TÉCNICOS DO GAUCHÃO : Diário da Manhã traz o perfil dos treinadores do Gauchão 2019
Daqui a 40 dias começa o Campeonato Gaúcho. Uma competição curta – de apenas 11 rodadas na primeira fase. Arrancar mal significa a perda de pontos, que se tornarão difíceis de serem recuperados. Com exceção da Dupla Gre-Nal, que vê o Gauchão – mesmo que seja título possível de ser conquistado – como compromisso secundário e paralelo à Libertadores, os demais times valorizam e compreendem a importância de se manter na primeira divisão estadual.
Mesmo quem tem vaga em competição nacional sabe que o calendário só será regular se continuar na Série A estadual. Toda essa pressão cai em cima, principalmente, dos ombros dos técnicos. Há intolerância se os resultados não forem positivos. O planejamento e o trabalho da pré-temporada não resistem à uma sequência negativa de resultados nas primeiras rodadas.
Grêmio (Renato Portaluppi), Internacional (Odair Hellmann), São José (Rafael Jaques), Avenida (Fabiano Daitx) e São Luiz (Paulo Henrique Marques) acreditam na continuidade. Os treinadores são os mesmos do ano passado. O Gauchão terá quatro técnicos estreantes no futebol do Rio Grande do Sul: Paulo Roberto Santos no Brasil; Diego Gavilán no Pelotas; Pingo no Caxias; e Bolívar no Novo Hamburgo.
O Aimoré aposta em Gelson Conte, que tem uma carreira relativamente longa no futebol gaúcho, mas recebe agora sua primeira oportunidade efetiva na Série A. Resta saber quem será o primeiro a abrir a “dança dos técnicos” no Gauchão de 2019?
BRASIL
A expectativa era que Rogério Zimmermann continuasse no Brasil, depois de operar mais uma façanha, arrancando a equipe rubro-negra do rebaixamento na Série B do Brasileiro. Com a missão cumprida, o treinador resolveu encerrar seu terceiro ciclo no clube. A diretoria buscou um substituto com perfil semelhante ao do RZ: trabalho longevo no São Bento (quase cinco anos seguidos), um currículo de acessos e boas campanhas; e também costuma assumir a responsabilidade das contratações de jogadores.
Paulo Roberto Santos, 60 anos, terá o desafio de remontar o grupo do Brasil – num momento de aperto financeiro do clube – em curto espaço de tempo. Em função da participação na Série B, o Xavante sai em desvantagem na preparação para o estadual em relação aos demais concorrentes do interior. Só irá abrir a pré-temporada no dia 27 de dezembro. Paulo Roberto assume ainda missão de substituir o mito RZ.
AIMORÉ
De volta à primeira divisão, após ser vice-campeão da Série B em 2018, o Aimoré resolveu apostar suas fichas em Gelson Conte. Um treinador que conhece bem o futebol gaúcho, porque foi jogador de times do interior e seguiu pelo menos caminho como técnico. Sua trajetória, porém, que se caracteriza por trabalhos em equipes da Divisão de Acesso. O salto de qualidade é justamente essa oportunidade no time de São Leopoldo.
Conte estava no Gaúcho de Passo Fundo, mas viu o time perder o acesso à divisão intermediária em função de escalar um jogador irregular na Terceirona. Em setembro, o treinador foi contratado pelo Aimoré para substituir Arilson Costa – responsável pelo acesso do Índio Capilé –, mas que caiu durante a disputa da Copa Wianey Carlet.
VEC
O Veranópolis começa sua “safra” do futebol (apenas quatro ou cinco meses por ano) com a missão de se manter na primeira divisão, pois nunca foi rebaixado desde o acesso em 1993 – então comandado pelo atual técnico da Seleção Brasileira, Tite. Com a certeza de que está colocando no mercado mais um jovem treinador, o pentacolor confirmou Sananduva, 39 anos, para dirigir a equipe no Gauchão.
O ex-volante do próprio VEC era assistente técnico de Julinho Camargo no ano passado e assumiu o comando do time nos últimos três jogos. Na ocasião, Julinho foi contratado pelo Juventude.
