Projeto Garotos da Lagoa eleva qualidade de vida em diferentes zonas de Pelotas
“Esporte é uma ferramenta muito forte para criança, para sua criação e educação”, acredita Sandro, responsável pela iniciativa desde 2008
Por: Henrique König
Um projeto que move sonhos desde 2008. A Associação Atlética e Cultural Garotos da Lagoa foi fundada por Sandro Rosa, ex-jogador xavante, que atuou no Bento Freitas entre 1989 e 1994. Trabalha com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, proporcionando através do esporte um incentivo, uma qualidade de vida e a chance para melhores caminhos.
“Meu sonho era dar oportunidade para outras pessoas. Hoje temos cinco meninas no Internacional. Tem menina também no Grêmio e no Juventude. Temos um menino que subiu para o profissional do Ypiranga de Erechim. Ele era lá da Praça Aratiba, no Barro Duro, o Edmilson, que no projeto chamávamos de Junior”.
O Garotos da Lagoa começou na Colônia de Pescadores, a Z-3, mas hoje atende jovens também na praia do Barro Duro e no Areal. São cerca de 200 contemplados. 120 meninos nas regiões praieiras, 40 no bairro Areal e mais 40 meninas, totalizando os cerca de 200 jovens.
Sandro Rosa administra a Associação com CNPJ próprio e com ajuda da esposa, Tatiana Rocha. Através da parceria com a prefeitura, o professor João Gusmão valoriza o projeto há cinco anos. É um profissional competente, de passagem por outros segmentos da cidade. O treinador de futebol Geverton Duarte também está com o projeto, através da parceria com o Vida Ativa. “Ele tem muito a passar para a gurizada, estamos contentes em contar com a sua experiência.” Também ex-jogador, Geverton recentemente se matriculou no ensino superior em Educação Física.
Sandro explica como funciona a captação com projeto social: “O projeto é inscrito na COMDICA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e também na Assistência Social (CEMASPEL). Um projeto, para sobreviver de material, precisa do CNPJ e procurar editais, receber doações com nota para empresas, para abater do imposto de renda. Procurei fazer inscrições nas secretarias, para pagar profissionais e ter os devidos registros”.
A ajuda empresarial é fundamental. Ecosul, Biscoitos Zezé, Banco Sicredi, Base Investimentos, Lobato Veículos, Nasi Revestimentos, entre outras auxiliam o projeto. “A Biscoitos Zezé ajuda com bolachas na alimentação, também outras auxiliam de forma mensal ou trimestral. Há empresas que querem colocar o símbolo nos uniformes. Outros fornecem material esportivo, como tênis, chuteiras e meias. Comecei na Z3, mas hoje temos núcleo no Barro Duro e também no Areal. Pleiteamos também com a Câmara de Vereadores e com a prefeita Paula, em busca de construir uma sede no Barro Duro”.
Este sonho é o próximo passo, pois vai expandir ainda mais o projeto cultural Garotos da Lagoa. A ajuda vai se estender para toda comunidade do Barro Duro, dos mais jovens aos mais velhos. “Contemplar as crianças não só com o esporte. Buscamos a dança, uma biblioteca, aulas de reforço, artes marciais, informática. Tudo isso queremos abranger. A Prefeitura nos ajudar também com mais professores através do Vida Ativa. Temos grande possibilidade de abrirmos ano que vem com parceria com a SMED. Já temos a empresa para construir a sede, que deve contar também com alfabetização para os pais e cozinha para atender a todos. Queremos ir mais longe, prestando atendimento também a quem nem goste de futebol”.
Apesar de parar a atividade física durante a pandemia, com retorno, aos pouquinhos, somente em agosto de 2021, a importância do projeto é enorme para as comunidades: “Paramos com o futebol na pandemia. Mas temos convênio com o Mesa Brasil, então atendemos às famílias com alimentação. Era o que mais precisavam. Houve bastante doação no início, mas as empresas foram parando. Hoje mesmo (15) fizemos doação de alimentos. Na Expofeira, o Garotos da Lagoa também foi uma das cinco instituições beneficiadas na cidade. Para o mês, pretendemos atender mais 50 famílias.”
Como o retorno aos campos e quadras é gradual, por enquanto treinos só aos sábados. Em condições mais normalizadas, os treinamentos ocorrem em turno inverso da escola. “Seis meninos foram ao Grêmio fazer avaliação. Segunda-feira mandaremos mais seis para serem avaliados. É um sonho deles profissionalizar lá dentro, mas só de passarem uma semana em Eldorado, é um aprendizado e experiência que jamais pensavam ter.”
Sem perder de foco o viés social, Sandro imagina mudanças significativas no espaço urbano de Pelotas: “A Colônia Z-3 e o Barro Duro precisam muito da nossa ajuda. A prefeitura tem áreas verdes paradas, então podíamos utilizar para sedes esportivas e sociais. Áreas com capim alto, no máximo animais amarrados pelos donos. A prefeitura colheria esses bens se investisse. Conversei também com o vereador Carlos Junior, bastante ligado ao esporte, sobre isso”, embrionando mais uma boa ideia.
A certeza é que, mesmo com o tempo parado durante a pandemia, retornando mais forte agora, o projeto Garotos da Lagoa é constante fazedor de gols de placa.