Diário da Manhã

sábado, 23 de novembro de 2024

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SEGURANÇA : O medo que circula em cinco andares

11 maio
10:59 2015

Alunos de instituição de EAD temem por problemas em espaço de poucas alternativas em caso de emergência

Alunos preocupados, assustados, literalmente “encurralados”. A localização é nobre: o espaço, nem tanto. Tem bons assentos, ar-condicionado, iluminação, mas poucas saídas. Aliás, saída é o que menos existe. Apenas uma. Que é também a entrada do prédio. No primeiro andar. Acima, outros quatro andares, sem nenhuma abertura lateral. Em ambos os lados. A parte frontal, superior, é bonita, envidraçada. Só. Não permite uma saída de emergência.

PRÉDIO no centro de Pelotas tem apenas uma entrada, que é também a única saída; falta de alternativas no quesito saída de emergência preocupa alunos que o ocupam FOTOS:  Alisson Assumpção/DM

PRÉDIO no centro de Pelotas tem apenas uma entrada, que é também a única saída; falta de alternativas no quesito saída de emergência preocupa alunos que o ocupam
FOTOS: Alisson Assumpção/DM

O medo dos alunos remete ao mês de janeiro de 2013. Santa Maria. Boate Kiss. Temem uma tragédia. Anunciada.

“Morremos de medo. Não tem uma saída de emergência. É um curral, no qual a gente entra e não sabe se vai sair caso ocorra algum problema”, diz um aluno do quinto semestre de um curso superior. Uma de suas acompanhantes brinca: “É como se fosse uma igreja: a gente entra e sai rezando”, (risos).

No prédio que fica no calçadão da rua Andrade Neves, bem no centro de Pelotas, funciona um pólo com diversos cursos superiores na modalidade  Educação a Distância(EAD) da Universidade Norte do Paraná, de Londrina, parceira em Pelotas do Instituto Educacional Dimensão, que também oferece alguns cursos técnicos ligados à área da saúde e segurança. Entre alunos de cursos técnicos e superiores, nos turnos da tarde e noite circulam diariamente cerca de 200 alunos no espaço.

Antes, o pólo se localizava na avenida Bento Gonçalves esquina com a rua Marcilio Dias.

“Era mais seguro. Agora, não. Tem gente que somente agora está percebendo o risco que todos nós corremos em caso de algum problema elétrico, um princípio de incêndio, por exemplo”, diz outra aluna. Todos pedem para não serem identificados.

“Também queremos evitar algum tipo de problema na nossa convivência no pólo, sabe como é, né?”, indaga.

A preocupação e o medo dos alunos ganham coro dos transeuntes. A indagação é a mesma: “Como é que pode, como é que os bombeiros liberam um local que só tem uma entrada, que também é a saída, para funcionamento de um estabelecimento que reúne um grande número de estudantes?”, pergunta o aposentado Guilherme Mendes. “Que Deus proteja a todos vocês, meus filhos”, completa.

A preocupação de Mendes ganha eco na voz da comerciária Lorena Ribeiro, 35, técnica em segurança do trabalho. “Os nossos bombeiros são tão exigentes pra certas coisas e pra outras parecem que não estão nem aí, até acontecer uma tragédia”, observa.

OS GESTORES – De acordo com a coordenação e direção do pólo, o funcionamento do mesmo está autorizado, legalmente, e dentro das normas exigidas.

OS BOMBEIROS

No conceito popular, ou leigo, a liberação de um espaço para utilização comercial, principalmente onde circulam pessoas, deve ser precedida de alvará, principalmente dos Bombeiros, atestando a sua segurança. Não é exatamente assim. No caso do Pólo em questão, em funcionamento há cerca de três meses, segundo o major Sandro Euzébio, comandante do Corpo de Bombeiros de Pelotas, o Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio(PPCI) ainda está em processo de análise para sua regulamentação e liberação. Ou não.

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