TEATRO : Feminino em cena no planeta “Vênus”
Domingo às 19h e dia 27 às 20h, espetáculo “Vênus” na sala Carmen Biasoli da UFPel – Tamandaré 301. Entrada franca
Por Carlos Cogoy
Colagem de textos com músicas e intervenções coreográficas sobre personagens femininas. Experimento cênico “Vênus”, que tem direção e criação da estrutura dramatúrgica de Gengiscan Pereira. Ele explica: “De Medéia à Teresinha, ‘Vênus’ é o planeta no qual habitam e de onde observamos fragmentos de cenas dos seus contextos e textos originais, com uma nova linguagem cênica. Então, fiz a colagem de textos de peças e literatura, músicas e danças. Porém os textos são de Chico Buarque a Clarice Lispector, passando por Hilda Hilst e Sarah Kane, músicas de Elza Soares e Edith Piaf”. Estudante da licenciatura em teatro na UFPel, Gengiscan criou o experimento para a disciplina “Encenação II”, e foi orientado pelo professor Daniel Furtado. Com duração de setenta minutos, a montagem será exibida dias 19 às 19h, e 27 às 20h. O local é o prédio do curso de teatro da UFPel – rua Almirante Tamandaré 301. Sessões gratuitas, e senhas serão distribuídas com trinta minutos de antecedência.
IDEIA – O jovem diretor explica sobre “Vênus”: “A peça foi criada por duas motivações. A primeira, observando que muitos alunos e pessoas de teatro não conhecem, e não têm contato com textos clássicos e muito importantes para o teatro, para a nossa história. Eu, como um apaixonado por esses textos, e como grande amante do teatro, queria reunir numa peça, obras que me cativam de diversas formas. A segunda é um questionamento que sempre me fiz e não entendia. Sempre achei as personagens femininas mais interessantes, e não entendia o porquê da maioria das histórias terem os personagens masculinos como protagonistas, quando claramente quem conduzia toda a história eram as mulheres. Então, decidi fazer essa colagem, só com as personagens femininas. Assim, seus monólogos e textos, suas visões das histórias. Entendendo que sou homem, e tenho muitos privilégios por isso, não entro pessoalmente nas questões do dia-a-dia da mulher. Porém, a equipe é composta por treze maravilhosas mulheres que dão conta de todas essas questões, e muitas vezes dirigem mais a peça do que eu. A encenação, sou suspeito pra falar, está linda, poética, emocionante. Porém, aviso: com alguns socos no estômago”.
TRANSFORMAR – Para Gengiscan, todo teatro é político, o que não significa a ênfase numa ideologia. Trata-se das ideias, pensamentos e questões da sociedade. Então, escolhas políticas. Ele acrescenta: “Num país de presidente golpista, políticos e cidadãos corruptos, o teatro faz-se, como sempre, uma importante ferramenta de resistência. Enquanto professores de teatro, também temos essa função de abrir os olhos e formar seres pensantes e questionadores, que gostem e incentivem as artes, e tentar evitar comentários como os que observamos nas redes sociais, que chamam a arte de inútil. Apesar das pessoas ficarem cada vez mais em casa, em seus computadores e televisões, o teatro nunca perderá espaço e sempre se reinventará. Pois temos a presença. Temos corpos em ação, ao vivo, na frente do público”.
TRAJETÓRIA – Concluindo o sexto semestre, Gengiscan está chegando à etapa conclusiva da formação. O início no teatro foi no Colégio São José, incentivado pela colega Emili Souza. Nessa descoberta das artes cênicas, ressalta a professora Noris Martinelli e Henrique Giovanini. No colégio, participou das montagens “A Bela e a Fera”, “O Diário da Princesa”, “Mágico de Oz” e “Mary Poppins”. Na UFPel, destaca a participação nos trabalhos: “Máquinas que pensam, que amam e que comem maçãs”, dirigido por Carlos Eduardo Pérola; “Pétalas de papoula”, dirigido por Raíssa Bandeira da Luz; “Pós-Filoctetes”, dirigido pelo professor Adriano Moraes de Oliveira. Atualmente, Gengiscan dedica-se à pesquisa que leva a Drag Queen “Abigail Foster” para o teatro. “Estou numa fase inicial, mas já fazendo experimentações cênicas com ela, e também já sei que será meu tema de conclusão do curso”, diz.
VÊNUS
Direção e dramaturgia: Gengiscan Pereira
Elenco: Dagma Colomby, Janaina Bruna, Patrícia Bicoski, Rafaela Lima e Viv Famil
Coreografia: Taís Arrieta
Sonoplastia: Poly Rocha, Joyce Cruz e Julia Alves
Iluminação: Aline Cotrim
Cenografia: Lorena Moreyra
Figurinos: Laleska Vieira
Maquiagem: Viviane Queiroga
Programação Visual: Jardel Athayde
*Peça não recomendada para o público infantil