RETA FINAL : Brasil x Botafogo em Brasília?
Por: Henrique König
Movimentou a pauta de terça-feira (9) a possibilidade do jogo entre Grêmio Esportivo Brasil e Botafogo Futebol e Regatas, válido pela 37ª e penúltima rodada da Série B, ser disputado em Brasília. Seria uma espécie de venda do mando de campo, possibilitando que o Botafogo reunisse seus torcedores no Centro-Oeste brasileiro, sabendo das chances do Fogão, virtualmente com o acesso para Série A, ainda poder ser campeão na penúltima rodada, ou, ao menos, continuar disputando ponto a ponto o título, contra o adversário Coritiba.
Entre as justificativas estariam o contingente de torcedores botafoguenses, que podem estar em grande número, acarretando problemas na distribuição da logística do Bento Freitas, que hoje não conta com a arquibancada pelos lados da Avenida Juscelino Kubitschek. Entre desculpas mais sérias ou somente recheio da causa, estaria inclusive a estrutura do Bento Freitas, que passa por uma mudança em seu gramado.
A direção do Grêmio Esportivo Brasil passou a terça-feira sem retornar sobre essa possível troca da Baixada pelo estádio de Copa do Mundo, Mané Garrincha, em Brasília. Apesar disso, a possibilidade foi rechaçada no fim do dia pelo presidente da Federação Gaúcha, Luciano Hocsman.
Em Brasília, sabe-se, o mando ficaria invertido, com o predomínio de botafoguenses na arquibancada. Esta situação é condenada em
regulamento, causando o chamado desnível técnico da competição, pois todas as demais equipes enfrentaram o Xavante, enquanto mandante, na Baixada, e não com predomínio de suas torcidas. Antes de enfrentar o Botafogo “em casa”, o Brasil justamente encara o Coritiba fora de casa. Dessa forma, pode “decidir” o campeão brasileiro da Série B.
Sabe-se também que o Xavante necessita de finanças. Está com salários atrasados, tem pendências a pagar cada vez que tem sido mandante em um Bento Freitas que não tem recebido grandes públicos, pela péssima campanha na Série B e, é claro, por conta da pandemia. Ou seja, um valor que fosse repassado ao Brasil pela bilheteria do Botafogo em Brasília, seria de agrado. Por outro lado, o verdadeiro motivo para existência do G.E. Brasil é o torcedor local. Seria tirado do xavante que tem ido aos jogos, que está associado e em dia com o clube, o direito da última partida no Bento Freitas na temporada. Após seis anos na segunda divisão nacional, ao nos depararmos com essa despedida, o Brasil parece não ter caminhado para frente. Termina esse ciclo histórico para o clube com dívidas, com muita dificuldade de planejar seu futebol para 2022 e tendo a possibilidade de “vender um mando de campo” para aliviar a severa bola de neve que ameaça a Baixada.
Um último argumento – ou mero lamento sobre a situação: no ano do acidente, em 2009, quem veio ao Bento Freitas ajudar o Xavante, de fato, foi o Botafogo, que movimentou a cidade com um amistoso de luxo e casa cheia na Baixada. Este então pode ser o reencontro do Fogão à casa do amigo da ocasião, mas parece que as cifras, o mercado da bola, isso tudo tenta soterrar o romantismo das mais belas histórias.