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terça, 19 de novembro de 2024

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SELENO THERAPEUTICS : UFPel assina seu primeiro acordo de cooperação com empresa estrangeira

23 agosto
08:57 2019

Um novo acordo de cooperação técnica assinado pela Universidade Federal de Pelotas promete encurtar distâncias; mesmo que essa nova parceria seja com o outro lado do mundo, na Austrália. No final do primeiro semestre de 2019, a UFPel assinou um documento inédito, com o qual estabelece laços de cooperação técnica com uma empresa estrangeira pela primeira vez.

O acordo une forças do Laboratório de Pesquisa em Farmacologia Bioquímica (Lafarbio), do Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos, com a empresa australiana Seleno Therapeutics, especializada em desenvolver e produzir fármacos que envolvam o elemento selênio.

Apesar de ter sido trazida para o plano formal há poucas semanas, o acordo é a tradução de cerca de três anos de atividades já compartilhadas entre pesquisadores de ambas as instituições. Os contatos começaram após apresentações de trabalhos em eventos científicos, quando tanto o laboratório quanto a empresa perceberam áreas de atuação afins.

Desde então, membros da equipe da Seleno Therapeutics, que tem sedes na Austrália e na Dinamarca, já estiveram na Universidade Federal de Pelotas para terem contato com a estrutura e as pessoas envolvidas na pesquisa. Além disso, já foram realizados trabalhos em conjunto, que fortaleceram o vínculo entre os grupos e despertaram o desejo em formalizar essa parceria por meio de um acordo de cooperação técnica. “É uma forma de trazer mais impacto para a UFPel, para o programa de pós-graduação [em Bioquímica e Bioprospecção] e aos pesquisadores”, pontua a professora Ethel Wilhelm, uma das responsáveis pela pesquisa, que trabalha no projeto conjuntamente com a professora Cristiane Luchese.

A partir da assinatura, a empresa australiana ficará responsável por fornecer novas moléculas de selênio, que serão encaminhadas para a UFPel, local onde, a partir dessas estruturas, serão desenvolvidas as formulações para, posteriormente, serem testados em animais. “Dependendo do sucesso, aí podemos começar a pensar em testes em pessoas”, explica Ethel.

INICIATIVA INÉDITA

No entanto, a consolidação do acordo de cooperação demandou um trabalho intenso e articulado entre diversos setores da Universidade, afinal este seria o primeiro do gênero envolvendo a UFPel e uma empresa estrangeira. “Tínhamos que entender, inclusive, como funciona o registro de empresas na Austrália”, conta Glênio Couto, servidor do Núcleo de Proteção Intelectual e Patentes, estrutura ligada à Coordenação de Inovação Tecnológica da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação.

As negociações começaram em fevereiro deste ano, para que a assinatura fosse realizada apenas em junho. Nesse meio tempo, foram diversos feitos contatos e um grande esforço de pesquisa na área do direito internacional. Além disso, foi fundamental a colaboração das Coordenações de Relações Internacionais (CRInter) e de Convênios e Contratos, ligadas à Agência de Desenvolvimento Interinstitucional, que, entre outras coisas, possibilitou a tradução das documentações necessárias.

A formalização, por meio do documento, protege tanto a Seleno Therapeutics, que traz para a pesquisa conjunta uma patente já registrada, quanto a UFPel, que poderá ser cotitular em qualquer depósito de patente realizado a partir do desenvolvimento do trabalho. E, caso chegue ao mercado, a Universidade receberá também os royalties advindos do uso.

“Estamos muito felizes com o acordo”, diz Cristiane. De acordo com as líderes do projeto na UFPel, esse acordo trará uma grande troca de conhecimento, visto que a empresa também é formada por pesquisadores. O intercâmbio também será de pessoas, visto que estão previstas ações de mobilidade para ambos os países – Brasil e Austrália.

Há a perspectiva, além disso, de que, como desenvolvimento do trabalho, sejam gerados produtos finais e medicamentos baseados em selênio para o tratamento de problemas de pele. “Não teríamos como chegar ao mercado tão facilmente se não fosse por meio de acordo como esse”, explica o coordenador de Inovação Tecnológica, Vinícius Campos.

PESQUISADORES da UFPel  já compartilham atividades com empresa australiana há três anos

PESQUISADORES da UFPel já compartilham atividades com empresa australiana há três anos

Compostos de selênio para tratamento de dermatites

As pesquisas que serão desenvolvidas têm por finalidade o desenvolvimento de novas formulações farmacêuticas para o tratamento da dermatite atópica, processo alérgico de pele que atinge muito a população infantil. A dermatite atópica, segundo as docentes, não possui um tratamento de grande eficácia, pois tem muitos efeitos colaterais e não atinge a causa da doença. Por isso, só pode ser usado por um tempo limitado.

Novos compostos de selênio têm sido promissores em testes para o tratamento desse quadro, tratando os sintomas sem muitos efeitos adversos e trazendo até mesmo panoramas de cura. O acordo prevê que sejam preparadas novas fórmulas envolvendo o selênio, que serão testadas em animais, para revelar sua eficiência, eficácia e segurança, a partir de uma expertise já garantida pelo grupo da UFPel.

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