VAREJO : Crise do setor atinge Pelotas e lojas fazem grandes liquidações
Por MARCELO MEDEIROS ROTA
O setor do varejo, que até 2013 foi beneficiado por políticas de ampliação do crédito, sente o peso da crise financeira que assola o País. Na cidade a situação não é diferente.
Segundo a direção do Sindicato do Comércio Varejista de Pelotas (Sindilojas Pelotas), o número de lojas fechadas na cidade neste início de 2016 supera em 20% o volume médio registrado no mesmo período dos últimos anos. Para compensar o arrefecimento do mercado e do consumo, os estabelecimentos comerciais já começam a realizar grandes liquidações que chegam a até 70%. Segundo o sindicato, os lojistas têm dificuldades em arcar com as despesas fixas – salário, aluguel, energia elétrica etc.
O dado desalentador sobre o fechamento de lojas na cidade – 20% maior do que a média dos anos anteriores para o mesmo período – reflete-se principalmente no setor de bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos. Mais dependentes da disposição de créditos e financiamentos para os consumidores, o setor está vendo uma grande redução no volume de vendas. Segundo o Sindilojas, os estabelecimentos menores, com até três funcionários, sentem ainda mais os reflexos da crise.
Já no início de 2016, o Rio Grande do Sul perdeu 16,4% dos seus estabelecimentos, atrás apenas do Espírito Santo (18,5%) e do Amapá (16,6%). 2015 foi um ano recordista, em que 95,4 mil lojas fecharam as portas no Brasil, e 2016 apresenta uma perspectiva muito negativa.
O JEITO É QUEIMAR O ESTOQUE
Em Pelotas, apenas em janeiro, as vendas caíram 4% com relação ao mesmo mês de 2015, ano em que a circulação recuou 8,3% em relação a 2014. Com o baixo volume de vendas, os estabelecimentos ficam com o estoque de produtos inchado e que, com muitas contas a pagar, precisa ser liquidado. A maior parte dos descontos varia de 30% a 50% e em alguns estabelecimentos chega até mesmo a 70%.
Apesar dos muitos descontos oferecidos nas lojas, neste ano não haverá o Liquida Pelotas, assim como em 2015. No entanto, lojistas de outras cidades apostam na divulgação integrada das liquidações para vencer a crise. O Centro de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, por exemplo, tem a expectativa de que as vendas superem em 20% o volume do Liquida Porto Alegre de 2015.