SUCESSÃO NA UFPEL : Propostas da Chapa 4 “UFPel Raiz”
O primeiro turno da votação à reitoria da UFPel será dias 23 e 24, e as quatro chapas estão divulgando os projetos no DM
Por Carlos Cogoy
DM – Qual a nominata da chapa, e o motivo pela escolha da designação do grupo, uma síntese que evoca quais princípios e metas?
CHAPA 4 – Somos a UFPel Raiz (Chapa 4), e nos constituímos por uma multiplicidade de vozes, buscando uma Universidade com participação, transparência, democracia, acessibilidade, ações afirmativas e reparação.
Miriam Alves é a primeira candidata negra à reitoria da UFPel. Dentre sua trajetória educacional, é professora do curso de Psicologia da UFPel, e coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas É’LÉÉKO.
Michele Oliveira, é candidata à vice-reitora. Atua como professora da Faculdade de Enfermagem da UFPel.
Fazem parte os professores Gilson Porciuncula, do Centro de Engenharias da UFPel, coordenador do Projeto ProEDAI e Fabiano Rosa, professor, pedagogo, usuário de Libras e atualmente professor do CLC/ UFPel.
Pela composição, percebe-se que buscamos a imediata e efetiva mudança de representatividade, a partir da pluralidade de nossa composição, que nasce pela base dos movimentos sociais.
Nossas propostas foram construídas de forma coletiva pelas múltiplas categorias que constituem a comunidade universitária e externa, com o comprometimento ao enfrentamento das desigualdades.
DM – Como a chapa avalia a atual gestão na reitoria da UFPel?
CHAPA 4 – Percebemos que não há uma democracia efetiva na atual gestão. Citaremos aqui apenas alguns exemplos que compreendemos serem muito problemáticos e inaceitáveis, como: tomadas de decisões previamente nos gabinetes e, mesmo quando utilizados os conselhos, não garantindo democracia plural por conta do aparelhamento; ausência de participação efetiva da comunidade universitária; diminuição de bolsas; falta de transparência sobre orçamento participativo, e ausência de planejamento a médio e longo prazos.
DM – Quais os principais eixos temáticos e propostas para o corpo discente?
CHAPA 4 – Democracia e autonomia universitária, Acesso e Permanência, Ações Afirmativas, Inclusão e acessibilidade, Extensão universitária, Acolhimento e cuidado. São principais eixos que carregam propostas efetivas para estudantes.
Criaremos um dispositivo de efetiva participação nas decisões sobre o orçamento da Universidade; desenvolveremos um programa de acompanhamento pedagógico e psicopedagógico para estudantes em situação de vulnerabilidade social e racial.
DM – Principais eixos, propostas e temas para os servidores técnico-administrativos?
CHAPA 4 – Para tornar os turnos contínuos uma realidade na UFPel, visando a qualificação da atividade meio e fim; e visando as condições de trabalho dos TAEs, iremos retomar o último processo de implementação dos turnos contínuos.
Realizar os estudos indicados para defender os turnos contínuos, inclusive se for necessário, perante o Poder Judiciário.
Temos um programa de gestão que foi criado de forma coletiva e que possui todos os pontos de propostas para todos os segmentos: www.ufpelraiz.com/programa
DM – E para o corpo docente, as principais propostas?
CHAPA 4 – Criar políticas específicas para novos, e aos próximos da aposentadoria, a fim de estimular/manter a colaboração em pesquisa e pós-graduação; construir um núcleo de apoio, a fim de capacitá-los a buscar recursos de variadas formas, ampliando a capacidade de captação de recursos; modificar o modo de avaliação de pesquisadoras(es) para distribuição de bolsas, a fim de gerar equidade na distribuição de recursos e estimular produções mais diversificadas; reaver e abrir a discussão sobre a prova objetiva nos concursos, considerando as especificidades e necessidades de cada curso.
