UNIDADES DE SAÚDE : Alunos de Medicina atuam voluntariamente
Ela e mais outros colegas contribuem voluntariamente com atendimento presencial e telefônico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) durante o período que transcorre a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Ana conta que estava finalizando o Estágio em Medicina da Família quando as medidas de prevenção passaram a ser implementadas com maior rigor na cidade. “A UBS é a porta de entrada para os atendimentos, e nós sabíamos das demandas. Era necessário manter a equipe organizada e à disposição da população”, afirma.
O sentimento é compartilhado pela estudante do sexto ano, Lilian Turela, cuja motivação em ser voluntária veio ao constatar que, ao invés de estar em casa, seria mais útil dentro da UBS, fazendo a diferença na vida da comunidade. “Estou quase me formando. Não vou me omitir de ajudar as pessoas, que é algo que estou sendo preparada para fazer”, acredita.
Uma nova rotina
Com 20 e poucos anos, as jovens não recordam como algo marcante o surto da H1N1, em 2009. Porém, agora, precisam enfrentar diariamente um inimigo ainda mais perigoso. “Quando escolhi fazer Medicina, soube que estaria exposta a qualquer tipo de situação, mas nunca pensei que passaria por uma pandemia ainda durante a graduação”, comenta a acadêmica Natália Tissot, também pertencente ao último ano do curso.
As estudantes Natália, Ana e Lilian relatam que as últimas semanas foram de mudanças nas UBS administradas pela UCPel: o número de pacientes diminuiu; o álcool gel tornou-se item indispensável no balcão de atendimento e nas pias de cada consultório; as consultas de rotina previamente agendadas sofreram cancelamento e os médicos passaram a atender com Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como máscaras, óculos e luvas.
Algumas unidades conseguiram retirar as cadeiras dispostas nas salas de espera, a fim de delimitar com fitas vermelhas a distância de dois metros entre as pessoas. Pacientes com sintomas respiratórios são separados daqueles que não precisam de atendimento de urgência. Os relatos correspondem a UBS Py Crespo, onde Natália atua voluntariamente, e a UBS Areal I, onde Ana e Lilian comparecem a cada dia.
TeleCovid
Uma novidade foi a implementação do serviço de teleatendimento, disponibilizado desde o dia 23 de março, sob liberação excepcional do Conselho Federal de Medicina (CFM). “São demandas simples, muitas vezes somente esclarecimento de dúvidas, sendo fáceis de resolver por via telefônica”, explica Natália. A medida adotada é mais uma que visa evitar aglomerações dentro das unidades. Nas últimas semanas, o movimento nas UBS chegou a diminuir entre 40% a 80%.
O funcionamento, segundo Lilian, ocorre a partir de uma avaliação do paciente, desde seu histórico, incluindo idade e comorbidades, até os sintomas apresentados, com atenção especial para febre e falta de ar. “Fizemos uma tabela para avaliar a evolução de cada caso, monitorando em 12, 24 ou 48 horas”, comenta.
A acadêmica conta que acompanhou, através do telefone, o caso de um senhor com sinais de uma forte gripe. “Ao ligar, ele pareceu bem consciente de que precisava ficar em casa, em isolamento social. No dia seguinte, quando retornei a ligação, ele se sentiu cuidado, assistido, mesmo a distância”, relata. Em breve, as UBS também devem oferecer atendimento através de videoconferência.