Pronto Socorro perde o serviço de traumato buco-maxilo-facial
Coordenação da Residência de Cirurgia e Traumatologia da Faculdade de Odontologia da UFPel retira professores/tutores e residentes da Instituição por falta de quadro de profissionais, que devem ser contratados pelo município.
A máxima pessimista “o que está ruim sempre pode piorar” parece ter se hospedado de vez no Pronto Socorro de Pelotas(PSP). E nem é preciso lembrar da superlotação ou descontentamento dos trabalhadores da instituição, que ameaçam deflagrar greve a partir da quinta-feira da próxima semana. O problema agora é com o serviço de “urgência/emergência, cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial”, que desde segunda-feira desta semana não está mais à disposição da comunidade.
“Legal e formalmente, quem tem de prestar esse serviço à comunidade é a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, que é a contratada pela Prefeitura Municipal para isso”, informa o professor/doutor Otacílio Chagas Júnior, coordenador do Programa Residência de Cirurgia e Traumatologia da Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A saída da Odonto/UFPel do PSP deve-se ao fato de que legalmente não existe o serviço na instituição municipal. Ou seja: em princípio, a função dos professores/doutores, estabelecida pelo “convênio educacional” entre a UFPel e o Município, é supervisionar o trabalho dos profissionais e residentes. Na prática, o que ocorre desde o ano 2001 é a prestação dos serviços pelos residentes e professores/doutores. Otacílo Júnior diz que entre 2001 e 2011 foram realizados 11 mil atendimentos diversos, na área de traumato-facial, no PSP.
Em correspondência enviada às coordenações do Hospital Escola da UFPel e do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão, da UFPel, em dezembro do ano passado, Otacílio comunicou a retirada dos residentes do Programa de Residência em Área Profissional da Saúde, Odontologia, Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais do Hospital Escola da UFPel, em caráter de plantão presencial 24 horas, do Pronto Socorro Municipal de Pelotas. No documento é lembrado que a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde, do Ministério da Educação exige a presença de profissionais habilitados na área em questão, nesse caso, os gestores do Pronto Socorro deveriam criar o quadro de profissionais para prestar o serviço.
“Não é o que acontece no Pronto Socorro. Nós é que estamos prestando o serviço, em plantão presencial de residentes, e plantão de sobreaviso de professores/tutores em regime de escala de 24 horas, sete dias por semana, 365 dias por ano”, prossegue Otacílio Júnior, acrescentando que os supervisores – professores/tutores nada recebem por isso.
A reportagem do Diário da Manhã tentou, sem êxito, contato com a Secretaria Municipal de Saúde para falar a respeito da situação. Foi através da conversa com Otacilio e com o professor/doutor Mário Pires que soubemos que hoje à tarde haverá uma reunião entre a coordenação do Programa de Residência de Cirurgia e Traumatologia da Faculdade de Odontologia da UFPel, Secretaria Municipal de Saúde e demais gestores do convênio tripartite da administração do Pronto Socorro de Pelotas para discutir uma forma de solucionar mais um problema hospedado na instituição.