sul no último mês, de acordo com os dados mais recentes da pesquisa Epicovid19-RS. A nova etapa da pesquisa estima que 108.716 pessoas (de 78.774 a 146.196, pela margem de erro) têm ou já tiveram o vírus na população gaúcha. No levantamento anterior, realizado há quatro semanas, esse número era de 55.904 (de 32.891 a 81.059). Os resultados mostram que a prevalência de infecção pela Covid-19 aumentou de 0,47% para 0,96% entre as duas fases de coletas de dados da pesquisa. A proporção é de um caso real de coronavírus para cada 104 habitantes do RS.
A ANÁLISE da evolução do contágio no RS indica que o número de pessoas que já foram infectadas é hoje, em média, vinte vezes maior em comparação com o encontrado no primeiro levantamento da pesquisa, realizado entre 11 e 13 de abril. Para cada caso notificado, existem ao redor de dois casos (1.3-2.4) não registrados pelos números oficiais.
A taxa de letalidade da infecção pela Covid-19 é de 1,4% (1,1-2,0), com base no total de casos estimado pela pesquisa, em uma relação de 1570 mortes para 108.716 casos. Se considerados apenas os casos notificados, a letalidade passa a ser de 2,6%, em uma relação de 1570 óbitos para 59.779 casos.
Para a coleta dos dados, os pesquisadores realizaram, no último fim de semana, 4,5 mil entrevistas e testes rápidos para o coronavírus em nove cidades. Desse total, 43 tiveram resultado positivo. Dezoito deles foram somente em Porto Alegre, município que já vem registrando uma aceleração do número de casos e internações nas estatísticas oficiais. Canoas teve nove testes positivos, e Passo Fundo, sete. Caxias do Sul, Santa Maria e Santa Cruz do Sul tiverem dois testes positivos, em cada cidade, e Ijuí, Uruguaiana e Pelotas tiveram um teste positivo cada.
“A recomendação é reforçar as medidas de distanciamento social, especialmente em Porto Alegre, Região Metropolitana e Passo Fundo”, afirma o reitor da UFPel e coordenador-geral do estudo, Pedro Hallal.
Em relação às práticas de distanciamento social, o estudo mostra que um terço da população sai de casa diariamente, um pouco mais da metade (54,1%) sai para atividades essenciais, como compra de alimentos e medicamentos, e 12,6% se mantêm sempre em casa.
A sexta etapa levantou também os sintomas mais frequentes relatados pelas pessoas que já contraíram o vírus. Os principais sintomas associados à Covid-19 entre os participantes foram tosse (51,2%), alterações de olfato e paladar (44,2%) e diarreia (37,2%), seguidos de dor de garganta (34,9%), febre (30,2%) e dificuldade para respirar (9,3%).
OS COORDENADORES do estudo recomendam ampliar a testagem por PCR e realizar a busca ativa de contatos das pessoas que tiverem resultado do teste positivo.
A pesquisa segue em andamento no Rio Grande do Sul, com mais duas etapas a serem realizadas: a sétima deve acontecer de 15 a 17 de agosto, e a oitava, de 5 a 7 de setembro.
O EPICOVID19 é coordenado pela Universidade Federal de Pelotas e pelo Governo do Estado Rio Grande do Sul, com apoio de doze universidades públicas e privadas.