SOM NOSTALGIA : Reggae, samba e rock com Mister Pelé
Aniversários, casamentos ou formaturas, Mister Pelé investiu em equipamento para animar festas
Por Carlos Cogoy
Desde os anos setenta ele é referência da sonoridade “black” em Pelotas. Vilson Couto, ou Mister Pelé como é logo identificado, passou dos sessenta anos mas mantém a jovialidade no sorriso. Popular pelas coreografias, em especial a performance como cover de “Jimmy Cliff”, Mister Pelé destacou-se na época de apogeu das festas que lotavam ginásios na cidade. Sobrevivendo como vendedor ambulante, pai de três filhos e avô de cinco netos, ele está chegando numa nova etapa. Após investir em equipamento, divulga o “Som Nostalgia”, opção para a sonorização de festas. No repertório, samba, reggae, rock, boleros, tangos, gauchescos e ritmos caribenhos. São músicas que marcaram as décadas de cinquenta, sessenta, setenta e oitenta. Pelé acrescenta que, além da sonorização, também poderá apresentar o espetáculo coreográfico. Informações: (53) 9153.1148.
DANÇA – Além do trabalho como vendedor ambulante, durante períodos também foi comerciário. E trabalhou na Mesbla, Trilhotero, Renner e Casa das Meias. Entre 1984 e 88, apoiado pela irmã Teresa, residiu na capital paulista. Orgulha-se da medalha que conquistou no então programa do Bolinha da tevê Band, dublando “Reggae Night”, sucesso de Jimmy Cliff, um dos seus ídolos. Também conta que, numa festa black, foi convidado para lecionar dança na Academia Kakabi. Outro contato em São Paulo, aconteceu com o patrimônio da dança black Nelson Triunfo. E Mister Pelé diz que foi reconhecido e incentivado pelo dançarino funk, que ainda hoje é recorrente nos clipes de vários grupos de Rap e soul. Ao retornar à cidade, Mister foi alvo de brincadeiras em festas locais. Ele recorda que o público não dispunha de informação, e estranhava seu estilo de dançar. No entanto, tudo mudou em 1989, quando Rudinei Machado – atual Sambalanço -, trouxe Nelson Triunfo Funk Cia. para show em Pelotas. Desde então, as coreografias de Mister Pelé, fundindo elementos do reggae e soul, tornaram-se atrativo nas festas.
HISTÓRIA – Ele nasceu no bairro Santa Terezinha, mas reside nas Doquinhas. Sorridente, diz que já chegou a dispor de mais de 1.500 LPs. Aos treze anos, ouvia Ângela Maria e Cauby Peixoto nos programas de rádio. Embora o pai tenha falecido, quando o menino Vilson estava com apenas um ano, observa que a música já estava presente. Afinal, soube que o pai tocava violão. Com a chegada da ‘eletrola’ em casa, os discos tornaram-se companhia constante. E Mister Pelé menciona a época de Johnny Nash, Golden Boys, Vanusa e Billy Paul. Na juventude, motivado por James Brown, passou a criar coreografias. Assim, em festas black, já despontava como atração. O apelido foi brincadeira do amigo Fausto, em alusão à Seleção do tricampeonato de futebol. Mister Pelé entusiasma-se com as festas que marcaram os anos setenta. Ele assistia apresentações na tevê, e tratava de desenvolver seus próprios movimentos. Também organizou inúmeras promoções, que marcaram época no anfiteatro do Colégio Pelotense. E, saudoso, lembra da popular discoteca “Apolo Som”, que reunia multidão a cada festa. Havia o “Black Cidade” e uma das referências era o Clube Cultural Depois da Chuva. Nos anos oitenta, promoções a cargo de grupos como “TransaSom” e “Transanegra”. Durante três anos coordenou o Bloco da Lata. E Mister Pelé toca reco-reco, repenique e surdo.
PRECONCEITO é citado por Mister Pelé, recordando a discriminação na escola. Ele estudou até 5ª série, e lembra que os alunos negros eram colocados ao fundo da sala. Também a professora somente oferecia carinho aos meninos brancos.