Salinização de arroio prejudica abastecimento de água no Laranjal
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O Sanep trabalha em força-tarefa para amenizar um dos efeitos da estiagem que está diretamente relacionado ao abastecimento no Laranjal, considerando o local de captação da água bruta para tratamento e distribuição no bairro: o Arroio Pelotas. Com os baixos índices pluviométricos no último trimestre de 2021 e em janeiro – todos inferiores às médias dos últimos anos, o nível do arroio diminuiu e possibilitou a entrada da água salgada que vem do oceano. O fenômeno obriga a autarquia a reorganizar seu sistema de abastecimento para atender a região.
Manobras para garantir o abastecimento
Considerando a previsão da manutenção do tempo seco nos próximos 30 dias, somado ao período em que o consumo de água aumenta naturalmente devido ao calor, a autarquia precisou retornar temporariamente ao método antigo de distribuição para garantir que a água potável chegue ao Laranjal. Desta forma, parte da água do reservatório R8, no Areal, é enviada aos balneários, compartilhando a água potável nas duas regiões.
A diretora-presidente do Sanep, Michele Alsina, pontua que a medida é necessária no momento, levando-se em conta a dificuldade de tratar a água salobra captada no arroio e o compromisso da autarquia em abastecer a população atendendo a todos os padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde. “Nossas equipes trabalham integradas 24 horas por dia, realizando todos os serviços necessários para manter a cidade abastecida neste momento difícil e amenizar ao máximo os impactos gerados pela estiagem”, frisou.
Situação de emergência
Nesta quarta-feira (9), a prefeita Paula Mascarenhas declarou situação de emergência em Pelotas devido à estiagem, com a assinatura do Decreto 6.533. A manifestação da Prefeitura em resposta à escassez de chuvas já foi adotada em mais de 402 cidades gaúchas, segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul. Isso significa que, assim como o município, cerca de 80% do estado vivencia as consequências da seca que atinge a região do sul do país.
Em Pelotas, mesmo com operações de drenagem do canal que recebe água doce, buscando a renovação dos pontos de captação com a chuva pontual das últimas semanas, a autarquia seguiu identificando um teor de salinidade maior do que o ideal para tratamento no reservatório R15, a partir dos contêineres da estação móvel. O índice no arroio chega a ser 40 vezes maior do que o limite para ser classificado como de água doce.
“Realizamos diversas coletas e análises durante o dia para monitorar as condições da água e executamos as operações necessárias dentro do nosso sistema de abastecimento para garantir o fornecimento de água na cidade”, explica o coordenador do Departamento de Tratamento do Sanep, Vinícius Gonçalves.
Não é hora para desperdiçar
O Sanep assinala que ainda não há um decreto para a restrição do uso da água em Pelotas – como foi determinado em 2020, em razão da grave seca na região –, mas lembra que o fato não é motivo para descartar cuidados com o desperdício. Pelo contrário, o uso consciente é sempre bem-vindo visando à economia do recurso natural e à sustentabilidade. O reaproveitamento da água e a sua utilização apenas no considerado necessário devem ser priorizados, principalmente, nesta hora crítica vivenciada pelo estado.
A Barragem Santa Bárbara, que foi diretamente atingida há dois anos – fazendo com que seu nível chegasse à marca histórica de 4,40 metros negativos –, encontra-se nesta quinta-feira (10) com 1,68 metros abaixo do vertedouro. Apesar do índice negativo, o abastecimento pela ETA Santa Bárbara ocorre a pleno, sem intercorrências. O Sanep também monitora, com atenção, o local diariamente.