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COMUNIDADE TERAPÊUTICA RENASCER : A luta contra o flagelo da dependência química

COMUNIDADE TERAPÊUTICA RENASCER : A luta contra o flagelo da dependência química
19 julho
15:28 2015

A ONG Comunidade Terapêutica Renascer trabalha com internação de dependentes químicos e apoio a familiares desde janeiro de 2009. Em entrevista ao Diário da Manhã, o coordenador Moacir Marum contou sobre a atuação da Renascer e sua experiência pessoal.

Por Marcelo Rota Medeiros

“O melhor momento é sempre quando a gente consegue a rendição daquele que está sofrendo na rua. Ele nos olha e diz: ‘eu quero ajuda’”. A frase diz muito sobre o que motiva Moacir Marum a realizar o seu trabalho voluntário na Renascer. A ONG realiza internação voluntária, contando com unidade masculina e feminina, e apoio às famílias. Hoje são 38 homens, em uma chácara de cinco hectares em Monte Bonito, e 14 mulheres, em uma área de um hectare na cidade de Capão do Leão.

MOACIR Marum

MOACIR Marum

Depois de vencer uma longa trajetória de dependência química, Moacir passou a estudar e se informar mais sobre recuperação, viajando, acompanhando e ministrando palestras e compartilhando sua experiência. É coordenador da Comunidade Terapêutica Renascer há dois meses e, para poder ajudar ainda mais, acabou por mudar-se para a casa de apoio, na rua Gen. Neto, 491. A casa conta com ajuda de vários jovens que, agradecidos pelo apoio recebido, colaboram no que podem.

Morar na casa de apoio permite que Moacir vivencie histórias como a do “Anjo Bê”. Reproduzimos algumas partes do episódio, conforme Moacir escreveu:

“Ontem à noite, por volta das 21 horas, um colaborador me grita: ‘tem um tal de xxxxx chamando no portão’. Ao abrir me deparei com a própria personificação da doença. Embotado, gasto, cansado e rendido ao uso e abuso. Dizendo: ‘Tô com fome, me dá alguma coisa pra comer’. Eu o abracei e disse: ‘irmão, estávamos te procurando, entra.’. Ao que ele respondeu: ‘não vou entrar não, só quero comer e vou embora’. E eu repliquei: ‘nós não pegamos ninguém à força, entra para comer então.’ […]

Então, um jovem residente que o conhecia, olhou firme nos olhos, cansados e sem brilho, e disse: ‘irmão, fica com a gente, vamos fazer essa caminhada juntos. Eu estou lá há dois meses.’ Arroz e feijão, salada de frutas e cinco iogurtes depois ele continuava a dizer: ‘Não, já vou vazar, usar e amanhã eu volto.’ […]

Já em desespero me afastei um pouco e pedi a Deus por um milagre que o fizesse ficar. Ah, esse Deus maravilhoso me atendeu na velocidade que a situação exigia. Barulho no portão, ele se abre e entra o YYYY, nosso companheiro e colaborador da casa. Trazia na mão um lindo anjinho de cabelos lisos, que atendia por Bê. Ela olha em volta, […], passa fitando fixamente para o irmãozinho, […]. Mas, ao observar a cena, percebo que os olhares de ambos estão presos um no outro. O jovem tomado por pensamentos ruins e nosso anjinho iluminando o ambiente cinza chumbo que havia se formado na casa.

[…], a expressão de Bê cada vez mais serena e iluminada e a do nosso irmãozinho foi clareando e serenando. Vocês não fazem ideia do que foi esse momento, aquela criança irradiando luz e coisas boas e o irmãozinho recebendo luz […].

Bê, como um verdadeiro anjinho enviado por deus, sabedor de que a sua missão da noite estava cumprida, me olha como criança e me pergunta: ‘Onde ta o Frajola?’. Nosso gato de estimação na casa de apoio.

[…] me volto ao irmãozinho e pergunto: ‘Queres uma roupa limpa para tomar um banho e ficar aqui com a gente?’. E tive a certeza de que o nosso anjinho tinha conseguido com o olhar, o que não tínhamos conseguido com mil palavras.

Ele ficou. Nesse momento dorme, limpo por dentro e por fora, numa casa confortável e quente, não mais em papelões na rua. […]”

A ONG mantém-se através de doações. De acordo com Moacir Marum, o empresariado de Pelotas é muito sensível e colabora bastante. A internação e o apoio à família são gratuitos. Interessado em realizar alguma doação podem procurar a casa de apoio, na rua Gen. Neto, 491, entre as ruas Santa Cruz e Gonçalves Chaves. Se não puder fazer uma doação mais substanciosa, poderá ajudar na Ação Entre Amigos Dia dos Pais, uma Suzuki GSR 150i será rifada no dia 08 de agosto, no preço de R$ 5,00.

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