2018 – A temporada de 2018 foi atípica em relação à permanência dos técnicos no comando das equipes. A primeira demissão ocorreu apenas na quinta rodada e mesmo assim foi do treinador da equipe de transição do Grêmio, César Bueno. A saída dele se deu em função da entrada do grupo principal na competição, com o comando de Renato Portaluppi.
Para que se tenha uma ideia, em 2017, Carlos Moraes foi demitido do Ypiranga logo na terceira rodada. Neste ano teve ainda o caso curioso de Ben-Hur Pereira que ficou do primeiro ao fim no Cruzeiro – mesmo com o rebaixamento da equipe. Os outros que caíram foi Claiton Santos (São Paulo) e Antônio Carlos Zago (Juventude).
PELOTAS
O presidente do Pelotas, Gilmar Schneider, foi arrojado. Enquanto o departamento de futebol anunciava que seria contratado um técnico gaúcho, o dirigente agiu em outra direção: buscou o paraguaio Diego Gavilán, 38 anos, que fará seu primeiro trabalho no futebol brasileiro. Até agora, o ex-volante só dirigiu equipes de seu país: Sol de América, Trinidense. Deportivo de Capietá, Olímpia de Itá e Independiente.
O futebol o Rio Grande do Sul não é novidade para o treinador, que foi campeão da competição pelo Internacional em 2003 e 2015; e pelo Grêmio em 2007. Gavilán terá o desafio de manter o Pelotas na primeira divisão. O que vier, além disso, é lucro. Os áureo-cerúleos sofrem ainda com os traumas do rebaixamento em 2014, pois a permanência na segunda divisão foi longa. O acesso só foi alcançado neste ano. A base do time campeão da Divisão Acesso foi mantida.
AVENIDA
Fabiano Daitx, 44 anos, tem sua imagem confundida com a do Avenida. Se alguém fala do clube, lembra logo do treinador e vice-versa. Se tudo ocorrer dentro da normalidade, Fabiano completará, em abril, três anos ininterruptos no comando do time de Santa Cruz do Sul. Chegou aos Eucaliptos em 2016 para tirar o Periquito da Divisão de Acesso. No Gauchão deste ano, levou o Avenida às semifinais, sendo eliminado pelo Grêmio. E isso que começou a competição como candidato ao rebaixamento.
No segundo semestre de 2018, Fabiano Daitx conquistou o título da Copa Wianey Carlet com uma campanha perfeita: invicto. Ainda de sobra, o Avenida está com vaga garantida na Série D do Brasileiro. Por tudo isso, o técnico é a estrela do time.
CAXIAS
O Caxias não enfrentou problema com treinador nos últimos anos. Desde que retornou para a primeira divisão, em 2016, com o comando de Luís Carlos Winck, o clube grená manteve o técnico para as duas últimas edições do Gauchão. Agora, Winck está no arquirrival Juventude. O escolhido para dirigir o time do Centenário nesta temporada é Pingo, 50 anos, que estava no Brusque.
É a primeira chance de trabalho do treinador no Rio Grande do Sul. É mais um que conhece o que é disputar o Gauchão, pois foi capitão do Grêmio na conquista do título estadual de 1993. Até agora a trajetória de Pingo tem sido desenvolvida basicamente no futebol de Santa Catarina – seu estado natal.
GRÊMIO
O Grêmio venceu a disputa com o Flamengo para contar Renato Portaluppi, 56 anos, no comando da equipe, que irá buscar a sequência da fase iluminada pela conquista de títulos. Desde que o treinador retornou à Arena, em setembro de 2016, o Tricolor levantou quatro taças: Copa do Brasil de 2016; Libertadores de 2017; Recopa Sul-Americana e Campeonato Gaúcho em 2018.
Com Renato, o Grêmio se mantém como o principal favorito à conquista do bicampeonato estadual – mesmo que a prioridade seja a preparação para a Libertadores nos primeiros meses do ano. Como na temporada passada, a equipe de transição estará em campo nas primeiras rodadas do Gauchão, com o comando de Thiago Gomes. Só que em 2018, o time B patinou e o esforço do grupo principal teve que ser redobrado mais adiante para impedir uma improvável eliminação prematura na competição.
