UFPel participará da operação dos 50 anos do Projeto Rondon
Uma experiência transformadora. Assim costuma ser caracterizado o Projeto Rondon, uma iniciativa do Ministério da Defesa. Mudam-se os pontos de vista e as maneiras de ser e estar no mundo – tanto de estudantes quanto da comunidade que os recebe.
Na edição que vai celebrar os 50 anos do Projeto, representantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) terão a oportunidade de passar por essa experiência.
A proposta da UFPel foi uma das 15 selecionadas para o Grupo B da Operação Rondônia Cinquentenário – que atua nos segmentos de Ciência e Tecnologia. De 7 a 23 de julho, duas professoras e oito estudantes da UFPel estarão desenvolvendo ações no município de Presidente Médici, em Rondônia.
O grupo da UFPel terá característica multidisciplinar. Os alunos, que serão selecionados no período de fevereiro ou março, serão os grandes responsáveis pela execução das cerca de 20 oficinas, workshops e rodas de conversa propostos na intervenção em Presidente Médici. Todas as ações foram planejadas levando em consideração as necessidades da região.
A proposta foi encaminhada pelas professoras Luciana Marini Köpp, do Departamento de Engenharia Rural, e Débora Cristina Nichelle Lopes, do Departamento de Zootecnia, ambas da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM). Para propor as ações, as docentes realizaram um levantamento sobre a região, que analisou dados econômicos, agropecuários, culturais, turísticos, além de índices de pobreza e exclusão social. O diagnóstico apresentou ainda a identificação dos principais problemas sociais e deficiências de informações, benefícios, serviços, programas e projetos dos municípios e principais políticas públicas vigentes.
A partir daí, a UFPel criou suas sugestões de intervenção, que giram em torno de temas como Comunicação, Meio Ambiente, Trabalho e Gestão de Tecnologia.
Segundo a coordenadora da proposta, professora Luciana Köpp, a UFPel atua em ensino, pesquisa e extensão e percebe a importância da extensão como inspiradora à pesquisa e dinamizadora do ensino. O aspecto fundamental da experiência no Rondon, observa, é a consciência cidadã. “É uma prática de cidadania, no sentido de se aproximar de uma comunidade carente e enxergar seu papel frente a ela”, destaca. Conforme a professora, o universitário recebe sua formação da sociedade e através do Rondon enxerga como deve retornar a ela – e que tem muito a oferecer. “Eles [estudantes] vêem que o conhecimento que eles trazem não é pouco para aquelas pessoas”. Ao mesmo tempo, a comunidade que recebe os rondonistas identifica neles a possibilidade de também estar em uma instituição de ensino superior e ascender.
Para o coordenador institucional do Projeto Rondon na UFPel, Evandro Piva, a universidade não apenas leva informações à comunidade, mas obtém dela muito conhecimento. “Os alunos voltam completamente diferentes, com visão, entusiasmo e ânimo na atividade acadêmica, pelo exemplo do impacto que a formação tem na vida das pessoas”, pontuou.
A TEORIA VIRA AÇÃO
Realizado em parceria com as Instituições de Ensino Superior, o Projeto Rondon busca somar esforços com as lideranças comunitárias e com a população, a fim de contribuir com o desenvolvimento local sustentável e na construção e promoção da cidadania. O Projeto Rondon prioriza, assim, desenvolver ações que tragam benefícios permanentes para as comunidades, principalmente as relacionadas com a melhoria do bem-estar social e a capacitação da gestão pública. Busca, ainda, consolidar no universitário brasileiro o sentido de responsabilidade social, coletiva, em prol da cidadania, do desenvolvimento e da defesa dos interesses nacionais, contribuindo na sua formação acadêmica e proporcionando a ele o conhecimento da realidade brasileira.
A Operação Rondônia Cinquentenário foi batizada dessa forma marcando a lembrança da primeira operação, realizada em julho de 1967, em Rondônia. Na operação comemorativa, serão 60 rondonistas voluntários de 30 instituições de ensino superior atendendo 15 municípios.
PRESIDENTE MÉDICI
Com uma população de 22,3 mil habitantes, Presidente Médici tem 9,3% de extremamente pobres, 19,39% de pobres e 40,89% vulneráveis à pobreza, conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 2010. O município fica 346 quilômetros distante da capital, Porto Velho.
PRÓXIMOS PASSOS
Após firmar convênio com o Ministério da Defesa, a UFPel irá discutir os critérios que constarão no edital de seleção de estudantes. O documento deve ser lançado entre fevereiro e março. Em abril, a coordenadora da proposta, professora Luciana, fará a chamada “viagem precursora”, durante a qual conhecerá o município in loco e poderá, a partir daí, lançar adaptações e melhorias no projeto inicial.
Os estudantes que forem selecionados para participar da Operação Rondônia Cinquentenário passarão, ainda, por uma etapa preliminar de treinamento e preparação.