Cruzamento das ruas Voluntários da Pátria e Félix da Cunha, no centro de Pelotas, é palco de “inexplicáveis” acidentes quase que diariamente, a qualquer hora.
A boutique em uma das esquinas tem um nome fantasia de tipo sugestivo: Maria Loka. Independentemente de ser com K, loka lembra loucura, que pode ser uma alusão às promoções do estabelecimento comercial, da sua porta para dentro. Mas o que ocorre no trânsito, nas ruas em frente e ao lado, no cruzamento da Voluntários da Pátria com Félix da Cunha, no entanto, não tem nada de promoção ou fantasia. É realidade, mesmo. E preocupa. Apesar de bem sinalizado – semáforos bem visíveis, no alto e no meio -, o cruzamento é palco de acidentes a qualquer hora do dia.
“Numa manhã chegou a ocorrer três acidentes”, garante João Nunes, zelador do Edifício Magnus há 29 anos. O prédio que também abriga a “Maria Loka” está localizado na calçada da esquerda, pela Voluntários, sentido Félix da Cunha/Gonçalves Chaves. É para o seu lado, pelas duas ruas, que são arremessados os veículos envolvidos nos acidentes no cruzamento. Seu João quase foi vítima de um deles, mesmo estando dentro do prédio, em dezembro de 2010.
“Os dois carros bateram e um deles veio direto para a calçada, chegou a bater na porta do prédio e por pouco não atropelou uma senhora que estava na frente”, recorda, como sendo um dos maiores sustos que levou de todos os acidentes que presenciou na esquina. São tantos acidentes, que seu João acredita que a falta de atenção dos motoristas que se envolvem nos acidentes é algo meio “sobrenatural”. “Não tem explicação”, diz.
NO OLHO DO FURACÃO
Renato Vieira de Souza passa dirigindo pelo cruzamento cerca de duas vezes por dia, há mais de 20 anos. Está ileso. Mas recomenda: “Sabe aquelas placas de cruzamento de nível, sobre trilhos? Pois é: nelas está escrito ‘Cuidado com o trem: pare, olhe, escute. Aqui poderia ter uma mais ou menos igual, diferente apenas no inicio, com a advertência, cuidado com os loucos”, brinca.
A empresária Suelen Ferreira, proprietária da “Maria Loka” diz que perdeu a conta dos acidentes ocorridos no cruzamento nos últimos nove anos. É para a sua calçada que geralmente os veículos são arremessados nos acidentes. “A gente aqui vive meio que sob tensão, pois a qualquer hora pode dar um acidente. Nossa preocupação maior é com os pedestres, na calçada”. aponta, lembrando que por diversas vezes, também, um poste que fica em frente à porta da sua loja impediu a sua invasão por algum veículo após a batida. Ela garante que já pediu há bastante tempo que seja colocado uma proteção, tipo “guard-rail”, na esquina, para proteger sua loja e os pedestres.
Em meio à dificuldade, geral, para entender o motivo de tantos acidentes no cruzamento, Suelen arrisca: “Posso estar errada, mas será que o tempo do semáforo está correto para os dois lados?”, pergunta.
Para o taxista Erni Oliveira, há 34 anos na esquina, pela Voluntários da Pátria, o problema “é a sinalização”, a qual considera fora do padrão. “O semáforo é muito alto, dificulta a visão”, opina. Ele diz que o semáforo baixo não ajuda em nada: “Os motoristas não estão acostumados”, aponta.
O gerente de sinalização da Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade, Cléo Cardoso, diz que não há muito a ser feito no cruzamento, a não ser torcer para que os motoristas tenham mais atenção ao se aproximarem dele. “É um cruzamento bem sinalizado, no qual os motoristas têm ampla visão, para qualquer lado. Então, é só ter um pouco mais de atenção”, assegura. Na sua Secretaria, a Reportagem do Diário da Manhã descobriu que no ano 2012 foram registrados 13 acidentes no cruzamento. A estatística de 2013 ainda não está conclusa, mas a vizinhança das redondezas garante que no ano passado o número foi bem maior. Este ano, também, em menos de dois meses, já foram registrados uns quatro ou cinco acidentes, felizmente, apenas com danos matérias. De qualquer forma, uma verdadeira loucura, com ou sem K.