PRAÇA CORONEL PEDRO OSÓRIO : Feira do Livro segue até o dia 18
Com discursos pautados pela contribuição dos negros para a construção da cidade de Pelotas, a 46ª edição da Feira do Livro foi aberta oficialmente na sexta-feira, na praça Coronel Pedro Osório. Na cerimônia de abertura, os alunos do Ensino Médio da Escola Sesi Eraldo Giacobbe executaram os hinos nacional e rio-grandense e emocionaram a plateia, que ouviu, logo em seguida, os pronunciamentos da secretária de Governo (SMG), Clotilde Vitória – representando a prefeita Paula Mascarenhas -, do patrono da feira Vilson Farias e do orador homenageado, Fabio Gonçalves.
A chefe da pasta de Governo saudou os presentes e afirmou que o orador e o patrono foram escolhidos por mérito individual, mas representam os homens e mulheres que lutam pela cidadania do povo negro no Brasil.
Citando o tema da Feira “A Alvorada, imprimindo o alvorecer dos negros em Pelotas”, Clotilde destacou a dedicação do governo municipal em oferecer espaços para reflexão e debate das diferenças raciais, a fim de colaborar na manutenção da paisagem humana da cidade, e lembrou as ações da Secretaria de Cultura (Secult), como a promoção do Dia do Patrimônio – pelo segundo ano consecutivo -, e a agenda ativa de eventos no Mercado Central que valorizam o samba e o hip hop, manifestações da cultura negra.
“Pelotas continua em movimento. Não está parada. Está no caminho e como diz o poeta espanhol Antônio Machado: “o caminho se faz ao caminhar”, finalizou Clotilde.
Mantendo o tom, o orador Fabio Machado comentou sobre a importância do periódico A Alvorada, criado na década de 1900, época de efervescência da sociedade como um sinônimo de resistência do povo negro. Além disso, esclareceu que foram muitas as dificuldades enfrentadas, mas que elas garantiram que Pelotas fosse construída por mãos escravas. O mesmo foi confirmado pelo patrono Vilson Farias, que trouxe ainda dados atuais da participação dos negros nas universidades, por exemplo. “Só nos últimos 18 anos o país começou a desenvolver ações para reverter o quadro da falta de políticas afirmativas para os negros”, disse o patrono.
Após a cerimônia, que também contou com a presença do secretário Giorgio Ronna (Secult), dos vereadores Daniel Trzeciak (PSDB) e Luiz Henrique Viana (PSDB), da presidente da Academia Pelotense de Letras, Zênia de León, e da diretora executiva do Pelotas Parque Tecnológico, Rosâni Ribeiro, uma comitiva liderada por Farias puxou o cortejo de abertura, que percorreu os corredores da praça anunciando que a Feira do Livro começava.
A FEIRA
A 46ª Feira do Livro é organizada pela Câmara Pelotense do Livro, com o apoio da Prefeitura, e teve início na quinta-feira, com a instalação das bancas de livros na praça Coronel Pedro Osório. O tema deste ano “A Alvorada: imprimindo o alvorecer dos negros em Pelotas”, faz referência ao extinto jornal pelotense A Alvorada, escrito por negros e dedicado a comunidade negra da cidade, que circulou de 1907 até 1965.
O advogado e doutor em direito civil e penal e reconhecido autor de livros na área jurídica, abordando a temática do racismo, Vilson Farias foi escolhido como patrono da feira. O orador é o presidente do Conselho Municipal para Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pelotas, historiador e professor, Fábio Gonçalves.
O evento segue até o dia 18 de novembro, com atividades paralelas na Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), nos Casarões 2 e 8 da praça Coronel Pedro Osório e no Largo do Mercado Central. Participam desta edição, 15 livreiros e 18 expositores.