Diário da Manhã

domingo, 22 de dezembro de 2024

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Servidor da UFPel é agraciado pela dedicação à reparação da memória negra

01 dezembro
13:29 2022

A sensibilidade para “escavar o esquecido”, como define o servidor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Matheus Cruz, resultou no reconhecimento de seu trabalho, pela Rede Museologia Kilombola. O museólogo e egresso da UFPel recebeu em 7 de novembro, no Museu das Favelas, em São Paulo, a 1ª Medalha pela Reparação da Memória Negra na Museologia, escolhido pelo voto popular.

Condecoração, da Rede Museologia Kilombola, destaca o trabalho desenvolvido na UFPel

O prêmio leva o nome de Neyde Gomes de Oliveira, identificada pela Rede como “a primeira museóloga negra em exercício do Brasil”. Neyde concluiu a sua formação no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, curso considerado inacessível à época à maioria da população, e desempenhou suas atividades profissionais nos Museus Castro Maya.

Apesar de sua produção relevante, os seus aportes, conta o museólogo da UFPel, foram esquecidos pela academia. A condecoração, ao valorizar e reparar a história, busca, assim, destacar quem contribui nessa área para as intersecções entre os saberes acadêmicos e populares.

Representação é um ato político

O servidor da UFPel dedica-se desde 2012 ao projeto que viria a se tornar o Museu do Doce, projeto gerido pela Universidade em edificação do século 19, no entorno da Praça Coronel Pedro Osório. Da história esquecida do espaço onde atua, laboratório para os estudantes dos cursos de História, Antropologia, Museologia e Conservação e Restauro, o museólogo conta que sempre empresta ao trabalho a sua subjetividade e sensibilidade para a representação da realidade negra.

O servidor da UFPel dedica-se desde 2012 ao projeto que viria a se tornar o Museu do Doce

Diversos são os “estremecimentos”, avalia, que proporciona “para a mudança no cenário de compreensão dos referenciais culturais”. Ao contextualizar , por exemplo, as marcas nas madeiras de sustentação, talhadas a machado, Matheus sempre lembra a visitantes e acadêmicos a origem da força de trabalho, escravizada, que sustenta a construção. “Os posicionamentos em museus são políticos. A gente tem que compreender que identidade é um ato político, que os efeitos do racismo são atos políticos. Afinal, a gente trabalha com representação, com ideia da realidade”, explica.

O seu trabalho para a reparação da memória centra-se ascensão dos negros na academia, processo que contribui para a diversidade dentro da Universidade e outras formas de compreender e produzir o conhecimento. O servidor da UFPel atualmente desenvolve pesquisa sobre o impacto da extensão universitária da UFPel no cenário patrimonial de Pelotas. A sua proposta é avaliar o engajamento da população, as contribuições para o turismo e as políticas públicas.

 

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