Diário da Manhã

domingo, 28 de abril de 2024

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SANEP : Salários geram indignação na Câmara

29 janeiro
10:40 2014

Enquanto a população pelotense reclama da constante falta de água em diversas regiões da cidade, os contracheques de alguns servidores do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Pelotas(Sanep) com seus vencimentos no mês de dezembro de 2013 estão dando o que falar nas redes sociais e na Câmara Municipal. Num primeiro momento, os valores assustam e indignam “simples e mortais trabalhadores” e alguns legisladores municipais.

Com a cópia do contracheque de um engenheiro da Autarquia, o vereador Ricardo Santos (PDT), afirmou, que a mesma se queixa de grave situação financeira, mas paga salários de R$ 36 mil somente a um funcionário.

O documento, referente ao mês de dezembro do ano passado, inclui, além do salário mensal; a média de horas-extras de férias, de cerca de R$ 4 mil; mais 50% de horas extras de R$ 4,2 mil; hora-extra repouso remunerado; média hora-extra repouso remunerado férias; gratificação de função; antecipação de férias (vantagem) e abono de férias, entre outros itens, que totalizaram, no último mês do ano passado, cerca de R$ 42 mil.

De acordo com Ricardo Santos, fatos como esse reforçam o pedido de auditoria  do vereador Roger Ney (PP), que considera importante avaliar a situação financeira da autarquia, que, ao final de 2013 sinalizou com sérios problemas para se manter em atividade plena.

A Reportagem do Diário da Manhã pesquisou no endereço http://www.pelotas.rs.gov.br/sanep/transparencia/ e confirmou o valor liquido recebido pelo servidor: R$ 36.346,11. A discriminação do ganho, no entanto, apresenta uma situação dentro do aceitável, haja vista que o servidor em questão trabalha na Autarquia desde o ano 1966, recebe um salário-base de R$ 6.102,00 e um quinquênio de  R$ 3.503,25. As vantagens que fazem o total bruto chegar a R$ 39.381,64 e liquido a R$ 36.346,11 ficam por conta do 13º salário, férias, abono de férias mais 1/3 de férias, dentre outros proventos, constantes no contracheque do servidor.

Ainda no portal transparência, do Sanep, a Reportagem do Diário da Manhã apurou que um motorista da Autarquia recebe salário líquido de R$ 1.483,15; um escrevente, R$ 1.597,58.  Outro engenheiro do quadro recebe salário-base de R$ 6.102,00, mais quinquênio de R$ 2.135,70, gratificação de R$ 2.340,00, que deixam o salário líquido em R$ 9.958,88. Há também salários-base de engenheiros que ficam em R$ 3.363,05 e podem deixar o salário total, líquido, em R$ 5.899,23.  O salário-base de um assessor de gabinete da presidência é de R$ 3.363,05, que acrescido de vantagens como quinquênio pode chegar a R$ 4.079,06, líquido. O portal transparência, do Sanep informa que a Autarquia possui 858 servidores, em diversas áreas.

Anselmo Rodrigues

“Pelotas não pode abrir mão do Sanep”

AnselmoA terça-feira-feira foi mesmo de focos, de todos os lados, no Sanep. Depois do anúncio de que a Autarquia enfrenta uma crise financeira capaz de abalar o desempenho de suas funções junto à população pelotense, a Câmara Municipal tem discutido o assunto em todas as sessões. Até mesmo uma auditoria está sendo cogitada para investigar como a situação da autarquia chegou a tal ponto. Entre os vereadores, um dos que mais defende a autonomia do Sanep é Anselmo Rodrigues (PDT), prefeito de Pelotas por dois mandatos e que chegou a manter tratativas com o Banco Mundial (Bird) em 1998, para um financiamento de R$ 17 milhões a serem empregados na Estação de Tratamento de Água do Canal São Gonçalo.

“Naquela época já se previa o colapso no fornecimento de água para a cidade”, relembra o ex-prefeito. “Fizemos o anteprojeto que resolveria o problema da falta de água por 40 anos ou mais”, garantiu o parlamentar, lembrando que os vereadores que compunham a Câmara naquela época, rejeitaram o projeto. “Eu havia sofrido assédios para privatizar o Sanep, e em vez de receber apoio da Câmara, o projeto foi  barrado”, conta.

Com as manifestações dos atuais colegas, que, inclusive já vetaram a possível taxa de lixo que a autarquia pretendia cobrar para garantir mais recursos, Anselmo Rodrigues se diz mais confiante. “A Prefeitura quer taxar o lixo como solução para a água, mas acredito na negativa desta Casa de não aprovar. O nosso grande problema é a captação, o tratamento e a distribuição da água”, reafirma o parlamentar.

SOLUÇÃO ANTIGA – Para o vereador, a crise do Sanep poderia estar solucionada há 16 anos, quando em seu governo foi apresentado o projeto da ETA do São Gonçalo. “Agora, estão providenciando um empréstimo de R$ 45 milhões junto ao BNDES para uma obra que poderia estar pronta há muito tempo”.

Ainda em seu discurso, Anselmo afirma que Pelotas não pode abrir mão do Sanep. “Há interesses em tentar fazer com que a população aceite privatizar o Sanep”. E pergunta: “sabe-se que o desperdício de água é de 30%. Mas ninguém faz nada. Porque os braços estão cruzados?”, indaga.

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