Diário da Manhã

segunda, 25 de novembro de 2024

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Whatsapp impulsiona futebol amador

30 outubro
08:39 2017

Nem liga, nem associação, times dos bairros recorrem ao aplicativo para elaborar calendário de jogos (com antecedência)

Um grupo de Whatsapp, com a participação de pelos menos 50 times do futebol amador de Pelotas, serve para impulsionar o esporte mais praticado nos finais de semana. O aplicativo surge como alternativa para movimentar o futebol de “várzea” ao mesmo tempo em que ocorre um esvaziamento das tradicionais competições organizadas por entidades associavas e representativas das equipes.

Uma mostra da importância do uso do Whatsapp é que o calendário de 2018 já está elaborado. Os times já sabem, por exemplo, contra quem vão jogar no encerramento da temporada do próximo ano – dia 8 de dezembro. Rafael Braatz Blank, que é o responsável pelo marketing e divulgação do Brod/Santa Rosa, mostra em seu aparelho celular o último compromisso agendado para a próxima temporada. O time vai encerrar as atividades de 2018 contra o Kerb daqui a 13 meses.

Márcio Lopes e Rafael Braatz ressaltam importância do Whatsapp para acertar amistosos: impulso ao futebol amador Foto: HFJ/DM

Márcio Lopes e Rafael Braatz ressaltam importância do Whatsapp para acertar amistosos: impulso ao futebol amador
Foto: HFJ/DM

COMO SURGIU?

A iniciativa de criar o grupo dos presidentes de clubes foi iniciativa de Bruno Padilha, que é dos Los Brocadores. “Isso é importante, porque nós tínhamos uma dificuldade para acertar jogos. Se gastava muito com ligações telefônicas”, reconhece o presidente do Brod/Santa Rosa, Márcio Lopes. O aplicativo serve para acertar as partidas, que são amistosas e ocorrem no sistema de ida e volta. Quem nem não possui campo, busca um local para mandar seus jogos.

O mês de outubro é destinado para o agendamento de jogos para a temporada seguinte. Caso haja a necessidade de cancelamento de uma partida, o aplicativo é usado buscar adversário nos dias anteriores a data vaga. O número de jogos no ano depende das condições climáticas. No ano passado, o Brod/Santa Rosa, por exemplo, fez 39 jogos. Nesta temporada deve fechar o calendário com 34. O grupo se ampliou com a participação de equipes de outras cidades – como Rio Grande e São José do Norte.

DISCIPLINA

Um dos problemas do futebol amador é o controle disciplinar. Não raramente a violência supera o sentido desportivo. Os participantes do grupo de Whatsapp garantem que essa não é a realidade nesses amistosos. Se alguém tiver um mau comportamento, o grupo se encarrega de excluí-lo ao natural. “O time que criar problema não será convidado para participar de outros jogos”, diz Rafael Braatz.

O mesmo ocorre com os árbitros. Quem tiver problema, acaba sendo excluído. Existe uma lista de árbitros (não tem auxiliares), que são convidados também por meio do Whatsapp. Quando a rodada é cheia, o grupo recorre ao Everton Robledo, que possui um quadro de árbitros, os quais apitam no futebol amador.

Os jogos são realizados geralmente aos sábados à tarde. Quando há necessidade, o domingo também é aproveitado para algumas partidas. E assim a bola segue rolando nos campos espalhados pelos bairros da cidade.

Página 3 foto 3TRADICIONAIS – Tem times no futebol amador de Pelotas, que tem uma longa caminhada, passando de geração em geração. O Guabiroba soma 83 anos de atividades. O Flamengo do Bairro Simões tem igualmente história: completa 80 anos em 2018. O Biriba é cinqüentenário. Esses clubes, que representam a história do futebol de várzea de Pelotas, aderiram também ao grupo de Whatsapp, para se manter em atividades regulares. Apesar da redução de espaço para os campos de várzea, o futebol amador sobrevive e se adapta aos novos tempos.

Equipe que nasce com o lema da união: é fruto da fusão entre duas equipes rivais das Três Vendas

Equipe que nasce com o lema da união: é fruto da fusão entre duas equipes rivais das Três Vendas

Clube inteiramente digital

Para demonstrar os novos tempos do futebol amador, o Brod/Santa Rosa (time das Três Vendas) serve de exemplo. É o único inteiramente digital. Como possui um aplicativo próprio, a comunicação com os 24 jogadores é feita online. É por esse sistema que eles ficam sabendo a data e o horário dos jogos. Serve também para aproximar os atletas do clube, além de registrar os resultados e as informações de cada partida.

E como se mantém hoje um time amador? No caso do nosso exemplo, a manutenção é feita com contribuição mensal de R$ 30 que é paga pelos atletas. Esse valor é destinado ao pagamento do aluguel de campo, quando necessário, e da arbitragem dos jogos. Como as atividades assistenciais são valorizadas no Brod/Santa Rosa, quem se tornar doador de sangue irá pagar metade do valor da mensalidade.

Outras ações, como eventos sociais e patrocínio, permitem o investimento no uniforme do time, que possui ternos reservas de camisetas e de passeio (nas cores predominantes em vermelho e preto), tendo como inspiração no modelo à seleção da Alemanha, já que o clube é situado numa região de forte influência da colonização germânica.

O Brod/Santa Rosa surgiu há dois anos e unindo duas equipes rivais do bairro, unificando os nomes e as corres. Traz como lema a união. “Enquanto é comum haver divisão nos clubes, nossa intenção foi a de unir”, destaca Rafael Braatz. Mais uma demonstração de integração é o uso (gratuito) do campo do Biriba. Outro vizinho do Bairro Três Vendas.

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