Variante P1 foi identificada em 100% de amostras em Pelotas
Pesquisa avaliou o período entre os meses de abril a junho deste ano. A variante Delta ainda não foi encontrada no município
A Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), após pesquisa de rastreamento genético do vírus SARS-CoV-2, realizada junto à Unidade de Diagnóstico Molecular Covid-19 do Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), concluiu que, entre os meses de abril e junho de 2021, a variante P1 do coronavírus – conhecida como Gama e registrada pela primeira vez em Manaus (AM) – foi identificada em 100% da amostragem analisada dos casos positivos em Pelotas. Ainda não foram encontradas amostras referentes a variante Delta no município.
A avaliação foi feita na população do município que recebeu o diagnóstico positivo para a doença por meio dos testes RT-PCR e de antígeno. Em um universo de 21 mil diagnósticos já realizados, foi feita uma amostragem representativa baseada no número de casos positivos por mês, totalizando mais de 500 amostras, oriundas da SMS, entre outubro de 2020 e julho de 2021. Vale ressaltar que a análise dos exames foi do laboratório do HE-UFPel em colaboração com o Lacen/RS.
Em outubro de 2020, na amostragem realizada, foi identificado que o SARS-CoV-2 genoma referência de Wuhan (China), também chamado de vírus selvagem ou variante nativa, foi o responsável por cerca de 95% dos casos positivos. A partir desse mês, foi detectada a entrada da variante P2, conhecida como Zeta e encontrada primeiramente no Rio de Janeiro (RJ), que representou os 5% restantes. Em novembro, o percentual da Zeta subiu para 34%. Já em dezembro, ela chegou a 50% das amostras.
Em janeiro de 2021, a Gama foi registrada pela primeira vez. O surgimento se deu de maneira discreta, e representava entre 4 e 5%. No mês de março, ela começou a se mostrar predominante à P2. Já entre os meses de abril, maio e junho deste ano, os pesquisadores da UFPel não conseguiram mais identificar outras variantes que não fossem a Gama. Isso significa que, desde abril, ela está predominando em Pelotas.
Próxima etapa avalia circulação da variante Delta
De acordo com o coordenador do laboratório, o professor e gestor de Ensino e Pesquisa do HE-UFPel, Tiago Collares, a próxima etapa da pesquisa é observar como se dará a circulação da variante Delta (anteriormente chamada de variante indiana) do coronavírus no mês de agosto. Isso porque, nesse momento da chegada das baixas temperaturas, há muita movimentação de gaúchos fugindo do frio e, ao mesmo tempo, de pessoas de outras cidades vindo para o sul. Isso acaba por causar a movimentação de variantes do coronavírus, gerando preocupação.
Tiago também detalha que o objetivo da pesquisa é analisar as infecções diagnosticadas e as variantes causadoras delas na cidade. Dessa forma, não se avalia a relação com óbitos ou o desenvolvimento da Covid-19. Ele explica que o estudo é feito a partir de uma amostragem representativa dos casos positivos a cada mês em Pelotas, através de análise de uma amostra que representa 2,5% dos exames feitos mensalmente.
“É preciso ressaltar que apenas exames do tipo RT-PCR e de antígeno são objeto de estudo da pesquisa na categoria amostral de positivos, ou seja, exames de anticorpos não são considerados e analisados em virtude da vacinação”, esclarece o pesquisador.
O monitoramento, segundo Tiago, é necessário para observar a chegada das variantes e como elas vão se comportar no município. Nos próximos 60 dias, será feita a expansão da vigilância genômica, buscando elucidar de que forma e em qual momento se dará a circulação da variante Delta. “Mas, em algum momento ela vai aparecer no município e precisamos ter medidas de contenção de disseminação planejadas”, defendeu o também professor.
“A parceria com o laboratório do HE-UFPel tem sido muito importante desde o início da pandemia, quando faziam as análises dos exames do tipo PCR dos pacientes internados e, assim, nos permitiu um melhor manejo dos leitos disponíveis. Agora, já em outro momento dessa crise sanitária, a parceria continua, em outra questão fundamental: o monitoramento das variantes circulantes”, ressaltou a secretária de Saúde, Roberta Paganini.
Não existem mecanismos para prevenir a entrada das variantes do coronavírus na cidade. No entanto, a Prefeitura está monitorando a situação, em colaboração científica com o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, a fim de desenvolver políticas públicas para prevenção da disseminação do vírus.