Rio Grande do Sul oficializa criação do BOPE
Troca de Gate para Bope padronizará grupamento no modelo já usado na maioria dos estados
O Rio Grande do Sul passa a contar de fato com um Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). A cerimônia de instalação, ocorrida nesta quinta-feira (17), marca o início das atividades da unidade, instituída por decreto em dezembro de 2018. O ato contou com a presença do vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, e do comandante-geral da Brigada Militar, Mario Ikeda.
O evento oficializou também a mudança de designação dos três Batalhões de Operações Especiais (BOEs), que passam a serem denominados 1º, 2º e 3º Batalhões de Polícia de Choque (BPChoque). As unidades estão localizadas nos municípios de Porto Alegre (1º), Santa Maria (2º) e Passo Fundo (3º).
O BPChoque da capital continuará com duas companhias de Polícia de Choque, com a fração Canil (responsável por todos os canis da BM no Estado) e com uma Companhia de Patrulhas Especiais (Patres). Os batalhões de Santa Maria e Passo Fundo manterão somente as atividades de Polícia de Choque.
Para Ranolfo, a corporação ganha muito com a divisão e o fortalecimento das unidades. “A especialização é fundamental em todas as áreas e na Segurança Pública não é diferente. Na BM, o Bope é a expressão máxima dessa especialização”, afirmou o vice-governador.
O efetivo do Bope englobará o do Gate, acrescido de uma estrutura de Estado-Maior. As ações serão subsidiadas pela seção de inteligência, visando o aumento da efetividade. “É um momento simbólico e muito esperado por todos nós na instituição. Temos que agradecer o trabalho das pessoas que fizeram parte desta história e desejar boa sorte aos que iniciam o novo ciclo”, frisou Ikeda.
De acordo com o tenente-coronel Douglas Soares, a troca de nomenclatura servirá para padronizar o batalhão no modelo já usado na maioria dos estados do Brasil. Ele destacou ainda o amadurecimento do grupo e a confiança da corporação conquistados ao longo do tempo. “São vários quesitos que fomentaram o crescimento do Gate, tornando a unidade de referência no atendimento de ocorrências com reféns, artefatos explosivos, operações de inteligência, operações de busca e captura. Nos últimos anos, a unidade foi importantíssima em ações de grande porte e complexidade, como a operação Diamante e a operação Pulso Firme”, avaliou o comandante do batalhão.
De comando tático a batalhão: a história do Bope gaúcho
O embrião do que hoje é o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Brigada Militar (BM) surgiu em 1988, quando dois oficiais gaúchos foram enviados ao Rio de Janeiro para realizar o Curso de Operações Especiais da Polícia Militar fluminense. A motivação surgiu da necessidade de oferecer uma resposta que ultrapassasse as rotinas convencionais do policiamento ostensivo.
Ainda em 1988, deu-se início ao primeiro Curso de Operações Especiais do Rio Grande do Sul. A iniciativa formou os primeiros “caveiras do gelo” e resultou na criação do Comando Tático 9 (CT-9) – o número 9 foi uma alusão ao 9º Batalhão de Polícia Militar, unidade que executou o curso e estruturou o CT-9.
Em 1990, o decreto 33.512 instituiu o Gate. Todos os PMs que integravam o CT-9 foram transferidos para o novo grupo, então subordinado ao Batalhão de Polícia de Choque. Desde então, o Gate se tornou uma marca inquestionável. O grupo de elite da BM se estabeleceu como referência no mundo das operações especiais no Brasil e em outros países.
O penúltimo capítulo da história do novo batalhão da BM foi escrito em 20 de dezembro de 2018. Nesta data, o ex-governador, José Ivo Sartori, assinou o decreto 54.424, transformando o Gate em Bope e os Batalhões de Operações Especiais (BOE) em Batalhões de Polícia de Choque (BPChoque).
O histórico de atuação do agora denominado BOPE carrega credibilidade, comprometimento, responsabilidade, disciplina técnica, tática, individual e coletiva. Para o comandante do batalhão, no entanto, esta não é a principal conquista dos “caveiras do gelo”. “Nosso maior prêmio é o reconhecimento junto à sociedade gaúcha, que enxerga nestes homens de preto a retidão das ações policiais”, assegura o tenente-coronel Douglas.