VIDEODANÇA : “BAHtucada” apresenta percussão e sapateio
Nos movimentos de Ederson Vergara, a arte que transita entre o campo e a cidade
Por Carlos Cogoy
Artifício, arte, artéria/ No sangue o pulsar da dança/ Em meu corpo ele é matéria/ Em minha alma esperança/ Os sons que personifico em batucada, batida, pleonasmos, simbioses/ numa gradação sentida/ E a vida ganha outro rumo/ Me levando mais além/ Metade de mim é dança/ A outra metade também. Alguns dos versos do belo poema de autoria do premiado letrista e escritor Carlos Eugênio “Vacaria” Costa da Silva, que integram o vídeo “BAHtucada”. Em quase nove minutos, a produção de videodança foi idealizada, dirigida e interpretada pelo coreógrafo, dançarino, e professor pelotense Ederson Vergara. O trabalho que mescla referências campeiras e urbanas, foi um dos dez selecionados, entre quase setenta inscrições, para a programação da 1ª Mostra Cultural Virtual da Associação dos Amigos do Theatro Sete de Abril (AMASETE). A gravação teve gravações em locais como o Trapiche no Laranjal, e Mercado Público. Para assistir, o vídeo pode ser acessado em canais do Youtube: Associação Amigos do Theatro Sete de Abril; Ederson Vergara.
VIDEODANÇA “BAHtucada” conforme Ederson: “O BAHtucada é um trabalho desenvolvido dentro do curso de dança da UFPel. Um dos últimos componentes curriculares é a Montagem de Espetáculo 2, onde devemos desenvolver e apresentar um espetáculo. Foi para essa cadeira que criei o BAHtucada. Inicialmente seria um espetáculo presencial, com público, elenco e num palco de teatro, mas a pandemia mudou o projeto, e ele passou a ser um espetáculo de vídeodança comigo de intérprete-criador. A partir da mostra da UFPel, onde o BAHtucada estreou, eu passei a investir em divulgação através de redes sociais, como o @BAHtucada no Instagram, onde tem fotos e materiais da obra, e posteriormente coloquei no YouTube”.
ARTE GAÚCHA – O sapateio com as botas no campo, ou com os pés descalços à beira da lagoa, ou calçando Alpargatas numa faixa para pedestres, a percussão no bombo leguero, ou na cuia do mate, e por que não na garrafa térmica? O estudo sonoro que dialoga com silêncios, embala os movimentos, numa estética genuína e aberta. Assim, tradição e contemporaneidade, não são antagônicas, mas convergem esteticamente. “A ideia é brincar com sons, sapateios e percussões diversas, pensando na pluralidade da figura do gaúcho. Isso está extremamente vinculado à minha formação artística, e meu repertório, vindos do ambiente tradicionalista gaúcho. Mas o BAHtucada não trata de danças tradicionais gaúchas, são extraversões do homem gaúcho”, explica Ederson. Na equipe: prof. Thiago Amorim (orientação e supervisão técnica); Ateliê de Costura Vanessa Brites (figurino); Renata Antunes e Vanessa Brites (maquiagem); Alci Vieira Jr (produção musical e arranjos); Beliza Gonzales (produção e identidade visual); NAVARRINA (filmagem e edições). Apoio: D. F. Gesso; Agro Líder Máquinas; Ricardo Oliveira CTG Os Farrapos; Vanessa brites; Marcenaria Pratí móveis; Silva & Doro Transporte e Logística.
TRAJETÓRIA – Professor de danças do CTG Os Farrapos, e do DTG Caminhos da Tradição, com a pandemia Ederson ficou sem renda. Ele tem se mantido como bolsista do Núcleo de Folclore (NUFOLK/UFPel), e os editais para artistas. Ligado à dança gaúcha desde os treze anos, especializou-se como coreógrafo. Ele conta que, antes da interrupção das atividades, elaborava mais de cinquenta composições por ano, trabalhando em diferentes regiões do Estado. “No ano de 2011 conquistei junto ao CTG Os Farrapos, o segundo lugar na melhor Entrada no Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (ENART). Depois de alguns anos, em 2015, com uma coreografia em parceria com a coreógrafa Priscila Freitas, obtive a premiação de terceira melhor Saída do ENART. Este troféu foi para o CTG Cel. Thomaz Luiz Osório. E, por fim, em 2019 conquistei o segundo lugar de melhor Saída do ENART ao lado do PTG Bocal de Prata, da cidade de Osório”, acrescenta.