SETE AO ENTARDECER : “SamBossa jazz” na Fábrica Cultural
Nesta segunda às 19h, show “Xana Gallo Terceto” – rua Félix da Cunha 952. Apresentação com entrada franca
Por Carlos Cogoy
Ela tanto pode estar cantando no Clube Brasileiro em Montevidéu, ou estar em rodas de samba ou no bar “Carioca da Gema” no Rio de Janeiro, quanto participar de shows beneficentes em locais como o Instituto São Benedito, Lar Assistencial Casa de Francisco, banco Madre Tereza de Calcutá, Instituto Lar de Jesus, Casa da Criança Dona Conceição e comunidades da Irmã Assunta. A cantora pelotense Xana Gallo, que será a atração desta segunda no projeto Sete ao Entardecer da Prefeitura, além do destaque em projetos nos quais interpreta composições de Cartola, Lupicínio Rodrigues e Vinicius de Moraes, espontaneamente mantém o senso da arte solidária. Nesta segunda às 19h, porém, oportunidade para conhecer um pouco mais sobre o seu trabalho autoral. Acompanhada pelos músicos Ottoni de León (contrabaixo), e Marcelo Vaz (teclado), ela estará apresentando o espetáculo “Xana Gallo Terceto”. O show encerrará a temporada 2015 do Sete ao Entardecer. Como local, Fábrica Cultural à rua Félix da Cunha 952.
TERCETO – Ela menciona: “A minha identidade musical é voltada para a música popular brasileira. É claro que é abrangente, então: samba e bossa nova. As músicas que estou compondo são um misto de bossa nova, samba e também jazz, pois em casa escuto muito jazz. Defino o estilo das minhas composições como SamBossa Jazz, fica mais fácil, pois não preciso me comprometer somente com uma linha. Quando a inspiração vem, eu deixo vir da forma que vem, livre, sem impor padrões. Já a formação teclado, baixo e voz, como terceto, casou muito bem com o estilo das minhas composições. E vem ao encontro do momento que a arte está vivendo no país e, em especial aqui no sul, quando não é muito bem remunerada. Foi-se o tempo que eu cantava com bandas de nove integrantes. Hoje em dia estou com uma proposta mais enxuta para o show das minhas composições autorais, mas muito prática para pegar a estrada e ir mostrar o trabalho em outras localidades, como Jaguarão, Bagé, Herval, Rio Grande e Porto Alegre. É o que temos feito”.
TRAJETÓRIA – Xana conta que a família tem ligação com a música. O avô foi multi-instrumentista. A mãe ensinou os primeiros acordes de violão, quando ela estava com quatro anos. Nos vinis, Clara Nunes, Vinicius, Maria Bethânia, Chico Buarque e Dorival Caymmi. Aos seis anos ingressou na Escola de Música Beatriz Rosselli, permanecendo por dez anos. E ressalta que foi a “Bela” em 1995. No espetáculo “A Bela e a Fera”, aos nove anos, ela foi a protagonista mesmo estando acima do peso. “Cantei bem feliz para o Guarany repleto. E fui acreditando, cada vez mais, que era capaz de cantar e encantar”, diz. Paralelamente, também teve aulas de canto. Inicialmente com Maria Alice Juguero. No Conservatório com Raquel Pereira de Quadros, Luisa Kurtz, Magali Richter e Jonas Klug.
PALCOS – Aos dezesseis anos ela foi estudar sociologia na PUC em Porto Alegre. E logo cantou em Festival de Talentos da universidade. No ano seguinte, com a ajuda de Gilberto Oliveira, gravou “demo” com seis músicas. Nas férias em Pelotas, primeiras apresentações em bares. Aos dezenove anos, convidada pelo primo Luiz Fernando Gallo, participou de Tributo a Chico Buarque. Em 2006, temporada de seis meses no então Tulha bar. Naquele ano, apresentações em Londres e Berlim. Em julho do ano seguinte, solo no Sete ao Entardecer. O espetáculo homenageava Vinicius de Moraes. Em 2008, show em homenagem aos grandes sambistas. Em 2010, homenagem a Cartola, levada também ao Teatro Renascença em Porto Alegre. Desde 2012, dedica-se a espetáculos de Carnaval, baile de marchinhas e tributos a artistas como Dona Ivone Lara, Ary Barroso e Luiz Melodia.
Compositora
Setenta letras em três anos. A compositora Xana Gallo, influenciada pelo samba, bossa nova e jazz, tem criado músicas que tanto podem abordar sobre a temática negra – na infância sua melhor amiga, menina negra, sofria com o preconceito -, quanto questões como o Alzheimer. Esta convida à reflexão e foi feita para a avó. Entre os autores que admira, menciona Vinicius de Moraes, Chico Buarque, João Nogueira, Aldir Blanc, Noel Rosa e Dona Ivone Lara. Em Pelotas, destaca Possidonio Tavares e Dija. Como sambista, salienta a compositora Janete Flores. “Ela me inspira a ser melhor”, ressalta.
DESTAQUE à composição “Eu não sei dizer tchau”. No festival da Seiva da Terra da FEARG/Fecis em Rio Grande neste ano, a música recebeu duas premiações. Como melhor composição, conquistou o segundo lugar. E o tecladista Marcelo Vaz foi considerado o melhor instrumentista.
AUTORAL – Xana observa: “Na adolescência, compus alguma coisa, depois achei mais interessante interpretar. Porém, há três anos venho compondo muito e estou com produção significativa. Não posso deixar de lado para ficar cantando sempre as mesmas coisas. Às vezes é preciso ‘dar a cara a tapa’ e ver qual a reação do público às composições. Felizmente, algumas têm agradado ao público. E também me falam que as composições têm sido trabalhadas com alunos em sala de aula. Elas não seguem uma única linha, não são apenas de amor”.
DISCO autoral “Mulheres, Sons, Liberdade” (Foto), apresenta a “história negra de Pelotas vista pelo olhar feminino”. São quinze faixas – seis de autoria de Xana – e, além de escolas, asilos, Feira do Livro e Bibliotheca Pública em Pelotas, houve lançamentos em Porto Alegre e Rio de Janeiro. Gravado no estúdio A Vapor e mixado no “Tríade”, o CD foi viabilizado com recursos do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROCULTURA), e pode ser adquirido no Stúdio CDs. No show desta segunda também estará sendo comercializado a R$15,00.