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sexta, 27 de dezembro de 2024

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Valesca Athaides é a nova diretora do Theatro Sete de Abril

10 outubro
18:53 2013

Experiência e conhecimento técnico na implantação e logística de casas de espetáculos apontam a produtora cultural como a pessoa ideal para ocupar o cargo.

obras sete de abril - alissonDesde o dia 16 de setembro de 2013 a produtora cultural Valesca Pereira Athaides assumiu a direção do Theatro Sete de Abril, cujo prédio histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está em reforma, com recursos federais, mas continua a promover atividades, como o projeto Sete ao Entardecer. “Fico muito feliz de retornar à administração do Sete de Abril, ele simboliza a essência cultural desta cidade, configura o amor que os pelotenses têm pela arte”, diz Valesca, que já esteve na direção do theatro em 2005, no primeiro ano do segundo mandato do prefeito Bernardo de Souza.

No mesmo ano, ela ajudou a constituir a orquestra da Sociedade Pelotense Música pela Música (SPMM) e nos oito anos seguintes, a convite da Opus Promoções, organizou a operação do Teatro do Bourbon Country, primeiro no Brasil de alta lotação situado em um shopping center, e assumiu a gerência da casa – foram 728 eventos em cinco anos, entre eles palestras, convenções, jantares, eventos corporativos e centenas de shows, tanto internacionais, com cantores e bandas consagradas como Whitesnake, Cyndi Lauper, Companhia Antonio Gades; nacionais, como Marisa Monte, Lulu Santos, Rita Lee, Ney Matogrosso, Maria Rita, Titãs, Gal Costa; e espetáculos protagonizados por artistas renomados nacionalmente, como Bibi Ferreira e Marília Pêra.

Assim que assumiu a direção do Theatro, Valesca estudou o projeto da restauração completa do Sete de Abril, feito pelo arquiteto Fabio Caetano, da Secult. “O projeto está mesmo muito bacana, admiro muito o trabalho do Fábio, só que existem detalhes que só quem vivencia o dia a dia de uma casa de espetáculos está atento, coisas que somente um produtor cultural ou um artista vão pensar”, argumenta. Por isso, confidencia, está confiante de que trará importantes contribuições para questões práticas da obra.Além disso, Valesca atuou na implantação ou reforma de seis teatros em diversos estados brasileiros – Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Norte; o último foi o Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre – trabalhando na sua operacionalização, escolha de equipamentos, construção das normativas e, sobretudo, definindo questões da logística cênica. Por anos Valesca acompanhou as instalações cênicas e também integrou um grupo de consultoria técnica, voltado à manutenção e à logística operacional de teatros e casas de shows.

A longa experiência no backstage, como produtora, e encima do palco, como bailarina e atriz, prepararam Valesca a buscar soluções prévias e adequações que facilitam o trabalho nos espaços cênicos, desde a carga e descarga do material utilizado nos shows/peças até o conforto e tranquilidade dos artistas, detalhes que interferem diretamente na qualidade das performances. “O tempero está aí”, aposta, “entre a organização cênica e o conhecimento técnico e administrativo, mas é preciso atender os dois lados, o da empresa e o do artista. Não é frescura. É importante conhecer e respeitar os artistas e proporcionar o que eles precisam. Se a atriz precisa de meia hora de silêncio para se concentrar antes de uma apresentação, ela deve ter isso. Não é um luxo, é um direito que deve ser respeitado”.

A nova diretora do Sete de Abril destaca que a explosão da internet teve por consequência uma completa mudança de comportamento, em todas as áreas, inclusive na cultural. A facilidade de acesso a informações e conhecimentos levou, na opinião dela, a um reposicionamento mundial no que tange ao entretenimento e à cultura, obrigando os profissionais das mais diversas áreas – música, literatura, teatro, dança, artes visuais, etc. – a se adaptarem e reciclarem. “Entretenimento e cultura são duas coisas bem diferentes. Em geral as pessoas vão a shows para ver e serem vistas, enquanto que a cultura nos abastece, nos traz conteúdo, mexe com nossas referências estéticas”, considera.

