NA PONTA DOS DEDOS : Para sentir os prédios históricos da cidade
Projeto que propõe educação patrimonial com acessibilidade estará até 30 de setembro, no Casarão 2
No início da noite de quarta-feira (15), na sede da Secretaria de Cultura (Secult), ocorreu o vernissage da exposição Pelotas na Ponta dos Dedos, promovida em parceria pela Prefeitura e Governo do Estado. A noite de abertura contou com a presença de fotógrafos selecionados no concurso que definiu as fotos da exposição. Até o dia 30 de setembro, pessoas com deficiência visual têm a oportunidade de conhecer detalhes de prédios do conjunto arquitetônico da Praça Coronel Pedro Osório através do tato. A exposição pode ser visitada neste fim de semana (18 e 19 de agosto), quando ocorrem as atividades do Dia do Patrimônio, das 9h às 17h, e, a partir da semana seguinte, de segunda a sexta, das 13h às 18h.
Quem comparecer à sala de exposições Inah Costa, do Casarão 2, encontrará 10 fotos de fachadas de prédios do Centro Histórico de Pelotas (veja relação abaixo), acompanhadas de maquetes – colocadas em uma altura confortável ao alcance das mãos -, que “conduzem o olhar” dos visitantes. Cada foto tem identificado o autor por escrita convencional e em braille, e um texto explicativo sobre a história do prédio. Também há um texto de apresentação da exposição nas duas linguagens.
“É uma oportunidade maravilhosa para quem tem deficiência visual. Quando se poderia saber só através da descrição em palavras como é realmente a cúpula do Grande Hotel? Agora, quando se toca, a imagem se materializa”, diz o estudante do 6º semestre de Museologia.
Um dos autores das fotos selecionadas no concurso cultural, o artista visual Rudimar Neves Gomes, se diz um apaixonado pelos prédios históricos de Pelotas e viu nesse projeto a oportunidade de contribuir para que eventos desse tipo se expandam para outras vertentes. “Tirei mais de 150 fotos, em diversas noites. Queria muito participar desse projeto porque propõe um olhar diferenciado, focado não só na beleza estética desse patrimônio, mas também é uma causa social, uma oportunidade de humanizar a cidade”, comenta Gomes, que também é arte-educador.
O projeto que traz o conceito de educação patrimonial com acessibilidade para Pelotas, com curadoria das museólogas Dóris Couto e Leila Pedrozo, foi financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (Pró-cultura RS). A data do vernissage coincidiu com a reinauguração da sala Inah Costa, requalificada com recursos do Governo Federal por meio de edital do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC Cidades Históricas, de 2013, e contrapartida da Secult.
“É muito gratificante poder inaugurar essa exposição, um processo que levou quatro anos para se concretizar, no mesmo dia em que reinauguramos a sala Inah Costa, que agora é climatizada e conta com nova iluminação e desumidificador, que impede que as obras sejam danificadas pela umidade. A Secult financiou os novos painéis para exposição de obras no espaço”, explicou o secretário de Cultura, Giorgio Ronna.
“O diferencial desse projeto é que ele incentiva o toque, que em geral é vedado em exposições. Aqui os visitantes não só podem como devem colocar as mãos nas maquetes”, explica a curadora Dóris Couto, que se disse muito feliz com o resultado do projeto e adiantou que as maquetes ficarão com a Secult depois que acabar essa exposição, para que possa criar novos projetos de acessibilidade no futuro.
Fachadas dos prédios previstas no concurso e os autores das respectivas fotos
- Prefeitura Municipal – Rudimar Neves Gomes
- Bibliotheca Pública Pelotense – Fabio R. P. Souza
- Antigo Banco do Brasil/Secretaria de Finanças – Jaqueline Basílio
- Grande Hotel – Alfonso Montone
- Casas Geminadas – Rafael Teixeira
- Casarão 2 – Dóris Couto (curadora – não foi contemplado pelos inscritos).
- Casarão 6 – Alfonso Montone (não foi contemplado pelos inscritos).
- Casarão 8 – Alfonso Montone
- Theatro Sete de Abril – Rafael Teixeira
- Quartel Legalista (Casa da Banha) – Dóris Couto (curadora – não foi contemplada pelos inscritos)