TJ suspende liminar e Sanep desconta dias dos grevistas
No início do movimento 70% da categoria estava em greve. Esse número caiu, agora, para 45% após a não liberação do vale-alimentação.
Sindicato garante desconhecer teor da decisão, lamenta ações do governo, e mantém mobilização com atos no calçadão nesta sexta-feira.
A greve dos trabalhadores do Sanep – que hoje completa 40 dias – ganhou ontem um capítulo a mais na esfera judicial. E acirrou um pouco mais os ânimos nas relações entre trabalhadores e gestores da autarquia. Tudo em função da decisão do desembargador Leonel Pires Ohlweiler, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que determinou a suspensão dos efeitos da liminar concedida no Juízo de primeiro grau na ação cautelar que garantia o não desconto dos dias paralisados dos servidores.
Em princípio, com a decisão, a direção do Sanep poderá manter o desconto dos dias parados e do vale-alimentação até o julgamento de mérito do agravo.
Até o final da tarde de ontem, segundo Renato Abreu, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais do Saneamento Básico de Pelotas (Simsapel), o Sindicato não tinha conhecimento do teor da decisão do desembargador. Mas sabia da decisão e lamentou bastante.
“É mais uma tentativa do governo municipal no sentido de desmobilizar a categoria, de uma forma que fere a lei de greve e os direitos constitucionais dos trabalhadores, como o direito à alimentação”, aponta o sindicalista, que compara a ação dos gestores aos “piores momentos da ditadura”. Ainda segundo Abreu, as decisões do governo municipal em relação à greve estão prejudicando não apenas a população, mas também as famílias dos trabalhadores. “A gente só tem a lamentar todas as atitudes desumanas do governo municipal em relação aos trabalhadores”, acrescenta.
No início do movimento 70% da categoria estava em greve. Esse número caiu, agora, para 45% após a não liberação do vale-alimentação.
MOBILIZAÇÃO – Por outro lado, enquanto a Justiça não julga o mérito da questão envolvendo a greve, os trabalhadores continuam paralisados. Segundo Renato Abreu, são cerca de 50% dos trabalhadores que estão em greve. E nesta sexta-feira a partir das 9h eles estarão no calçadão da Andrade Neves (Chafariz) numa movimentação que visa fortalecer o movimento grevista. Uma assembleia deverá ser marcada para a próxima semana para avaliação do movimento, assim como definição de novas estratégias.
O IMPASSE entre trabalhadores e gestores continua. Enquanto a categoria pede 12,7% de reajuste salarial e no vale alimentação, a direção do Sanep mantém a proposta inicial: oferece 6,8% de reajuste salarial e 7,7% no vale alimentação, que atualmente é de R$ 383,00. Este mês, os trabalhadores já tiveram o vale cortado. Ou seja: um detalhe a mais para ser negociado ou decidido pela Justiça.
