VIDEODANÇA : Desconstrução de estereótipos nas coreografias de “Brecha”
Nesta quinta às 20h no Youtube, estreia do espetáculo “Brecha”
Por Carlos Cogoy
Deivid Viegas, Felipe Thofehrn, Janiel Bitencourt e Marlon Costa, são os intérpretes-criadores que atuam no projeto “Brecha”. O espetáculo em “videodança”, com duração de sete minutos, tem direção e produção de Helena Thofehrn Lessa. Ela explica: “Com inspiração no feminismo, e com o desejo de formar um elenco de bailarinos composto por homens, o título do projeto acentua a vontade da equipe: abrir espaço para sensibilizar, reconhecer, problematizar e transformar pensamentos e atitudes machistas impostos em nossa sociedade”. A estreia acontece nesta quinta às 20h, no canal do coletivo NOZ Audiovisual no Youtube. O link para acesso direto à estreia, também será disponibilizado no perfil @brec.h.a no Instagram.
QUESTIONAMENTO – Há dezessete anos em Pelotas, a lourenciana Helena Thofehrn Lessa cursou fisioterapia na UCPel, e dança na UFPel. Mestra e doutora em educação física, ela atua como professora de dança, bailarina e fisioterapeuta. Na trajetória, conforme acrescenta, tem desenvolvido experiências como bailarina, e projetos artísticos. Em edital do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROCULTURA), da Secult, teve a aprovação da proposta “Brecha”. Helena menciona: “De forma geral, na videodança quatro homens trabalham em sua rotina diária num canteiro de obras. Durante um dia intenso de trabalho, eles são aguçados por uma espécie de sensibilização que os retira da zona de conforto. Uma funcionalidade que se torna disfuncional, um conforto que gera desconforto, uma rotina que deixa o hábito, uma construção que busca desconstrução, uma brecha que se abre. Buscamos ressignificar o tijolo, objeto normalmente manipulado exclusivamente por homens em canteiros de obras, e o ato de construir a partir das relações que podem se estabelecer entre o objeto e a masculinidade”.
ROTEIRO – A diretora observa acerca do roteiro de Brecha: “Trabalhamos principalmente com cenas individuais nas quais os intérpretes-criadores foram sofrendo uma espécie de contágio sensível, gerado pela quebra da rotina num canteiro de obras. Cada intérprete-criador investiu sua pesquisa de movimento em um tema central relacionado à reflexão da masculinidade, conforme sugestões e orientações da direção. A partir desses temas e dos seus desdobramentos, os intérpretes-criadores criaram cenas individuais e o roteiro da videodança foi sendo costurado”. Helena também aborda: “Brecha resulta de uma percepção de que na dança, de forma geral, a mulher tem mais visibilidade e espaço que o homem. Porém, muitas vezes, estas mesmas mulheres são dirigidas por homens e reproduzem estereótipos de submissão. Na construção da nossa videodança, quisemos dar espaço principalmente para a mulher dirigir, assinar e orientar. Ao homem cabe estar num processo de sensibilização em cena”.
TRILHA sonora reúne Kika Simone e Nina Mayers. Conforme divulga Helena, o ponto de partida foi a música “Instantes”, gravada por Kika em Buenos Aires há quase quatro anos. A seguir houve reuniões, experimentações e a escolha da música como referência. No trabalho colaborativo, Kika foi a responsável pela expansão da trilha, e Nina também atuou na captação do som direto durante as gravações da videodança.
EQUIPE reúne: Josiane Franken Corrêa (assistente de direção); Milla Lima por Ludmila Coutinho (figurino); Marta Possapp (confecção de figurino); Felipe Thofehrn (cenografia); Takeo Ito (direção de fotografia); Esley Rodrigues (assistência de fotografia); Jéssica Porciúncula (assistente de Set); Camila Albrecht (fotografia Still e edição); Takeo Ito (finalização e colorização); Kika Simone (trilha original); Nina Mayers (som direto, trilha sonora e mixagem de som). Apoio de Nuvem Nômade.
NOZ AUDIOVISUAL é coletivo em atividade desde 2015, reunindo Camila Albrecht e Takeo Ito, que eram colegas no curso de Cinema e Audiovisual da UFPel. Egressas da formação, e realizando diferentes parcerias, já produziram: “Cachorro” (2019), documentário que aborda a situação dos cachorros de rua na cidade de Pelotas, além de iniciativas de proteção animal; “Intraprojeção” (2017), ficção experimental que busca representar em imagens a experiência de sonhar lúcido; “Memória Coreografada” (2021), videodança que presta homenagem à memória da coreógrafa Berê Fuhro Souto; “Descarrego” (2021), que lança um olhar para a performance e a gestualidade na experiência ritual.