Quando a cidade dança
O projeto “Ócio – Experimentos em Videodança” conjuga dança, le parkour, , música e vídeo para apresentar um outro olhar sobre Pelotas. Assim como o físico brasileiro Marcelo Gleiser nos apresenta uma Dança do Universo, o projeto Ócio parece descobrir uma Dança da Cidade.
Um estado de ócio, na verdade, não é inércia. Para os artistas, é um estado de potência dormente que permite um status privilegiado de observação. Dessa forma é possível perceber que as linhas, dimensões e toda a matéria que compõe um espaço estão em constantes fluxo e movimento. É assim que Bruna Oliveira, Gracia Casaretto, Tiago Kickhöfel, Átila Silveira, Guilherme Oliveira, Martha Grill, Fernanda Thiel e Thiago Barbosa nos apresentam o seu olhar sobre a cidade.
Os cenários poderiam ser de qualquer cidade, mas desconhecer e reconhecer Pelotas sob uma nova perspectiva é o que pretendem os artistas e, para tanto, diferentes linguagens são combinadas neste projeto para colocar a cidade em movimento, criar uma estética do fluxo e da transitoriedade e descobrir uma espécie de cinética do ócio aparente. Sobre esse caráter transitório, Bruna aponta que quando começaram a vir estudantes de todo o País, muita coisa mudou na cidade. Segundo a dançarina e bacharel em Filosofia, nossa cena cultural não é mais a mesma; a diretora apoia-se no diálogo do próprio projeto com a produção de grupos de artistas locais que tematizam a cidade e as relações dela com seus habitantes para a observação desse fluxo estético convergente. Assim, através dos recortes do espaço realizados pela “câmera-ócio” de Tiago Kickhöfel, das linhas e movimentos experimentados pelos dançarinos Bruna Oliveira, Fernanda Thiel e Thiago Barbosa e dos sons da trilha composta por Átila Silveira, os artistas redescobrem Pelotas e nos apresentam ela por meio de outra linguagem, a da videodança, pouco conhecida e explorada por aqui.
Os espaços mapeados pela câmera e pelos dançarinos não são aleatórios. Fazem parte da experiência pessoal de Bruna com Pelotas. Natural de Dom Pedrito, vive aqui desde 1998 e afirma sempre estar descobrindo e redescobrindo a cidade em seus “passeios de observação”. São nesses passeios que Bruna encontra os espaços aparentemente ociosos, para logo explorá-los com câmera, música e dança.
O projeto “Ócio – Experimentos em Videodança” conta com financiamento do Procultura 2014 e será realizado em quatro etapas: realização e promoção de oficinas, aproximação da linguagem da videodança com as escolas e com a população, elaboração da obra em si (com a produção de 300 DVDs) e produção de um minidocumentário.
Oficinas com Javier Di Benedictis
O argentino é um dos convidados especiais do projeto “Ócio – Experimentos em Videodança”. A partir de segunda-feira, 11 de maio, até o dia 17, o profissional da produtora artística Valent Labs ministrará uma série de oficinas para apresentar a linguagem da videodança para o público pelotense. Nos dias de 11 a 14, das 14h às 18h, no Museu do Doce, serão realizadas as oficinas de “Criação coletiva de videodança”. Já nos dias 16 (às 13h) e 17 (às 21h), no Núcleo de Teatro da UFPel, serão realizadas as oficinas de “Ação performática”.
Javier é designer de imagem e som pela Universidad de Buenos Aires, onde formou parte do corpo docente da disciplina de Estética. Trabalha com produções experimentais em territórios híbridos. Investiga principalmente a convivência entre pintura e audiovisual, e imagem em movimento e dança. Exibiu obras no Festival Des Cinémas Differents Et Expérimentaux de París (França, 2013), na 11a Bienal de Artes Mediales (Chile, 2013), no MOD (México, 2014) e na Galeria do AnimaMundi (Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil, 2012), entre outros. Realizou sua primeira exposição individual, “Metamórficas” com vídeo-instalação e fotogramas na rede SESC/SC e na Fundação Cultural Badesc e na Galeria de Artes Visuais da UFSCPA, RS, Brasil.
Mais informações podem ser obtidas na página do facebook do projeto: www.facebook.com/ociovideodanca
Inscrições gratuitas nas oficinas através do e-mail: