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segunda, 25 de novembro de 2024

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UCPEL : Modos de existir e práticas de resistência

29 novembro
08:14 2017

Reinventar o direito à cidade é tema de debate no V Seminário de Políticas Sociais no Mercosul

Por Carlos Cogoy

Jesus foi pobre, andou com os marginalizados, denunciou as estruturas de poder religioso e político.  Foi preso, torturado e assassinado. Vítima da violência de estado porque subverteu a ordem. Todo cristão é discípulo de um  prisioneiro político.  A essência do evangelho é a radicalidade do amor. Afirmação do teólogo Henrique dos Santos Vieira Lima que, nesta quarta estará participando do V Seminário de Políticas Sociais no Mercosul (SEPOME). O evento teve início ontem, e está sendo realizado no auditório Dom Antônio Zattera da UCPel. Pastor da Igreja Batista do Caminho, Henrique Vieira também é historiador e cientista social. Ex-vereador pelo PSOL em Niterói, às 14h ele estará participando da mesa “Modos de existir e práticas de resistência: reinventando o direito à cidade”. No debate, sob a coordenação da professora Cristine Jaques Ribeiro (UCPel), também as participações do ex-governador Olívio Dutra, prof. dr. Paulo Peixoto (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra), e arquiteta Cláudia Favaro (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto/MTST/RS). Programação completa do seminário no endereço: sepome.ucpel.edu.br

 

Pastor Henrique Vieira foi vereador pelo PSOL em Niterói

Pastor Henrique Vieira foi vereador pelo PSOL em Niterói

EVANGELHO – Henrique Vieira menciona sobre a religiosidade: “Sou de família evangélica. Desde criança aprendi sobre o evangelho. Tive meu encontro pessoal com Jesus, minha identificação própria com o evangelho. Encantou-me a revelação de um Deus de amor, de ‘graça’, de perdão e de compromisso profundo com os pobres e os oprimidos da terra. Identifico o evangelho como resistência política em favor do bem comum, da Terra e da dignidade humana. Sou pastor da Igreja Batista do Caminho. Igreja que funciona no Rio de Janeiro em Niterói, não possuindo um templo. Igreja pautada na leitura comunitária do evangelho, na Teologia da Libertação, no diálogo interreligioso e no compromisso com os pobres. Pessoas do movimento negro, feminista e LGBT, por exemplo, fazem parte da igreja. Buscamos uma interpretação autêntica do evangelho, resgatando suas origens e buscando atualizações coerentes para o nosso tempo”.

ESQUERDA – Atuando na coordenação do mandato do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) – disputou o segundo turno à Prefeitura carioca ano passado -, Henrique Vieira observa: “Eu me identifico com a esquerda, com o anticapitalismo, com o socialismo pautado nos direitos humanos, nas liberdades e na defesa da Terra, Uma esquerda que se atualiza no tempo, que se constrói a partir dos movimentos sociais e das lutas populares. Sou filiado ao PSOL porque identifico um programa de transformações estruturais para o Brasil. Fui vereador na legislatura passada. Pela primeira vez em Pelotas, participando do seminário sobre políticas sociais no Mercosul, abordarei a questão do direito à cidade. Assim,  contarei sobre a experiência da construção do programa de governo do Marcelo Freixo no Rio de Janeiro. Foi uma construção colaborativa e temática. Também vou falar sobre a questão do conservadorismo religioso como obstáculo à garantia de direitos”.

Democratizar o Rio de Janeiro

Anthony Garotinho, a esposa, Rosinha Matheus, e Sérgio Cabral, ex-governadores do Rio de Janeiro, estão presos. O pastor Henrique Vieira analisa: “A situação do Rio de Janeiro de fato é complicada. Tem relação com estruturas de poder pautadas em grandes negociatas, e numa articulação inescrupulosa entre poder público e privado. Tem relação com uma corrupção estrutural e com a falta de ampla democracia. As saídas têm que se dar com mudanças estruturais, e de cultura política, por meio da ampliação de participação popular, transparência na gestão, prioridade orçamentária para qualificação dos servições públicos. É fundamental também enfrentar os interesses das grandes empresas, que se apropriam do Estado em relações corruptas com governantes, especialmente empreiteiras e empresas de ônibus”.

Henrique no “Conversa com Bial” sobre intolerância religiosa

Henrique no “Conversa com Bial” sobre intolerância religiosa

SEGURANÇA pública é questão crucial na realidade do Rio de Janeiro. Henrique avalia: “A questão da segurança pública não se resolve com políticas de enfrentamento e letalidade, que gera a polícia que mais mata e morre do mundo, que gera e aprofunda um verdadeiro massacre contra a população negra e pobre. É preciso inteligência investigativa, política de prevenção e mediação de conflitos, mapas criminológicos que orientem para ações mais eficazes. É preciso formação em democracia e direitos humanos para os agentes de segurança pública. É preciso dar melhores condições de trabalho e salário aos agentes de segurança pública. É preciso combater seriamente as milícias, desarticulando seu poder econômico”.

DEMOCRACIA – Para Henrique, era “Lula/Dilma” proporcionou avanços sociais. Porém, foram mantidas políticas neoliberais, oferecendo alguns “ganhos à classe trabalhadora”. Como erro, ele salienta a política de alianças. Já a chegada de Temer, decorre de golpe “parlamentar, jurídico e midiático”. Além de ilegítimo, tem atacado direitos da classe trabalhadora. “Acredito que a saída para o Brasil está no aprofundamento da democracia, dos mecanismos de participação popular e na garantia e ampliação de direitos. Um projeto popular: auditoria da dívida pública, reforma urbana e agrária, ampliação de investimentos em saúde, educação, assistência social, segurança alimentar, democratização dos meios de comunicação. Uma agenda mais ousada, que aposte na mobilização popular, que enfrente os grandes temas”.

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