SINDILOJAS : Economista fala sobre perspectivas de curto prazo para a economia brasileira
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, palestrou ontem no auditório do Sindilojas Pelotas. O público formado por diversos lojistas, empreendedores e secretários municipais acompanhou o tema “Perspectivas de curto e médio prazo para a economia brasileira”.
Para chegar ao momento atual, a economista traçou um cenário político e econômico que levou o Brasil a esta situação. Na opinião de Patrícia Palermo, a crise no país em nada tem haver com um problema internacional. Desmistificando isso, ela apontou um tripé com três situações que seriam o cerne do problema: política econômica equivocada, perda de apoio político e exposição da corrupção institucionalizada.
“A gente não criou esse problema de um minuto pra outro, e nem vai sair desta crise de uma hora pra outra”, destacou Palermo. Conforme a economista, a situação econômica do Brasil teve uma mudança de paradigma em 1994, com o Plano Real. “Em 20 anos de Plano Real tivemos metade da inflação do primeiro semestre de 1994. Isso deveria ser comemorado”.
Mas, em 2008, algumas mudanças nos rumos da economia mudaram o norte desta evolução. Buscando estimular a economia interna, frente a uma grave crise mundial, o governo federal lançou inúmeros benefícios fiscais e linhas de crédito, além de estimular a demanda e intervir na economia.
Mas, segundo a economista-chefe da Fecomércio-RS, esta intervenção apenas de estímulo à demanda trouxe um esgotamento da capacidade ociosa (infraestrutura e mercado de trabalho) e tolerância e maquiagem dos problemas (inflação e resultado fiscal). Conforme Palermo, o governo insistiu em estimular um crescimento que não existia mais, gerando um caos fiscal.
NOVO CAMINHO
Para Patrícia Palermo, somente medidas de austeridade poderão salvar a economia brasileira. E a recuperação será lenta. Neste sentido, entende ela, três pontos são fundamentais: um presidente que entenda o problema, uma equipe econômica responsável e um Congresso disposto a aprovar medidas muitas vezes impopulares. “O Rio Grande do Sul é o Brasil um passo à frente.Se não fizermos a reforma da previdência nós teremos um Brasil como o Estado Gaúcho. É amargo, é. Mas a gente precisa tomar certos remédios”, destacou.
O mercado de trabalho, na visão da economista, ainda deve levar um tempo considerável para apontar um processo de recuperação. O varejo, por exemplo, sequer começou a pensar em reagir. “É um momento crítico. Ano que vem não será um ano fácil”, garantiu.
Mudando o tom da palestra, a economista-chefe da Fecomércio-RS traçou um ambiente fundamental para ser aplicado nas empresas enquanto a crise perdura. De acordo com Palermo, é preciso ter um posicionamento estratégico, identificando perdas relacionadas à crise (curto prazo), mas também identificando danos relacionados à estratégia do negócio (longo prazo). “Crises sempre passam. Pense no longo prazo”, destacava uma das telas da apresentação.
Outro ponto fundamental é fazer da equipe de colaboradores a “cara da empresa”, criando um ambiente que proporcione boa remuneração, reconhecimento e desafios. Fazer com que cada funcionário entenda os valores que devem ser passados aos clientes.
Além disso, é preciso entender as necessidades e atender as expectativas dos clientes, proporcionando uma experiência boa. “Manter é mais barato que conquistar”, destacava a lição que demonstra a importância de conduzir um bom relacionamento com os atuais clientes da empresa.
Como última lição, Patrícia Palermo destacou que na dificuldade de aumentar receitas, a alternativa é melhorar as margens. Para isso: foco na gestão, com aumento da eficiência e controle de custos. E, claro, cuidado redobrado com fluxo de caixa, estoques e inadimplência. Aliás, lições que devem ser aplicadas tanto na gestão pública quanto na esfera privada.