Poder Judiciário doa celulares e computadores para a Educação
Parceria entre o Poder Judiciário e a Prefeitura de Pelotas deverá minimizar a desigualdade de acesso dos estudantes da rede municipal de ensino às atividades escolares online, desenvolvidas durante o período de isolamento social.
Trata-se da doação de 225 celulares smartphone, 4 notebooks e 2 tablets para a Secretaria de Educação e Desporto (Smed), que disponibilizará os equipamentos aos alunos em situação de vulnerabilidade social.
Os aparelhos são oriundos de apreensões realizadas pelas forças de segurança do Município. A entrega do material, com assinatura do termo de doação, ocorreu quarta-feira, no Foro da Comarca de Pelotas, com presença do secretário de Educação e Desporto, Artur Corrêa.
“Agradecemos a sensibilidade do Poder Judiciário, que vai possibilitar, a mais 231 alunos, o acesso às atividades remotas, com a doação desses equipamentos, que serão distribuídos para os que não dispõem de um computador ou celular adequados. Vamos nos reunir com as equipes diretivas das escolas, para definir a melhor maneira de fazer chegar o material aos estudantes que mais precisam”, disse o secretário.
O promotor de Justiça, Paulo Roberto Charqueiro, da Promotoria Regional de Educação de Pelotas, intermediou a doação, e recomendou que os equipamentos de telefonia e informática apreendidos fossem doados para a Prefeitura. De acordo com o diretor do Foro de Pelotas, juiz Marcelo Malízia Cabral, a ação é inédita, pois os celulares, que agora contribuirão para aprendizagem dos alunos durante a pandemia, se não fossem para doação, seriam destruídos e encaminhados para reciclagem.
“A Comarca de Pelotas é a primeira do Rio Grande do Sul a realizar uma ação dessa natureza, de transferir bens apreendidos para benefício da educação pública. Isso acontece porque, aqui no Município, temos essa cultura de colaboração entre as instituições, que acaba por gerar benefício para toda a sociedade”, declarou o juiz
A Smed fará a revisão dos dispositivos, formatação e aquisição de carregadores e pacotes de internet. Para acessar os equipamentos, os pais deverão assinar um termo de empréstimo até o final do isolamento social. Após a devolução, os celulares e computadores ficarão à disposição da Secretaria, para uso em outros projetos de ensino. Alunos do 9º ano do Fundamental e 3º ano do Ensino Médio poderão ser priorizados na distribuição dos aparelhos, mas o assunto será discutido com as escolas, para respeitar a realidade social de cada educandário.
“Nunca havia visto uma ação como esta na minha carreira. São produtos que saem da mão do crime para a mais importante política pública, que é a educação”, declarou o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), tenente-coronel Márcio Facin.
EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Com a suspensão das aulas presenciais nas escolas, desde março, a Smed busca se reinventar para manter os alunos conectados com a vida escolar durante a pandemia. O desafio é incluir o estudante em atividades à distância, manter aqueles que têm acesso engajados nas atividades e pensar em modos de viabilizar o ensino a distância para os que não têm sem acesso à internet.
Desde maio, as atividades remotas são trabalhadas com foco em habilidades e com avaliações formativas, em que os estudantes recebem um parecer de retorno dos professores, sobre a sua evolução no aprendizado. De acordo com o secretário, nenhum aluno está sendo avaliado no sentido de aprovação ou reprovação, por orientação do Conselho Nacional de Educação (CNE). A Smed criou um currículo de referência para que os professores o utilizem como base para a preparação das atividades online, com autonomia para a abordagem de conteúdos de acordo com a realidade de cada turma.
Segundo a diretora de Ensino da Smed, Loreni Peverada, no momento da retomada das aulas presenciais será feito um diagnóstico para a continuidade do trabalho pedagógico, para identificar possíveis defasagens, e acompanhar os alunos, com atenção especial para os que não tenham participado as aulas online.
“Os professores trabalham nessa questão das habilidades socioemocionais, em competências e conteúdos transversais, que estimulam o aluno a pensar sobre sua existência no mundo, em sociedade, pois esse é também um papel da escola. A doação do Poder Judiciário nos ajuda a minimizar o problema daqueles sem acesso, e continuamos a buscar outras alternativas, para incluir o maior número de estudantes nas atividades remotas”, explica a diretora Loreni Peverada.
De acordo com a estimativa da Smed, cerca de 30% dos alunos da rede estão sem acesso às atividades remotas.