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quinta, 26 de dezembro de 2024

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SANEP : Greve já dura 65 dias hoje sem avanço nas negociações

SANEP : Greve já dura 65 dias hoje sem avanço nas negociações
22 julho
09:28 2014

A greve dos trabalhadores do Sanep entra hoje no sexagésimo quinto dia sem nenhum avanço nas negociações entre servidores e gestores municipais. A cidade está sem a maioria dos serviços da autarquia e os servidores sem o salário do mês de junho e dois vales-alimentação, descontados pelo Poder Público Municipal.

A propósito da situação, na sessão da Câmara Municipal do dia 9 deste mês, o presidente do Legislativo, vereador Ademar Ornel (DEM) manifestou-se desta forma: “O prefeito não tem o direito de dizer que não quer dialogar. Se sou gestor, sou pago para dialogar, porque o patrão é a comunidade, que quer que as partes se entendam.

Os trabalhadores têm sido prejudicados de todas as formas, sem salário, sem vale alimentação, sem as férias que já haviam sido autorizadas e sem a chance de fazer empréstimo consignado, para tentar salvar a sua situação nesses dias.

Como sempre, se exige e se constrange o lado mais fraco a ceder. Os trabalhadores já propuseram, em assembleia, a flexibilização das negociações e isso foi encaminhado em ofício à direção do SANEP no dia 12 de junho. A decisão de não negociar com trabalhadores em greve é uma decisão arbitrária, que vai contra as promessas de campanha do Prefeito, que proferiu em um debate as seguintes palavras:

Nós vamos, sim, sentar com os sindicatos dos servidores, estabelecer melhorias continuadas e uma nova perspectiva pro funcionalismo.

Palavras ao vento, em campanha eleitoral, como prática da velha política à qual se assemelha o proceder deste jovem prefeito, que não só prometeu uma Pelotas de “cara nova”, mas, também, prometeu na assembleia do SIMSAPEL, em 2013, uma condição salarial melhor a partir de 2014, com estas palavras:

Agora, eu já antecipei ao Sindicato na reunião que tivemos semana passada e reafirmo aqui, diante de vocês, nós queremos estabelecer uma política salarial para o SANEP onde os ganhos da Autarquia, especialmente aqueles que se referem à questão da própria arrecadação, sejam partilhados com os servidores. Ou posso dizer para vocês que no ano que vem nós vamos discutir em cima da inflação e do que a Autarquia tiver efetivamente melhorado em arrecadação para poder repassar aos servidores, ou seja, sem levar em conta a associação com a Prefeitura, com a Administração Direta, porque é um gasto especial da Autarquia e nós compreendemos que isso possa ser feito.

Nada disso está sendo feito, nada disso está sendo cumprido. O prefeito Eduardo Leite esquece as próprias palavras e nega a oportunidade de negociação aos trabalhadores. Alega que não foi procurado pelo Sindicato antes da greve. O SANEP é uma autarquia, portanto tem autonomia para negociar os reajustes dos seus servidores. Quando ficou claro que não haveria avanços por parte da direção do SANEP, o SIMSAPEL encaminhou ofício ao prefeito Eduardo Leite solicitando uma reunião. A resposta foi outro ofício em tom ameaçador, negando a oportunidade de diálogo.

As tentativas de mediação

Houve várias tentativas de intermediação por parte da Federação dos Municipários do Rio Grande do Sul – FEMERGS, que indicavam a possibilidade de melhoria do índice oferecido. Porém, a Prefeitura manteve a porta fechada.

A Câmara de Vereadores buscou, também, intermediar o processo, sem sucesso. Em reunião com o prefeito, no dia 7 de julho, ouviram uma proposta que não apresentou nenhuma melhoria nos índices, apenas o pagamento dos dias parados a serem descontados parceladamente. Essa proposta não foi apresentada oficialmente à Diretoria do Sindicato.

