UM NOVO NOME, UMA NOVA RUA : A luta pelo reconhecimento histórico
Aprovado por unanimidade o projeto de Decreto Legislativo que altera o nome da Rua Barão de Cotegipe para Rua Luciana Lealdina de Araújo, no Bairro Cruzeiro. O proponente da ação foi o vereador Paulo Coitinho (Cidadania), presidente em exercício da Câmara de Vereadores de Pelotas, que recebeu o material através de um abaixo assinado contendo mais de 700 assinaturas, sob intermediação dos moradores, Carlos Nogueira, e Naile Machado.
“Precisamos valorizar a presença do negro em Pelotas, que através do trabalho escravo, foi essencial para o desenvolvimento do município”, disse. “Buscamos a revisão, o reconhecimento, a valorização, a visibilidade e a resistência, por isso apresentamos a proposta para a troca do nome da rua de Pelotas”, complementa Coitinho.
O parlamentar ressalta a justificativa para a troca de nome através de uma breve apresentação histórica sobre Barão de Cotegipe, que, sendo um político líder da bancada escravagista, Cotegipe foi o autor do chamado “discurso do medo”, durante a sessão do Senado referente a Lei Áurea. Em um discurso oposicionista, que defendia a propriedade privada, Cotegipe buscou direcionar sua fala alertando sobre os riscos de uma possível crise social e econômica, por falta da mão de obra escrava.
“Julgamos necessário essa revisão histórica, que busca dar visibilidade a personagens que deixaram marcas positivas, em prol de homens, mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade social. Pessoas comuns, com histórias que devem ser divulgadas, chegando ao conhecimento de todos”, disse o presidente.
Luciana de Araújo – Conhecida carinhosamente por “Mãe Preta” ou “Mãe Luciana”, foi vítima de tuberculose quando jovem e desenganada pelos médicos. Pela gravidade da situação em que se encontrava, ela fez uma promessa ao seu santo de devoção, São Benedito: caso ficasse curada, ajudaria a construir uma casa para abrigar meninas pobres. Fundou em 13 de maio de 1901 o Asilo de Órfãs São Benedito. No primeiro ano de fundação a instituição contou com 8 recolhidas, no segundo ano contabilizou 12 meninas, em 1906 o número de meninas era de 26 e 1909 eram 28, sendo na sua maioria, meninas desvalidas e negras.
“Homenagear Luciana Lealdina de Araújo é valorizar obras e feitos de uma mulher negra e pobre, que dedicou sua vida à caridade e assistência à infância”. Para o vereador, a troca do nome da Rua Barão de Cotegipe, para Rua Luciana Lealdina de Araújo, apresenta-se como proposta educadora para a comunidade pelotense, buscando também o trabalho com a educação patrimonial, que consiste em um processo educativo,
envolvendo não só a educação escolarizada, bem como, a comunidade local, famílias, autoridades e outros sujeitos, tendo a função de levar conhecimento, apropriação, valorização e preservação sócio histórica e cultural, seja de forma individual ou coletiva, corroborando para a prática da cidadania