TRABALHADORAS DOMÉSTICAS : Representantes locais eleitas no 12º Congresso Nacional
Encontro virtual debateu precarização de direitos, saúde, violência e assédio
Por Carlos Cogoy
Lideranças locais estão eleitas para integrar a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD). A deliberação ocorreu durante o 12º Congresso Nacional das Trabalhadoras Domésticas. O encontro foi virtual, e ocorreu entre os dias 12 e 15 deste mês. Em Pelotas, grupo de oito delegadas, um observador e dois técnicos, reuniram-se para participar da programação, cujo tema foi “Trabalhadoras Domésticas em Movimento – Luta e Resistência em Contexto de Pandemia e Trabalho Escravo”. A FENATRAD reúne 22 sindicatos de diferentes regiões do País.
REPRESENTANTES – Para o mandato de quatro anos, houve a eleição para a nova diretoria da FENATRAD. Pelotas está representada. Ernestina Pereira prossegue na direção da Federação. Já Terezinha Medianeira Mendes Ulguim, que preside o Sindicato dos trabalhadores Domésticas de Pelotas, também passa a participar do conselho fiscal.
LUTAS – Ernestina observa que, entre os desafios da categoria, além do enfrentamento à precarização dos direitos trabalhistas, o que tem sido extensivo a diferentes áreas profissionais, está o empenho pela dignidade da trabalhadora doméstica. Ela menciona que, na sociedade, o trabalhador doméstico, que também inclui motoristas particulares, cuidadores de idosos, jardineiros, ainda é tratado com preconceito. A Federação tem flagrado situações nas quais, a trabalhadora que é considerada da “família”, muitas vezes está em situação análoga à escravidão. Portanto, os debates no Congresso Nacional, realizado no fim de semana, abordaram questões como: saúde da trabalhadora doméstica; violência e assédio; direitos trabalhistas; políticas públicas; trabalho análogo à escravidão. Para fortalecer a mobilização e reivindicação pela dignidade profissional, o que remete ao respeito a direitos e remuneração compatível, a FENATRAD atua unida a esferas como a CUT, OIT, ONU Mulheres, Themis Gênero, CONTRACS, Movimento Negro Unificado (MNU), e Confederação Latino-americana e Caribenha de Trabalhadores Domésticos (CONLACTRAHO).
TEREZINHA Medianeira Mendes Ulguim nasceu no distrito de Boqueirão Velho em São Lourenço do Sul. Filha de pai agricultor e mãe doméstica, ela estudou até o quinto ano. Aos treze anos, convenceu o pai, e começou a trabalhar como doméstica. Aos dezenove chegou em Pelotas, onde também trabalhou nas fábricas de conservas. Viúva, educou as duas filhas, trabalhando como doméstica até 2015. Ela recorda que muitas vezes a jornada estendia-se até à noite, pois surgiram demandas dos empregadores, que já não eram propriamente relacionadas à moradia, mas derivadas de atividades profissionais deles. Em Pelotas, participa da direção do sindicato desde 2013.