Diário da Manhã

sexta, 27 de dezembro de 2024

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TEATRO DE RUA : Festival com oficinas e espetáculos

20 outubro
10:19 2015

Dias 22, 23 e 24, oficinas gratuitas e quatro espetáculos na programação do 1º Festival de Teatro de Rua de Pelotas

Por Carlos Cogoy

As inscrições para quatro oficinas encerram hoje – confira no Box.  Já as apresentações serão sábado no centro histórico: às 15h, Cia. Teatro do Sol apresentará “O Circo dos Palhaços – Gran Circo Pequeno!”, direção de Lóri Nelson e Lara Bittencourt; às 16h “Olha o Santo” da Cia. Caboclos da Cidade, com direção de Hélcio Fernandes; às 17h, “A Farsa do Advogado Pathelin” com a Alecrim Cia. de Teatro, e direção de Carlos Prado; às 18h, espetáculo “Palco de Feiras” com a Cia. Olhar do Outro, e direção de Alexandra Dias. O primeiro festival “Teatrua”, foi idealizado pela educadora e atriz Roberta Alvez, atriz Tatiana Duarte, produtores culturais Francisco “Chico” Maximila e Thiago Rodeghiero. Ao DM, produtores Roberta, Chico e Thiago, abordaram sobre a iniciativa. Programação completa pode ser acessada no Facebook, buscando 1º TEATRUA.

Produtores Chico Maximila e Thiago Rodeghiero

Produtores Chico Maximila e Thiago Rodeghiero

TEATRO DE RUA em Pelotas conforme Chico e Thiago: “É uma realidade, tanto por conta do Theatro Sete de Abril ainda estar fechado, quanto pelos grupos que estão se capacitando e qualificando, em especial como consequência do curso de teatro que começou na UFPel em 2008. Pode ser considerada uma nova etapa, não diminuindo o que já foi realizado. Estamos num momento difícil em relação aos espaços de apresentação. E o festival estimula o teatro que acontece em qualquer lugar. Então, nada mais justo do que tomarmos a rua como palco, o que não desmerece a importância das montagens para casas teatrais”. Para Roberta: “O Festival condensará o que há de melhor na produção local do teatro de rua. De maneira consistente, será visibilidade ao gênero na nossa região. Sem dúvida, estará valorizando essa expressão cênica, bem como poderá motivar novas produções do gênero”.

QUALIDADE – O projeto do festival em Pelotas, informam Chico e Thiago, entre outras experiências, baseou-se no Festival de Teatro de Rua de Porto Alegre, que já alcançou sete edições.  Eles acrescentam: “É importante frisar que, cada vez mais, necessitamos nos apropriar da rua como um espaço de todos. Assim, a exemplo do que já acontece com outras atividades culturais na cidade, o Teatro também precisava ocupar esse espaço”. Em relação aos quatro espetáculos selecionados, eles salientam a qualidade das montagens: “Os espetáculos ‘Olha o Santo!’ e ‘Palco de Feiras’, foram aprovados e receberam financiamento do Procultura municipal. O ‘Palco de Feiras’, inclusive já havia sido contemplado no Procultura Estadual. Já ‘A Farsa do Advogado Pathelin’ resulta de produção acadêmica do curso de teatro da UFPel. E o ‘O Circo dos Palhaços’ é da Cia. Teatro do Sol de Rio Grande, que está em atividade há mais de quinze anos”.

INTERAÇÃO com o público e ambiente, está na essência do Teatro de Rua. Thiago e Chico mencionam: “É um teatro mais próximo do espectador, proporcionando a quem assiste uma sensação de que fez parte daquele momento não só como espectador. A dinâmica envolvida é de maior risco em cena, pois há vários imprevistos que podem acontecer. E o ator tem que saber lidar com isso. Os atores têm que ter o dobro de atenção com o espectador, pois ele é parte da cena. Então, não é a quebra da ‘quarta parede’, pois não há paredes”. Roberta adiciona: “O teatro de rua se caracteriza pela relação diferenciada que estabelece com o público. Tanto na proximidade que colabora pra desmistificar a arte teatral, quanto no que se refere a qualidade desse encontro. No teatro de rua, o espectador, que não se preparou pra ir ao teatro, é atravessado pelo extracotidiano de forma inesperada. Com isso, altera-se a rotina de maneira desconcertante e desafiadora. O teatro na rua interfere no trajeto, na paisagem, nas sensações de quem está transitando, deslocando-nos do lugar comum, produzindo outros olhares sobre a cidade, em relação a nós mesmos e o espaço que vivemos e convivemos.  Além disso, o teatro de rua tem papel importante na relação da cidade com os espaços públicos, já que toma a rua como lugar de ‘estar’. Então,  não só como lugar de passagem. E age modificando, de alguma maneira, a relação das pessoas com o espaço público, mesmo que momentaneamente. Isto provoca exercício de apropriação e novas relações com os espaços nas ruas da cidade”.

