Desarticulada organização criminosa que atuava em condomínios populares de Pelotas
Mais de seiscentos policiais civis, realizaram 480 buscas em residenciais usurpados por grupos criminosos na zona norte
O sonho da casa própria, transformando-se em pesadelo diante de ameaças, invasões e extorsões. Realidade de dezenas de famílias, que viviam ou sob constante tensão, ou tendo de abandonar o imóvel. Nos condomínios populares Montevideo e Buenos Aires, com acesso pela avenida Fernando Osório, e proximidade com a BR 116, a criminalidade estava ocupando e expulsando moradores. Como objetivo, além de moradia, também apartamentos para ocultar armas, entorpecentes e objetos decorrentes de furtos e roubos. A situação foi se tornando insustentável, agravando-se com a sequência de ocorrências violentas. À medida em que eram apresentadas as denúncias, e formulados os registros, foi se tornando premente uma ação imediata nos locais.
MANDADOS – Com fartura de elementos para embasar medidas jurídicas, houve a expedição de dois mandados coletivos. Para o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, porém, direcionados a condomínios residenciais com centenas de apartamentos, houve a necessidade de uma operação que, além de cuidadosamente organizada, também exigiria a participação de efetivo expressivo. E, contando com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), à frente, foi gestada e desencadeada a maior operação da polícia civil na metade sul do Estado.
HERMANOS – Assim, a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Pelotas, deflagrou na manhã de ontem, a “Operação Hermanos”, no combate a uma organização criminosa que extorquia e ameaçava pessoas em condomínios residenciais, inclusive expulsando os moradores. Conforme constatado, mais de dez apartamentos estavam sendo utilizados para o armazenamento de armas e também entorpecentes.
SUSPEITOS – Aproximadamente seiscentos policiais civis, com o apoio de cinquenta policiais militares da Brigada, cumpriram dois mandados de busca e apreensão coletivos em dois condomínios de apartamentos, totalizando 480 buscas. Aproximadamente dez quilos de maconha, três armas e duas motocicletas com numeração raspada foram apreendidas. Dezoito pessoas foram conduzidas à delegacia, onde serão analisadas suas participações e envolvimentos com o grupo criminoso.
FORAGIDOS – Segundo o delegado Rafael Lopes, verificou-se, durante as investigações, que muitos apartamentos serviam como esconderijos de foragidos e armas de fogo. “O grupo ameaçava e extorquia os moradores, muitas vezes forçando-os a deixarem seus imóveis”, conta o delegado. Conforme apurado, moradores tinham de desembolsar valores regularmente, extorsão imposta pelo grupo criminoso. Em caso de não pagamento, as ameaças insinuavam violência e até risco de morte. Para pressionar as vítimas, o grupo conseguia informações pessoais e partia para a intimidação.
CHEFE DE POLÍCIA – O diretor da 18ª Delegacia de Polícia Regional de Pelotas, delegado Márcio Steffens, ressaltou que a ação de hoje foi a maior operação policial já implementada no sul do Estado. Já a Chefe de Polícia, delegada Nadine Anflor, destacou que a “Operação Hermanos”, além de ter o caráter repressivo, tem o caráter social, já que a ação também tem o objetivo de devolver os condomínios aos seus moradores, cuja maioria não está envolvida com ilícitos. Trata-se de trabalhadores que, ao optarem pelos residenciais populares, acreditavam que estariam encontrando uma solução para a moradia própria.
HELICÓPTERO sobrevoou a cidade na manhã de terça, e atraiu olhares curiosos. A aeronave integra a logística da Polícia Civil, e foi utilizada no apoio à operação em Pelotas. O apoio aéreo, além da segurança às equipes de policiais, também é estratégico para o trabalho de buscas, bem como estratégico para a contenção nas tentativas de fuga. Na “Operação Hermanos”, também foi empregado o apoio dos cães farejadores do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).