Valesca conta que muitos dos artistas que iam fazer shows ou apresentar peças no Teatro do Bourbon Country tinham acabado de passar por Pelotas. Assim que sabia que haviam estado no Município ela disparava: – Estiveste na minha cidade! Como foi? Ela conta que quase todos não poupavam elogios. “Talvez a população não se dê conta, mas a nossa plateia é especial. Os artistas adoram se apresentar em Pelotas porque a receptividade do público é sempre muito calorosa”, revela.

Valesca Athaides observa andamento das obras – Foto: Eduardo Beleske

Sete ao Entardecer em novo formato

Uma das primeiras ações da nova diretora do Sete de Abril foi modificar o formato dos shows do projeto Sete ao Entardecer, que ocorrem todas as segundas-feiras, com entrada franca para a população. Valesca diz que, como a maioria das apresentações são realizadas na Bibliotheca Pública Pelotense (BPP) – algumas são em bairros -, sentiu a necessidade de que os shows fossem mais intimistas, daí a proposta de fazê-los em versão acústica, sem instrumentos elétricos. A primeira experiência neste formato será nesta segunda-feira (14/10/2013), às 18h30, com o Duo Antique.

Boletins periódicos da obra do Theatro

Acompanhando regularmente a reforma do Theatro Sete de Abril, Valesca pretende divulgar, com a colaboração do arquiteto Fábio Caetano, boletins periódicos informando as últimas ações no andamento da obra. “É muito importante que a população tenha acesso a essas informações, que saiba o que já foi feito e o que vem a seguir. É um direito que as pessoas têm e contribui para aproximá-las do Theatro, que é de todos nós”, observa.

Sobre a Amasete

“Os integrantes da Associação Cultural Amigos do Teatro Sete de Abril são nossos anjos da guarda. É muito bom poder contar com eles!”, diz Valesca.

O primeiro nome pensado

A secretária de Cultura Beatriz Araujo diz que, assim que Ana Elisa Kratz pediu exoneração da direção do Theatro, Valesca Athaides foi o primeiro nome que veio à sua mente, em razão da experiência e do know-how que ela tem na área. “A Valesca é muito qualificada para o cargo, competente, dedicada e muito exigente… É uma técnica que não tem preocupação em ser simpática, mas eficiente. Eu já conhecia a Valesca, trabalhamos juntas da década de 1980, quando ela estava começando, e em 2005. Ela se sensibilizou com a situação e sabia que era a pessoa adequada sobretudo para o momento atual do Sete. Quando aceitou o convite para assumir a direção do espaço, ela se apropriou do projeto de restauração, passou a acompanhar sua execução e já fez várias sugestões relevantes, que só vão agregar à funcionalidade do Theatro. Para mim é uma tranquilidade saber que ela está a frente do Sete de Abril, tenho plena confiança na Valesca. É um ganho excepcional para o Theatro”, avalia Beatriz.

Ana Elisa: sentimento de missão cumprida

Ana Elisa Kratz, que esteve na direção do Sete de Abril do começo da atual administração até o início de setembro, conta que pediu para sair por motivos pessoais, “não tinha a disponibilidade que o cargo exigia”, mas assegura que deixou o posto com a consciência tranqüila. “O mais importante, que era garantir a captação dos recursos necessários para a restauração completa, foi alcançado e a obra está em andamento. Posso ir descansada, com o sentimento de dever cumprido”, argumenta. Ana Elisa se diz muito contente em ter Valesca como sua substituta. Elas já tinham trabalho juntas em 2005, justamente na direção do Theatro. “O amor que temos pelo Sete de Abril é o mesmo. Foi um excelente achado da Secult”, garante. Atualmente, Ana Elisa trabalha para que a Sociedade Pelotense Música pela Música (SPMM), que ela coordenou por anos, retome as atividades o mais depressa possível. “A orquestra ia parar por dois meses, para a recuperação do telhado do espaço em que ocorrem os ensaios e já tinham se passado sete meses. Agora estou dando expediente lá o dia inteiro para recuperar o tempo perdido. Há muito o que fazer”, informa.

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