Diário da Manhã

De volta ao formato presencial, o Circuito 2022 do Sonora Brasil Sesc tem apresentações musicais gratuitas marcadas para São Leopoldo, Pelotas, Caxias do Sul, Canoas, Novo Hamburgo e Santa Rosa ao longo do mês de novembro e início de dezembro. A edição deste ano do maior projeto de circulação musical do País traz como tema “Culturas Bantu: afro-sonoridades tradicionais e contemporâneas” e destaca a contribuição dos povos de línguas bantu, unidade linguístico cultural de diversos povos da África negra, para a música brasileira. Para isso, tem como atração o grupo gaúcho Tribo Maçambiqueira, que é formado por moradores de Osório e arredores que, através de sua arte, registraram temas que revelam as paisagens e os costumes do povo negro da região. As apresentações têm classificação livre.

Formam a Tribo Maçambiqueira o tamboreiro e mestre de notório saber, Mário Duleodato; o cantor e compositor Paulinho Di Casa; o Mestre Cau Silva, que faz a ligação dos tambores do litoral com a música regional gaúcha; e o tamboreiro dançante, Gef Lima. Juntos, eles cantam o mar, as devoções, a lagoa, as melodias, o quilombo do Morro Alto e tantos outros temas embalados pelo ritmo do maçambique, uma das manifestações da cultura afro. Pelo Sonora Brasil, o grupo se apresenta junto a Loma Pereira, considerada uma das principais artistas da negritude, com mais de três décadas dedicadas a difundir a cultura do maçambique ao público gaúcho; e Kako Xavier, que tem 28 anos de carreira dedicados à valorização da presença negra no Rio Grande do Sul. Um dos maiores nomes da música regional gaúcha, ele participou do grupo de pesquisa Alabê Ôni contando a história dos Tambores Gaúchos e destacando seu aprendizado sobre o maçambique.

Para além dos espetáculos, oficinas de maçambique também fazem parte do circuito neste ano. Elas são gratuitas e as inscrições podem ser feitas diretamente com as respectivas Unidades Sesc/RS que receberão o projeto. A atividade é aberta para pessoas de todas as idades. Envolve o cantar, o dançar e o tocar, oportunizando uma breve vivência dessa cultura ancestral que tanto contribuiu para a música brasileira.

É dessa forma que, apesar da música ser o elemento central do debate, o Sonora Brasil também busca estimular leituras que possam aprofundar a discussão sobre a influência das culturas de matriz africana no País.  Afinal, aproximadamente 75% dos escravizados africanos trazidos para o Brasil pertenciam a povos de línguas bantu, especialmente vindos da África Central, e a sua influência foi fundamental para o desenvolvimento da cultura brasileira. As primeiras manifestações musicais reconhecidas como origem da música popular brasileira, por exemplo, eram chamadas de “batuque” ou “samba”, palavras de comprovada origem africana, e ocorriam principalmente no ambiente rural, nos momentos de lazer e festejos dos trabalhadores escravizados. E foi com as migrações internas da população negra, escrava, liberta ou livre, que os sambas rurais – como o cateretê goiano, o coco alagoano e pernambucano, o caxambu mineiro, o tambor-de-crioula maranhense, o lundu baiano, dentre outros – também foram ganhando as cidades, incorporando novos elementos e narrativas.

Criado em 1998, o Sonora Brasil é parte integrante da proposta de desenvolvimento cultural e artístico promovida pelo Sesc. Sua proposta é baseada na valorização, preservação e difusão do patrimônio cultural-brasileiro através de apresentações musicais diferenciadas, acústicas e contextualizadas. O projeto incentiva desde manifestações culturais de territórios isolados até novas experiências de fruição de expressões sonoras e musicais, aproximando o público do fazer musical em uma perspectiva ampla e das pluralidades que constituem identidades e diferenças étnico-culturais no Brasil. Ele tem como aspecto fundamental o olhar, a escuta e a valorização das territorialidades, da diversidade e das memórias através de expressões sonoras e musicais.

Há 77 anos, o Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac está próximo da comunidade e das empresas gaúchas em prol do desenvolvimento, da felicidade e da mudança. Em 2022, a atuação em rede é o foco principal, oportunizando mais acesso aos serviços do Sesc e Senac como cultura, esporte, saúde, lazer, assistência e educação. Além disso, com o apoio dos sindicatos empresariais filiados, a Fecomércio-RS oferece ações que incentivam o empreendedorismo e o crescimento dos negócios do setor terciário.

Circuito Sonora Brasil Sesc 2022

Pelotas: Data: 11/11 (sexta-feira) Atividade: Oficina de Maçambique Local: Bibliotheca Pública Pelotense (Praça Coronel Pedro Osório, 103) Horário: 14h

Atividade: Espetáculo com Tribo Maçambiqueira, Kako Xavier e Loma Pereira Local: Bibliotheca Pública Pelotense (Praça Coronel Pedro Osório, 103) Horário: 20h  Informações: Telefone: (53) 3225-6093 / WhatsApp: (53) 99131-3176