PRÉDIO PARA CÂMARA : Proposta de mexer com o Colégio João XXIII desagrada comunidade
Direção, professores, estudantes e ex-gestores começam a manifestar descontentamento à proposta de o Educandário dar lugar à Câmara de Vereadores
A ideia agrada apenas alguns poucos, dentre os quais seu proponente. Só. Dentre a comunidade escolar e populares, que a conhecem ela é vista como imprópria, oportunista, do tipo fora de um propósito razoável. A quase unanimidade é contrária. “É mesmo uma ideia de pouco fundamento lógico, desalojar uma escola com o histórico e importância da Escola Técnica Estadual João XXIII para dar lugar à Câmara de Vereadores”, diz o aposentado Vitor Porto.
O assunto está no “ar’, em rodas de conversas, em algumas articulações políticas. É ideia do atual presidente da Câmara Municipal de Pelotas, vereador Ânderson Garcia (PTB) negociar com o governo do Estado a cedência do prédio onde funciona o educandário, na rua Sete de Setembro esquina com Felix da Cunha, bem no centro da cidade, para instalação do Poder Legislativo. Nos dois imóveis que compõem o endereço e abrigam o Colégio funcionou o Foro de Pelotas.
“A Câmara tem um terreno, tem dinheiro, então por que não constroem um prédio de acordo com suas necessidades, sem mexer com uma escola e com o que ela representa à comunidade?”, indaga o taxista Nelson Simões.
HISTÓRICO
Funcionando no cobiçado endereço desde julho de 2012, a Escola Técnica Estadual João XXIII é uma referência regional em cursos técnicos, pós ensino médio, desde 1963. Atualmente, abriga 547 alunos, nos turno manhã e noite, nos cursos Técnico Contábil, Administração e Manutenção e Suporte em Informática. A média anual de alunos nos anos 2015, 2016 e 2017 foi de 550 alunos. O curso Técnico em Logística será o próximo oferecimento à comunidade.
“Com certeza haverá uma grande mobilização de professores, funcionários, alunos, ex-alunos e comunidade para reverter essa infeliz ideia daqueles que deveriam nos representar e ao invés disso desejam mexer com um estabelecimento de ensino atuante em nossa cidade”, salienta Rosimeri João, vice-diretora do educandário.
A posição da Escola já foi manifestada ao secretário de governo, do Estado, Fábio Branco, em documento assinado por professores, diretores e ex-diretores, os quais expõem a luta da comunidade escolar para garantir o espaço, o que ocorreu durante a gestão de Germano Rigoto à frente do governo estadual
O diretor Luis Fernando Feijó Neves discorre o histórico funcional do espaço, no qual estão instaladas 22 salas de aula, todas equipadas com ventiladores de teto, quadros verde, de vidro e branco, além de seis laboratórios para o Curso de Manutenção e Suporte em Informática; mais laboratório de redes e para os cursos de Contabilidade, Administração e Manutenção. Também fazem parte do espaço três salas de multimídia. E auditório para recepções.
“Possuímos diversos convênios de estágios com empresas locais, que proporcionam oportunidades aos nossos alunos, que são os futuros profissionais do mercado”, observa o diretor, lembrando o CIEE, INCompany, Embrapa e Fundação de Recurso Humanos. O suporte à proposta pedagógica do Educandário é dado por 35 professores e seis servidores.
O descontentamento pela ideia “legislativa” de mexer com a vida da instituição começa a ganhar forma de públicos protestos contrários, os quais aguardam apenas os próximos passos que vão de encontro aos interesses da comunidade escolar para botarem o bloco na rua em defesa do público estabelecimento que há 50 anos forma para o mercado de trabalho profissionais de Pelotas e região.
O OUTRO LADO – A Reportagem do Diário da Manhã tentou sem êxito, na tarde de ontem, contato com o vereador Anderson Garcia para ouvir suas considerações sobre a proposta, além de qual seria a alternativa para uma nova localização do Colégio.