Professora e atriz Roberta Alves

Professora e atriz Roberta Alves

CRESCIMENTO – O festival foi aprovado no edital de Apoio a Eventos Culturais da Prefeitura. Com isso, os grupos convidados pela curadoria, receberão cachês pelas apresentações e oficinas que ministrarão. Desde a semana passada tem sido distribuído o Jornal do Festival. No impresso, artigos dos professores Tais Ferreira e Fabiane Tejada (UFPel), e professor Aceves Moreno (Univ. Federal de Ouro Preto). Entre os objetivos, que o teatro de rua também seja debatido na formação em teatro da UFPel. Roberta salienta acerca da consolidação do festival: “Em outras décadas, Pelotas foi referência aos festivais de teatro no interior do Estado. Então tem tudo para consolidar novos projetos, proporcionando espaço à produção e difusão de produtos teatrais. Pela proximidade com as capitais, como Porto Alegre, Montevideo e Buenos Aires, visualizamos potencial geográfico-cultural para intercâmbios teatrais muito ricos num futuro próximo”.

TRAJETÓRIAS – Thiago produziu o espetáculo “Palco de Feiras” da Cia. Olhar do Outro. Chico trabalha com produção, além do teatro, também no cinema e artes visuais. Sua motivação ocorreu no trabalho junto à Cia. Olhar do Outro. Roberta diz: “Minha trajetória no teatro teve início no Teatro de Rua. Em 2007 estive no grupo de estudantes da UFPel que criou a esquete ‘Árvores Asmáticas’. Discutíamos o risco da monocultura do eucalipto para a região.  Naquele ano assisti pela primeira vez a ‘Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz’. Era o espetáculo ‘O Amargo Santo da Purificação’, sobre o líder Carlos Marighela. As experiências motivaram o ingresso na primeira turma do curso de Teatro da UFPel. Inicialmente, o desejo era trabalhar com esse gênero teatral. Durante a graduação, assisti ao Festival de Teatro de Rua de Porto Alegre. E passei a pensar que Pelotas também poderia ter o seu festival. E por aqui começaram a surgir montagens. Entre elas, ‘Palco de Feiras!’, espetáculo que colaborei como assistente de direção, durante a itinerância viabilizada através do Procultura municipal”. A ideia evoluiu coletivamente, e nesta semana estará começando a primeira edição do festival na cidade.

Inscrições para oficinas até hoje

Não há necessidade de experiência, apenas boa vontade e motivação. Quatro oficinas serão ministradas pelos grupos participantes. A inscrição gratuita poderá ser feita até esta terça no site: oficinasteatrua.vai.la

QUINTA das 9h às 13h, “Teatrando na cidade” com Hélcio Fernandes da Cia. Caboclos da Cidade. Na temática, jogos dramáticos para o revezamento de “atuantes e plateia”. E das 14h às 18h, oficina “Teatro do Sol em seus processos criativos!”. Como ministrantes, Lóri Nelson e Lara Bittencourt. A oficina “pretende desenvolver o potencial Palhacesco através das corporeidades individuais, com base em dinâmicas relacionadas ao trabalho de ator e atriz. Assim, a preparação corpo-sensorial e improvisação são os fundamentos principais da oficina. Serão exercitadas, a ampliação das percepções sensoriais, elementos para a organicidade do ator, espontaneidade, entre outros pontos necessários ao treinamento do palhaço”. Às 19h, workshop de produção teatral, com a Cia. Olhar do Outro – sem necessidade de inscrição.

SEXTA das 9h às 13h, oficina de processo de criação com a Cia. Olhar do Outro. Ministrantes: Lumian Noda e Tatiana Duarte. Proposta: “A oficina tem como objetivo compartilhar experiências criativas da Cia. Olhar do Outro, potentes para a composição de um espetáculo teatral. Compartilharemos a metodologia utilizada pelos atores durante a composição do espetáculo ‘Palco de Feiras’. Dentro das propostas-estímulo à criação, estão a improvisação teatral, a musicalização e elementos de plasticidade corporal”. Das 14h às 18h, Cia. Olhar do Outro com “Ação performática na rua”. Lumina e Tatiana observam: “Trabalharemos as formas de interação com o urbano, consigo e o meio. Também espaço de criação, sensibilizando o participante à elaboração e composição. Exercitaremos o movimento entre a performance e o urbano, transitando na sensibilização do corpo e experimentação de ação física no espaço,  servindo como metodologia de criação e composição cênica”. As atividades serão na Secult – Praça Cel. Pedro Osório 2.

 

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