REALIDADE : “Brasil chegou ao limite”
Ainda que a classificação para a segunda fase do Campeonato Brasileiro da Série C esteja perto e que o acesso para a segunda divisão nacional seja um sonho ao alcance do Xavante, o presidente Ricardo Fonseca alerta para a realidade do clube. “O Brasil chegou ao seu limite.”
Isso não representa que o Brasil esteja “jogando a tolha” na disputa de seus objetivos para 2015. É bem o contrário. Mesmo que alcance o máximo – ou seja, a vaga na Série B do Brasileiro -, a realidade do clube vai continuar sendo a mesma. Tem uma estrutura precária para sustentar o avanço decorrente dos resultados dentro de campo. Atualmente, sequer possui um estádio em condições de receber sua empolgada torcida.
“O Brasil tem que analisar bem esse momento e ver o que quer daqui para frente. Vamos ter que nos reunir, conversar com os conselheiros e os associados. O Brasil chegou ao seu limite”, afirma Ricardo Fonseca. O alerta é direcionado especialmente ao torcedor, que anda acostumado a comemorar vitórias e acessos. Há três anos, o clube estava na segunda divisão gaúcha. Agora se encontra na Série C nacional e pode chegar à B.
“O torcedor tem que ter consciência que virão dificuldades. É preciso ter consciência disso. O sucesso é passageiro e uma hora isso tudo vai passar”, alerta Fonseca, que já entrou para a história rubro-negra como um dos presidentes mais vitoriosos ao longo dessa trajetória de 104 anos do clube.
CONTINUIDADE – Ricardo Fonseca está na presidência do Brasil desde novembro de 2011. A reeleição para o quinto mandato consecutivo está relacionada ao acesso do time para a Série B. Embora a eleição esteja marcada para o dia 30 de setembro, o presidente entende que – caso se confirme a classificação para a segunda fase – o processo deva ser realizado depois do confronto decisivo, que irá definir quem sobe para a segunda divisão nacional. O segundo jogo desse mata-mata será disputado no dia 11 de outubro.
“Gostaria de esperar a definição do acesso, porque se o Brasil não subir pode estar se encerrando um ciclo no clube, o ciclo da continuidade”, releva. Fonseca reconhece, porém, que não será fácil aparecer um candidato para substituí-lo. “A responsabilidade será muito grande, depois de tantas conquistas nestes últimos três anos.”
Permanecendo ou não, Fonseca aponta que é prioridade possuir um estádio em condições de receber a torcida xavante. “Temos que usar essa motivação da torcida como aliado para fazer um novo estádio. Seja da forma que for, precisamos ter um novo estádio”, conclui.
Ano de aperto financeiro
O Brasil deixou de arrecadar cerca de R$ 1 milhão neste Campeonato Brasileiro da Série C em consequência de não poder jogar no Bento Freitas ou por ter um estádio com capacidade reduzida. Foram duas partidas em Novo Hamburgo – contra Juventude e Guaratinguetá – e uma no Beira-Rio, diante do Tombense. Esta última por causa da perda de um mando de campo em punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Nas cinco vezes em que jogou em casa, a capacidade de público ficou restrita a 5.190 torcedores em função da interdição de uma arquibancada e da demolição de outra. A arquibancada provisória, que seria para quatro jogos da primeira fase, será aproveitada possivelmente apenas na partida de sábado diante do Guarani. Por conta disso tudo, o número de sócios, que deveria aumentar com a campanha na Série C, caiu de oito para cinco mil associados.
Desta maneira, o Brasil segue com dificuldade para pagar os salários em dia. Ricardo Fonseca informa que não houve ainda o pagamento total da folha salarial de julho. No dia 10 venceu o prazo para o pagamento dos salários de setembro. Essa é uma realidade enfrentava pelo presidente desde o início de sua primeira gestão.
Contrato em análise e previsão é ter estádio novo em 24 meses
O Brasil aposta na parceria com a Porto 5 – empresa do setor de construção civil – para ter em dois anos o Bento Freitas praticamente novo. A negociação envolve a cedência em permuta de área da antiga cancha de futebol de sete, onde será construindo um edifício residencial. A contrapartida é a construção de todo o anel inferior do estádio – incluindo, os setores abaixo do pavilhão social e das cabines de imprensa.
A empresa já entregou a minuta do contrato. Uma reunião está agendada para terça-feira, quando os integrantes da Comissão de Obras e do setor jurídico do clube irão sugerir algumas mudanças no contrato aos diretores da Porto 5. “São pequenas modificações, que julgamos serem necessárias”, diz o ex-presidente André Araújo, um dos integrantes da comissão.
O próximo passo será colher as assinaturas dos 37 proprietários da área, que será cedida pelo clube. Há alguns anos atrás, a área foi adquirida por um conjunto de rubro-negros como forma de evitar a perda do terreno numa cobrança judicial de dívida ao clube. “Vai ser a parte mais trabalhosa, a coleta de todas essas assinaturas, mas não creio que se possa ter algum problema”, afirma Araújo.
A construção do estádio vai ocorrer em seis etapas. A primeira delas – por uma questão operacional – é a arquibancada do placar eletrônico. A estimativa é que cada etapa leve aproximadamente três meses, o que projeta o fim da obra em dois anos. André Araújo adianta que, na sequência, será realizada uma ação, buscando o apoio de torcedores e empresas para viabilizar a construção do segundo piso do pavilhão social. E, enfim, o Brasil terá sua casa nova.