JUVENTUDE
Mesmo com rebaixamento da Série B, o Juventude decidiu manter Luís Carlos Winck, 55 anos, no cargo de treinador para 2019. O ex-lateral comandou a equipe caxiense nas últimas 15 rodadas da competição nacional e ganhou apenas duas vezes. Apesar do fracasso, o entendimento dos dirigentes é que Winck não foi o responsável. Ele entrou no lugar de Julinho Camargo, quando o time já despencava na tabela de classificação.
Winck terá a missão de remontar o Juventude, depois da “terra arrasada” que é uma consequência natural do rebaixamento. O tempo é curto, porque o time disputou a Série B até o final de novembro. Na edição passada do Gauchão – com a orientação de Antônio Carlos Zago e Julinho Camargo -, a campanha foi frustrante, com eliminação na primeira fase.
SÃO LUIZ
Paulo Henrique Marques, 53 anos, tem moral no São Luiz. Foi ele o responsável pelo acesso do clube em 2017. Por mérito, ele continuou no clube de Ijuí para a temporada seguinte, com a missão de pelo menos manter o time na primeira divisão. E conseguiu o objetivo novamente. Marques vai agora para a terceira temporada à frente do São Luiz. De novo com uma proposta modesta, mas realista.
Depois do Gauchão do ano passado, Paulo Henrique Marques teve uma passagem pelo Novo Hamburgo na Série D do Brasileiro. O treinador vive seu melhor momento na carreira, com trabalho continuado no São Luiz, depois de ter rodado por muitas equipes inexpressivas do interior gaúcho. Em Ijuí, que ele conseguiu mudar padrão profissional.
N. HAMBURGO
Nas duas últimas edições do Campeonato Gaúcho, o Novo Hamburgo foi treinado pelo saudoso Beto Campos, que faleceu em julho por consequência de problemas cardíacos. Foi com Beto que o Noia conquistou de maneira espetacular o título gaúcho de 2017. Já na temporada passada, a campanha foi fraca – inclusive, com o risco de rebaixamento. Para este ano, a aposta é em Fabian Guedes, o Bolívar, 38 anos, que está dando seus primeiros passos na carreira de técnico.
Como jogador, Bolívar foi um líder e multicampeão. Sua imagem está ainda relacionada ao erguimento da taça de bicampeão da Libertadores pelo Internacional em 2010. Porém, como técnico, sua única experiência é no União de Rondonópolis.
SÃO JOSÉ
O São José tem sido um clube revelador de técnicos. Em 2015, ele colocou no marcado Thiago Gomes. Em seguida, China Balbino assumiu o posto e também se destacou nos estaduais de 2016 e 2017. No ano passado, Rafael Jaques, 43 anos, pegou o bastão para conduzir o Zequinha pelos campos do Rio Grande do Sul. Com trabalho reconhecido, o treinador é mantido para o Gauchão do próximo ano.
Ex-atacante do Grêmio, Rafael Jaques começou sua carreira de treinador nas categorias de base do próprio São José. Com a missão de aproveitar jovens no elenco principal do clube, o técnico foi promovido no ano passado para a disputa da Copa Paulo Sant’Anna. E o resultado não poderia ser melhor: o Zequinha ganhou o título. Nesta temporada, ele colocou o clube na Série B do Brasileiro.
INTERNACIONAL
Odair Hellmann, 41 anos, é a afirmação na geração de novos técnicos do futebol brasileiro em 2018. Seguindo uma tendência da fixação de assistentes no posto principal da comissão técnica, o ttreinador do Internacional foi o único que resistiu a temporada inteira, porque teve resultado. Levou a equipe gaúcha ao terceiro lugar do Brasileiro, recolocando o Inter na Libertadores, depois de três anos.
A renovação de contratado de Odair se tornou um consenso entre as duas chapas que disputavam à presidência do clube. Neste ano, a eliminação nas quartas de final para o Grêmio foi superada pelo treinador, mas agora a exigência será maior – inclusive, de conquista de títulos. O chamado processo de reconstrução faz parte do passado e o Internacional precisa voltar a ser vencedor. Depois de Abel Braga em 2014, Odair foi o primeiro técnico a cruzar um ano inteiro no comando do Colorado.