DM – A postura da chapa em relação ao processo eleitoral democrático na UFPel, bem como nas relações que permeiam a comunidade universitária. Compromete-se com a democracia na UFPel? Pretende mudanças, quais? Ampliar a participação nas decisões?
CHAPA 4 – Para materializar uma democracia participativa, iremos assumir outra concepção de participação da comunidade acadêmica. Vamos construir medidas de participação e controle social da comunidade acadêmica.
Investir em ferramentas que propiciem transparência na gestão. Implantar um Orçamento Participativo de fato, enquanto mecanismo de extrema relevância que não pode ser igualado a mecanismos de consulta.
Vamos utilizar, portanto, de reuniões plenárias descentralizadas para fins de prestação de contas, apresentação de metas, planos macros e fazer a escuta da comunidade. Para isso, vamos elaborar um cronograma por unidades.
DM – Em setembro, mês do pleito, quais ações marcarão a mobilização da campanha, para difundir as ideias junto à comunidade universitária? Redes sociais serão determinantes?
CHAPA 4 – Iniciamos nossa campanha após a COE (Comissão Eleitoral das Entidades Representativas da UFPel), ter publicado o regramento do processo de consulta informal, respeitando a democracia e a comunidade acadêmica, conduta que, infelizmente, não foi comum às demais chapas. Nossas ações de mobilização e diálogo com a comunidade acadêmica e externa estão sendo organizadas a partir de reuniões virtuais para apresentação de nosso plano de gestão, e escuta das demandas da comunidade acadêmica; plenárias virtuais abertas, escuta das comunidades, avaliação do processo da consulta informal em andamento; reuniões com as unidades acadêmicas, com cursos, grupos de estudantes a partir de convites e/ou solicitações de agendas; participação em debates organizados pela comunidade; e participação dos debates oficiais organizados pela COE e Junta Eleitoral. Além disso, organizamos um site e páginas em diferentes redes sociais, a partir das quais dialogamos com pessoas e grupos.
DM – A relação com a comunidade através das atividades de extensão será fortalecida, alterada? O que o grupo planeja?
CHAPA 4 – Sim. Compreendemos que se faz fundamental a UFPel estar em direto envolvimento com as comunidades, pensando no povo como sujeito para mudança e da mudança do padrão de desenvolvimento, que é para todos. Viemos da base e temos muitas propostas quanto a esta temática. Uma delas é democratizar o acesso às bibliotecas da UFPel, viabilizando a consulta da comunidade externa ao acervo de livros, físico e digital.
DM – Em menos de dois anos, o Brasil está no terceiro (ou quarto, considerando-se o sr. Decotelli), ministro da Educação, e o ensino público tem sido sistematicamente depreciado e ameaçado. Como a gestão na reitoria se relacionará com essa questão? Mais projeção das atividades da UFPel junto à comunidade, mais presença e articulações em Brasília? O que a chapa reflete sobre essa tensão?
CHAPA 4 – Vamos dialogar com ministérios, órgãos e setores do governo na perspectiva da manutenção e qualificação deste bem público. Da mesma forma, diante de qualquer tipo de ameaças, trabalharemos na defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada. Nossa chapa tem na sua base, na sua raiz, a luta pelo SUS, pelo cuidado em liberdade no campo da saúde mental, ações afirmativas, democracia e autonomia universitária.
DM – Como, à frente da reitoria, a gestão lidará com a redução de orçamento?
CHAPA 4 – Faremos um diagnóstico da situação financeira da instituição já a partir de outubro de 2020, e trabalharemos para que possamos atender as demandas financeiras, os problemas que afetam o nosso cotidiano.
A partir de diagnósticos específicos, definiremos as prioridades, onde será investido o orçamento, e iremos promover de forma participativa um planejamento estratégico, onde serão definidas metas de médio e longo prazo, assim como, serão definidos como iremos captar os recursos necessários para atender estas metas.