Por direitos, mulheres vão às ruas no dia 8 de março
Assim como no ano anterior, em 2017, o dia 8 de março será marcado como um dia de luta pela libertação das mulheres de todas as formas de opressão. Paralisações e manifestações ocorrerão pelo mundo em repúdio à violência, à opressão de gênero e às contrarreformas da Previdência e Trabalhista. Em Pelotas, movimentos sindicais e sociais e coletivos irão reunir-se, novamente, em duas atividades.
No dia 8, às 15h30, em frente à Prefeitura, haverá concentração para panfletagem pelas paradas de ônibus e região central. Às 17h, um ato ocorrerá no largo do Mercado Público e, logo após, mulheres sairão em marcha pelas ruas da cidade.
Atividade antecede 8M
No dia 2 de março, um ato de preparação para o Dia da Mulher acontecerá no auditório da Faculdade de Direito da UFPel. Será realizado um debate com mulheres militantes que abordarão os aspectos históricos do 8M e ataques aos direitos da mulher – como as Contrarreformas Trabalhista e Previdenciária – e seus impactos. Também serão apresentados dados sobre a violência contra a mulher (locais e nacionais), pautado o feminismo negro e debatido o descaso do governo municipal em relação a políticas públicas para as mulheres.
Resistência contra a retirada de direitos
Em um contexto de severos ataques aos direitos das e dos brasileiras/os, as mulheres vão às ruas também para chamar a atenção para as políticas que os governos tentam impor. Assim como no ano passado, ressaltam a perversidade da Contrarreforma da Previdência, cuja votação foi adiada devido à pressão popular, bem como da Contrarreforma Trabalhista, já aprovada no Congresso Nacional e em curso no país.
A Contrarreforma Trabalhista torna as condições das trabalhadoras ainda pior. Gestantes e lactantes podem, a partir da nova legislação, trabalhar em locais insalubres. Além disso, as mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho instituem o trabalho intermitente, com jornadas não definidas, o que afeta as mulheres, setor que é mais precarizado e possui maior rotatividade no trabalho.
Além da suscetibilidade maior em relação a vínculos trabalhistas, as mulheres ainda recebem menores salários e ocupam menos cargos de poder. A baixa representatividade se reflete em políticas misóginas e discriminatórias, como a criminalização do aborto e as tentativas de mudanças previdenciárias que, usurpando o conceito de ‘igualdade de gênero’, pretendem nivelar a idade mínima de aposentadoria da mulher à do homem, desconsiderando a divisão sexual do trabalho, que faz com as mulheres realizem duplas jornadas, recebam menos que os homens e sejam as mais rejeitadas pelo mercado.
Os dados sobre o emprego formal na cidade de Pelotas também demonstram o quanto a hierarquização social incide sobre a situação da mulher no mundo do trabalho. Do total de 614 demissões em empregos formais em 2017, 599 foram de mulheres, totalizando 97% das/os trabalhadoras/os que perderem sua ocupação. Ou seja, os patrões preferem demitir as mulheres.
Violência contra a mulher
Além disso, os índices de violência física e doméstica ainda são alarmantes. O Dossiê Violência contra as Mulheres, publicado pelo Instituto Patrícia Galvão apontou números alarmantes do Brasil: um estupro ocorre a cada 11 minutos, uma mulher é assassinada a cada duas horas, 503 mulheres são vítimas de agressão a cada hora e ocorrem cinco espancamentos a cada dois minutos.
Em Pelotas, em 2017, conforme mostram os indicadores da violência contra a mulher, elaborado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, ocorreram 54 estupros, 811 casos de lesão corporal e 1.131 ameaças a mulheres.
(Assessoria ADUFPel-SSind)