Diário da Manhã

domingo, 17 de novembro de 2024

Notícias

Sancionada lei que estabelece uso de tornozeleiras eletrônicas em homens agressores de mulheres

Sancionada lei que estabelece uso de tornozeleiras eletrônicas em homens agressores de mulheres
24 janeiro
11:34 2014
RS é pioneiro na legislação

O Rio Grande do Sul é o primeiro estado a ter uma lei que estabelece o uso de tornozeleiras eletrônicas em homens agressores de mulheres. A lei foi sancionada nesta quinta-feira (23) pelo governador Tarso Genro, em ato no Palácio Piratini.

Há sete meses o RS adotou o monitoramento por tornozeleiras eletrônicas. Mas, o sistema de vigilância só era usado em apenados dos regimes aberto e semiaberto. Conforme o autor do projeto, deputado Edegar Pretto, o objetivo da lei das tornozeleiras é dar mais segurança às mulheres em situação de risco de violência — e que têm medidas protetivas da Justiça — e fazer com que o portador do equipamento eletrônico respeite a distância estabelecida pela medida protetiva em favor da vítima. “A lei é mais um mecanismo efetivo em defesa de mulheres e meninas. É uma política de Estado para cuidar e amparar mulheres vítimas que têm coragem de denunciar seus agressores”, avalia o parlamentar.

A mulher vai portar um dispositivo, que ela poderá levar na bolsa, por exemplo, e em caso do homem monitorado ultrapassar o perímetro determinado pela Justiça, a central de monitoramento da Superintendência dos Serviços Penitenciários do RS (Susepe) será avisada e acionará a polícia em tempo real. A Susepe já tem à disposição um lote de 100 tornozeleiras prontas para o uso. Elas foram disponibilizadas pela empresa fornecedora, e não terão custo para o Estado. Para serem usadas dependem da decisão Justiça.

O agressor que fizer uso do equipamento eletrônico de monitoramento também terá preferência na participação em serviços de reeducação ou reabilitação. A ação vai integrar a Rede Lilás, união de órgãos estaduais voltados para o combate da violência doméstica, coordenada pela Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SPM) do Rio Grande do Sul. “Esta lei simboliza o compromisso do governo em defesa de uma política eficiente e democrática em defesa das mulheres”, frisou o governador Tarso Genro.

A lei foi sancionada nesta quinta-feira (23) pelo governador Tarso Genro, em ato no Palácio Piratini.

A lei foi sancionada nesta quinta-feira (23) pelo governador Tarso Genro, em ato no Palácio Piratini.

Conforme informações do Juizado de Violência Doméstica e Familiar de Porto Alegre, em 2013 tramitaram na Justiça da capital aproximadamente 10 mil medidas protetivas, que é o instrumento legal para evitar que o homem se aproxime da mulher.

Dados levantados nos cinco anos da Lei Maria da Penha, pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, e publicados no Relatório Lilás da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, apontam que 90,9% dos agressores de mulheres mantêm ou mantiveram relações pessoais com a vítima. Em 83,48% dos casos de assassinato de mulheres ocorreram na residência da própria vítima, e 20% das mulheres tinham medida protetiva expedida.

Como funciona

  • Uma determinação judicial vai obrigar que o homem identificado como agressor use a tornozeleira.
  • É o juiz ou juíza o responsável por determinar qual será o perímetro que o agressor ficará proibido de ingressar.
  • A tornozeleira fica no homem, e um dispositivo deve ficar com a mulher – que terá um sistema de monitoramento à distância. Com isso, os agentes de segurança irão monitorar a aproximação do homem e poderão intervir e evitar o encontro.
  • Quando for detectada a aproximação do homem na área proibida, a Susepe envia um sinal sonoro para o dispositivo que fica com a mulher e tenta contato pelo celular para passar instruções.
  • Em casos mais graves, como tentativa de homicídio, ameaças e reincidências, o juiz poderá optar por estipular que o agressor utilize uma tornozeleira eletrônica.
  • Presos por descumprirem a medida protetiva também são candidatos a usar o equipamento quando ganharem liberdade.
  • Assim que o juiz determinar o uso da tornozeleira, agentes a Susepe colocam o equipamento no agressor.
  • Serão cadastradas informações da mulher, como endereços da casa, trabalho, escola dos filhos, casa de parentes).

A tornozeleira

  • É composta de uma cinta com um cabo de fibra de aço e fibra ótica, e uma caixa à prova d’água onde estão os dispositivos de rastreamento e comunicação.
  • Há um número de identificação que fica na parte de trás da caixa e é usado pela Susepe para o cadastro do apenado do semiaberto que tem o benefício de usar o equipamento.
  • Há uma bateria que dura cerca de 30 horas, um GPS, um sensor de luz e ar, dois chips de operadoras de celular, um dispositivo anti-impacto.
  • Do lado de fora, uma luz comunica o status da bateria. Quando alterna entre verde e vermelho está descarregando.
  • O equipamento é carregado na tomada, como um celular.

 

Comentários ()

Seções