PRONTO SOCORRO : Vereadores criticam falta de médicos e superlotação
Secretaria da Saúde toma providências para reduzir espera por leitos
O vereador Marcos Ferreira (PT) quer ouvir a secretária municipal de Saúde, Arita Bergmann, na próxima segunda-feira, 15/02, às 10h, no plenário da Câmara, sobre as condições de funcionamento do Pronto Socorro Municipal.
Na tarde de quarta, ele esteve no PS, acompanhado do vereador Ricardo Santos (PDT) e constatou a ausência de médicos, pacientes à espera de leitos há mais de 10 dias, superlotação no saguão de entrada e nos corredores onde pessoas aguardavam o primeiro atendimento há mais de seis horas.
O assunto dominou os discursos e os apartes na sessão legislativa. “Não havia médico neurologista, só um estudante de Medicina”, disse Marcola. E questionou: “o prefeito não disse que isa usar os R$2 milhões do Carnaval na Saúde? A secretária Arita tem que vir imediatamente aqui (na Câmara) para dizer porque não usam o dinheiro do Carnaval para comprar mais leitos”.
Em aparte, o vereador Marcus Cunha (PDT) foi mais enfático. Para ele, a secretária não tem mais respostas. “Ela está há cinco anos no cargo e não resolveu problemas básicos no Pronto Socorro e nos postos de saúde, onde as pessoas ainda são atendidas por fichas e tem que chegar de madrugada”, afirmou.
Cunha lembrou que tanto a CPI da Saúde quanto a Comissão da Saúde do Legislativo levaram ao Ministério Público denúncias sobre as irregularidades no município. “O Judiciário condenou o Poder Público a pagar multa diária de R$ 50 mil por paciente da UTI do Pronto Socorro que não for encaminhado a hospital em 48 horas, e multa de R$ 10 mil por paciente de leito clínico que ficar mais de 72 horas no PS”.
Ricardo Santos (PDT) quis saber se os médicos tiveram folga no Carnaval. “Mas a cidade não fez Carnaval!”, disse o vereador. E completou: “a culpa é da gestão, que deveria contratar mais médicos, invés de colocar propaganda em postes de uma saúde só no papel”.
Médico e vereador, Anselmo Rodrigues (PDT) disse que chegou a atender até 140 pacientes num plantão de 12 horas no Pronto Socorro. “É impossível um ser humano trabalhar por uma dúzia”, afirmou. “O profissional é agredido para que o povo não se dê conta de onde está a podridão”.
PRESOS – A questão do atendimento aos presidiários no Pronto Socorro também foi levantada durante a sessão. Segundo Marcola, a falta de segurança para o PS receber um preso causa temor entre pacientes e acompanhantes. “Nunca se sabe quem pode vir atrás deles e as pessoas ficam expostas”, disse.
Mas, para o vereador Vicente Amaral (PSDB), existe um convênio entre a Prefeitura e a Brigada Militar que garante o atendimento aos presos antes dos demais pacientes, porque a BM não tem médicos. “A preferência é porque a Brigada não pode ficar parada com duas, três viaturas na frente do Pronto Socorro esperando pelo preso”, explicou. “O Município contribui com o Estado”.
Saúde toma providências para reduzir espera por leitos
A Secretaria de Saúde (SMS) tomou algumas providências emergenciais para amenizar a situação de pacientes em lista de espera por leitos no Pronto Socorro de Pelotas (PSP). “O feriadão de Carnaval foi relativamente calmo e não teve registro de nenhum paciente em decorrência da festa popular. Também para o Samu o movimento foi mais tranquilo que no Carnaval do ano passado”, destaca a secretária Arita Bergmann. Ela disse que o aumento de movimento quarta-feira é considerado normal pós-feriadão e que já foram tomadas providências emergenciais para acelerar o retorno à normalidade.
A secretária convocou, ontem, uma reunião com as chefias de UTIs, a fim de buscar o gerenciamento objetivo dos leitos SUS. A segunda medida foi cancelar as cirurgias eletivas, para evitar que leitos de UTI sejam reservados.
Outro fator que interfere no aumento da espera por leitos é que costumam ocorrer menos “altas” de pacientes durante os feriados, e houve dois feriadões na sequência. “Mas hoje já tivemos 16 leitos liberados e a tendência é que em poucos dias retornemos aos 20 ou até 25 leitos diários”, estima Arita. A secretária disse que não houve nenhuma informação de redução do número de leitos contratualizados pela prefeitura para usuários do SUS.
Na quarta-feira, havia cerca de 40 pessoas em lista de espera por leitos no PSP. Destas, 14 eram de outros municípios – quase 35% da demanda, quando em situação normal fica em torno de 10%. “Não há nada que possamos fazer, neste sentido, Pelotas é referência para toda a região e não podemos deixar de atendê-los”, explicou o coordenador de Enfermagem do PSP, Alberto Brum.
“O atendimento no Carnaval foi muito calmo. A gente até estranhou. Hoje de manhã é que o movimento aumentou, mas isso sempre acontece depois de um feriadão”, disse Brum.
O coordenador afirmou que a equipe do PSP continua a mesma por turno que em outras épocas do ano: 2 médicos, mais um médico para a rotina da sala de emergência, dois cirurgiões, três enfermeiros e cerca de 20 técnicos em Enfermagem, além de uma equipe de retaguarda com neurocirurgião, cirurgião vascular e cirurgião toráxico, entre outros.