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GRANDE HOTEL : Imagem do apogeu e da decadência do turismo

GRANDE HOTEL : Imagem do apogeu e da decadência do turismo
27 março
09:44 2015

No salão do Grande Hotel, com a luz do sol da tarde entrando pelos vitrais do teto e com muita nostalgia.

Assim foi nossa conversa com o Sidnei Pereira Pintado, tesoureiro do Sindicato dos Empregados de Turismo e Hospitalidade de Pelotas. Em 1959, ainda adolescente, o Sidnei começou a trabalhar no Grande Hotel como porteiro, ascensorista e no que mais conseguisse ajudar. Saiu do famoso e luxuoso (em outros tempos) hotel pelotense em 2002, ou seja, conheceu o auge e a decadência do turismo na nossa cultural Princesa do Sul. Hoje, como tesoureiro do Sindicato, tem que lidar com a crise do momento e com cinco a sete rescisões diárias, ou seja, estão demitindo “sem dó nem piedade”.

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O turismo pelotense está em decadência, faltam investimentos e faltam programas do governo para fomentar esta indústria, o que surpreende mais ainda por Pelotas ser uma cidade tão rica culturalmente. Os trabalhadores do setor estão na maioria das vezes desamparados, hoje o Sindicato conta com apenas 70 sindicalizados na Cidade. Existem também dificuldades nas negociações com os sindicatos e federações patronais, que são pulverizados e muitas vezes sediados em Porto Alegre.

“Só espero estar vivo para ver o Grande Hotel restaurado”, observa o  Sidnei. O hotel levou quatro anos para ser levantado, de 1924 a 1928 e, neste mesmo ano, teve sua luxuosa inauguração. O pomposo prédio de estilo eclético foi tombado pelo  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). No interior do prédio, o  Sidnei não fez a mínima questão de esconder a nostalgia. Foram muitos anos, amigos, políticos, atrizes do teatro de revista e noites passadas em seu quarto, no último andar e logo abaixo da caixa d’água, a olhar o movimento da Pça. Cel. Pedro Osório.

Sindicalista Sidnei Pereira Pintado, tesoureiro do Sindicato dos Empregados em Turismo e Hospitalidade de Pelotas, recorda dos tempos em que trabalhou no Grande Hotel. Hoje, ele está preocupado com o crescimento do desemprego no setor Foto: Alisson Assumpção/DM

Sindicalista Sidnei Pereira Pintado, tesoureiro do Sindicato dos Empregados em Turismo e Hospitalidade de Pelotas, recorda dos tempos em que trabalhou no Grande Hotel. Hoje, ele está preocupado com o crescimento do desemprego no setor
Foto: Alisson Assumpção/DM

O Sidnei Pereira Pintado conhece todos os quartos do hotel, onde morava esse e onde morava aquele, onde se hospedou aquele e onde se hospedou esse. O quarto 127, por exemplo, era o preferido de Leonel Brizola que, segundo o Sidnei, era muito simpático. Em 2012 a Câmara de Vereadores de Pelotas aprovou a doação do prédio do Grande Hotel à UFPel. Atualmente, o Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria está sediado no prédio com o projeto de instalar ali um hotel escola. Espera-se que em abril, mesmo em meio à crise, seja liberado o recurso de oito milhões de reais para se dar prosseguimento à reforma. Quem sabe então assim, o Sidnei ainda possa ver o seu querido hotel funcionando.

 

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