No dia seguinte, os edis presenciaram um espetáculo grotesco em que o Superintendente Administrativo, Nede Lande Santana, portou-se de forma autoritária, não permitindo que a Comissão de Negociação dos Trabalhadores permanecesse completa na sala. Foi permitida apenas a presença do presidente e da vice do SIMSAPEL, que continuaram na reunião, para manter oportunidade de negociação de que dependia toda a categoria. Mesmo assim, manifestaram seu protesto. A reunião seguiu com uma postura desrespeitosa, irônica e intransigente por parte do Superintendente, não só com a direção do Sindicato, mas com os vereadores e jornalistas presentes. Mais uma vez, os números apresentados não convenceram os trabalhadores, que estão cansados de arcarem com os reflexos dos erros de gestão e do sucateamento da Autarquia.

Também houve a tentativa de abertura das negociações, por parte do SINDISPREV-RS – Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência do RS – das Delegacias de Pelotas e Rio Grande, e da FENASPS – Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, cujos diretores vieram de Porto Alegre. Houve uma conversa com o Superintendente Nede Santana, em que os dirigentes sindicais solicitaram uma reunião com o SIMSAPEL e o Diretor Jacques Reydams, que não aconteceu até agora.

No dia 7 de julho, aniversário de Pelotas, os trabalhadores se acorrentaram na frente da Prefeitura, demonstrando a forma como estão sendo tratados na prática. Sem oportunidade de negociação e sendo “castigados” Pelo Governo Municipal, a exemplo do era feito com os escravos que tentavam se rebelar.

No dia 7 de julho, aniversário de Pelotas, os trabalhadores se acorrentaram na frente da Prefeitura, demonstrando a forma como estão sendo tratados na prática. Sem oportunidade de negociação e sendo “castigados” Pelo Governo Municipal, a exemplo do era feito com os escravos que tentavam se rebelar.

As dificuldades dos trabalhadores em greve e a solidariedade

Enquanto o prefeito Eduardo Leite se mantém em sua posição autoritária, os trabalhadores enfrentam muitas dificuldades, por estarem sem salário e sem vale alimentação. Estão sendo distribuídas cestas básicas, a partir de doações de pessoas da população, de trabalhadores do SANEP que não fizeram greve e, até mesmo, de trabalhadores grevistas que não tiveram os salários cortados na totalidade ou que têm outra fonte de renda. Vários sindicatos, federações e centrais sindicais têm feito vultosas doações, sinalizando a unidade dos trabalhadores, não só de Pelotas e Região, mas do Estado e do País.

Uma alternativa encontrada para ajudar a recompor a condição de subsistência dos servidores é uma ação entre amigos, que sorteará uma motocicleta doada anonimamente ao movimento.

O poder

No dia 7 de julho, aniversário de Pelotas, os trabalhadores se acorrentaram na frente da Prefeitura, demonstrando a forma como estão sendo tratados na prática. Sem oportunidade de negociação e sendo “castigados” Pelo Governo Municipal, a exemplo do era feito com os escravos que tentavam se rebelar. No dia 10 de julho, a cidade viu o amordaçamento desses trabalhadores, por conta de uma “visita” da Brigada Militar. Mais uma vez o poder se impõe sobre para calar quem luta.

O que se verifica, hoje, é o sacrifício dos trabalhadores que lutam por salários dignos, por uma Autarquia saudável e por condições de trabalho condizentes com a importância e a responsabilidade que reside em se oferecer água e saneamento de qualidade para a população pelotense. O que se verifica é o esmagamento da parte mais fraca. O que se verifica é o aniquilamento de quem constroi  o SANEP há quase cinco décadas, o que se verifica é a atuação desastrosa de gestores que ”estão” no poder e não respeitam essa história.

É preciso que fique claro que o impasse se mantém por conta do autoritarismo do prefeito, que foi eleito para assumir responsabilidades e encaminhar soluções para os problemas, mas que não está honrando a confiança que o povo lhe dedicou.”

 

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