Diário da Manhã

O menino de Pelotas, Renã Burkert, sonhava ser artista, só que não sabia como e o que fazer. Resolveu ser capoeirista. Mas capoeira era pouco para os sonhos do filho do “seu” Jorge Burkert e da dona Lúcia Gerlach que foi jogar suas curtas pernas para o alto, no grupo de capoeira Filhos da Roda, em 2004. Hoje, aos 26 anos, integra o elenco de um dos mais renomados circos do mundo, o Cirque du Soleil.

A capoeira não era bem o que Renã buscava e em 2007 entrou para o Grupo Tholl onde teve o primeiro contato com a Roda Cyr (Cyr wheel é uma modalidade circense pouco conhecida que começou no Canadá, onde Daniel Cyr pegou na roda alemã, que é como se fossem duas rodas entrelaçadas, tirou uma e ficou a cyr wheel. Com música e dança, cria-se o espetáculo) e a partir daí começou a treinar e se dedicar a esta técnica, tendo suas primeiras lições através de vídeos da internet, pois na época era uma modalidade pouco conhecida no Brasil. “Em 2007 fui trabalhar na escola de circo do Grupo Tholl, de Pelotas, onde fui um dos primeiros brasileiros, junto com alguns colegas, a treinar e desenvolver a modalidade da Roda Cyr, pois percebi que tinha habilidade para aprender a usar o aparelho”, conta Renã.

Renã Burkert

Em 2010, saiu do Tholl e decidiu criar o Grupo Sincronia, que em seguida passou a se chamar Conexão, e ganhar espaço na cidade e região com animações e apresentações do espetáculo Eletro Cirque.

Foi chamado para integrar os shows do Parque Beto Carrero Word, de Santa Catarina, em 2013 onde ganhou visibilidade e intensificou sua rotina de treinamentos sempre buscando evoluir e aprimorar seu número solo.

No ano de 2016 com determinação e dificuldades conseguiu representar o Brasil no Campeonato Mundial de Rodas, em Cincinnati, EUA, conquistando o 5º lugar na modalidade Cyr Wheel e colocando o Brasil como referência no topo da ginástica de Rodas.

Após a participação no campeonato mundial Renã redobrou sua rotina de treinos, pois queria ainda mais. Sempre acreditou que precisava ser o melhor naquilo que se propôs desenvolver e em março de 2018 resolveu participar do teste para o Cirque du Soleil. Foi selecionado para integrar o núcleo de Casting e no dia 19 de junho, último, foi chamado para assinar o contrato com a Companhia. Já no dia 23 de junho Renã, embarcou para a Alemanha para integrar o elenco do espetáculo “Sonor”, com número de Roda Cyr criado a partir de suas técnicas, para ser apresentado em um cruzeiro pela Europa a bordo do navio na MSC Meravigliaem em parceria com o Cirque du Soleil.

Renã sempre acreditou no seu sonho e mesmo achando que ele estava muito distante jamais desistiu de realizá-lo buscando, cada vez mais, o seu melhor desempenho e de valorizar cada passo dado para seu crescimento. Sempre soube agradecer os amigos e familiares que estiveram por perto nos momentos de desânimo e dificuldade, “pois, sem o apoio deles nada seria possível”, ressalta. E lembra-se dos pais, Jorge e Lúcia, da sua fiel companheira, a esposa Débora, da vó Maria e da sogra Erodi, que sempre lhe ajudaram nas horas mais difíceis da carreira. “Vou sentir muita saudade de todos, especialmente do meu filho Arthur”, afirma.

Hoje, realizado por esta conquista Renã agradece a sua cidade e “acredito que Pelotas está no cenário mundial em muita coisa, mas no circo é a primeira vez. Tenho muito orgulho de entrar na história da cidade com um feito que sempre foi meu sonho. Obrigado Pelotas!”

Mesmo sabendo do seu alto grau de evolução nestes últimos anos sempre manteve os pés no chão e muita humildade para agradecer a todos aqueles que lhe ajudaram a subir cada degrau desde o seu início, e toda a vez que vai a Pelotas ver sua família arruma um jeito de visitar seus velhos amigos.