CAMARÃO : Safra de incertezas na região
Pescadores torcem por mudanças climáticas que garantam o milagre da multiplicação dos crustáceos
“Se começar a chover seguido nos arredores de Porto Alegre, na Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim, não tem safra”. A afirmação é de Irandi da Silveira Rodrigues, presidente da Colônia de Pescadores Z-2, de São José do Norte, sobre a expectativa para a safra de camarão na Zona Sul. Ele diz ainda que a safra que começa em fevereiro vai depender do mês de janeiro, que caminha para o seu final em meio a pancadas diárias de chuva em quase todas as regiões do Estado.
Ainda de acordo com Rodrigues, hoje a Lagoa não tem salina, e fora da dela não há o comédio, comida do crustáceo. Isso, segundo ele, somente acontece com 10% de água salgada, o que não é o caso atual.
“Precisamos de vento forte, por pelo menos uma semana”, diz o presidente, salientando que atualmente é possível já existir camarão nos arredores das ilhas da Torotama, Leonídio e Quitéria, em função dos criatórios que existem nesses locais. Ele aposta numa safra melhor no preço do que na qualidade. E garante que se a Lagoa salgar até o dia 2 de fevereiro a tendência é que se consiga um camarão bom, com tamanho em torno de 120 peças por quilo.
“A situação hoje está praticamente normalizada e o ambiente mostra-se propício para que as larvas se adaptem no ambiente. Está tendo entrada de água salgada, e com isso as larvas do camarão entram e se espalham pelo estuário. Isso aumenta nossa expectativa por uma boa safra”.
Esta é a visão de Nilton Mendes Machado, presidente da Colônia de Pescadores Z-1, de Rio Grande. A preocupação de Machado é a pesca predatória. “O camarão está aparecendo e já tem gente pescando com malha miúda”, salienta, dizendo que a expectativa é por uma boa safra, ao contrário dos últimos três anos.
NO TERRENO das expectativas, entra a torcida por um período favorável, de fartura do apreciado crustáceo. É o caso da comerciante Jaudete Rodrigues, dona do Restaurante Delícias da Dete e esposa de pescador, na Colônia Z-3, em Pelotas.
“O camarão anda por perto, e nós esperamos que a água salgue para que ele entre e possamos ter uma boa safra, já que nos últimos três anos não tivemos safra”, diz Jaudete, na expectativa que o vento sopre favorável aos desejos da população consumidora.