Desemprego aumenta e já provoca preocupação
Contratações são raras na cidade e nos municípios da região. Diversos setores iniciaram o ano demitindo funcionários.
Sindicatos de Pelotas vêm recebendo muitas rescisões de contrato e mesmo os que observam a mesma média nos últimos anos, afirmam que o número de contratações está muito reduzido.
Em tempos de crise econômica, o desemprego acaba se tornando o vilão de diferentes classes. Enquanto a força de trabalho do país vive uma situação de insegurança, empresários de setores como varejo e de outros bens para consumo veem uma redução drástica nas vendas, criando um ciclo vicioso que acarreta novas demissões.
A reportagem do DIÁRIO DA MANHÃ buscou alguns dos sindicatos pelotenses que representam trabalhadores dos setores que mais estão demitindo no Brasil e no Rio Grande do Sul. É importante lembrar que estas instituições apenas realizam as rescisões dos empregados com mais de um ano de contrato – ou menos, dependendo do acordo coletivo firmado entre sindicato dos trabalhadores e o representante patronal. No entanto, os dados são indicativos da situação de emprego na cidade e região.
SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E MOBILIÁRIO DE PELOTAS
Uma das categorias que mais sofreu com a crise econômica, que assolou o país. As demissões em massa começaram nas empresas envolvidas em atividades investigadas pela operação Lava Jato. Logo, o arrefecimento do mercado imobiliário colocou a pá de cal que faltava em cima da crise no setor.
Em Pelotas, o presidente do sindicato dos trabalhadores na construção civil, Acir Camargo Moura, afirma que foram feitas cerca de 900 homologações de rescisão de contrato no ano de 2015. Mais que o dobro da média dos anos anteriores, com cerca de 300 a 400 rescisões. Para 2016, na avaliação do sindicalista, o cenário não parece ser promissor. Acir diz que já existem rescisões agendadas para fevereiro, de tão grande que é a demanda que recebem.
SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE PELOTAS
Segundo Jorge Reinaldo Barreto, diretor de comunicação do sindicato dos metalúrgicos de Pelotas, a categoria é uma das primeiras a sentir os reflexos dos períodos de recessão econômica. Envolvido em quase todos os processos produtivos, o setor reflete o desemprego com um crescimento de 25 a 30% no País.
Ainda de acordo com Jorge, a falta de investimentos e fomento à produção por parte dos governos federal e estadual, prejudica o crescimento econômico e muitas categorias de trabalhadores como a dos metalúrgicos. Por enquanto, afirma que as tímidas mudanças de política no governo federal, como a troca de Levy por Barbosa na fazenda, ainda não são suficientes.
SINDICATO DOS EMPREGADOS DE TURISMO E HOSPITALIDADE DE PELOTAS
De acordo com o presidente do sindicato, Sidnei Pereira Pintado, o volume de rescisões está muito grande desde o início do ano passado. O sindicalista afirma que os comerciantes não conseguem repassar para o consumidor aumento nos preços dos insumos. O resultado é geralmente dois: muitas demissões ou estabelecimentos fechados, o que ocasiona ainda mais demissões.
O enfraquecimento do setor vem ocorrendo desde o final de 2013, mas deu um salto no ano de 2015. A média de rescisões que o sindicato recebe vai de cinco a sete por dia. Em 2014 foram realizadas aproximadamente 1200 rescisões, contra cerca de 1800 no ano de 2015. Para Sidnei, a tendência é a situação piorar em 2016.
SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE PELOTAS (STR/PELOTAS)
O numero de rescisões aumentou bastante em 2015. No entanto, segundo Jair Bonow, presidente do sindicato, se não fosse a exportação de produtos como arroz e soja – beneficiada pela alta do dólar – o número seria ainda maior. Em 2014, a instituição homologou 162 contratos de rescisão, contra 204 homologados em 2015.
Ainda de acordo com Jair, a grande vilã das demissões é a produção leiteira. O presidente apresenta dados demonstrando que o preço de venda para o produtor pecuarista subiu 27% desde 2007, enquanto o valor dos insumos para a produção subiu mais de 142% no mesmo período. Segundo Jair, a baixa rentabilidade para os produtores, dificulta a manutenção de trabalhadores no ramo.
SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE PELOTAS E REGIÃO
Com a taxa de juros Selic ascendente, chegando a mais de 14%, as instituições financeiras não têm do que reclamar sobre a lucratividade de 2015. No entanto, Adalgisa Silveira, secretária-geral do sindicato, afirma que os banqueiros usaram a crise como subterfúgio para dificultar negociações com os bancários e que os bancos públicos – com vistas a cortar gastos – realizaram planos de demissão.
A média de rescisões homologadas pelo sindicato vem se mantendo constante nos últimos anos. No entanto, algumas instituições privadas apresentaram alto número de demissões. Já os bancos públicos realizam os planos de demissão voluntária para reduzir o pessoal.
SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE PELOTAS (SECPEL)
As demissões continuam com a mesma constância. A rotatividade de trabalhadores costuma ser muito grande no comércio, mas em 2015 ocorreram as rescisões habituais, porém sem as contratações habituais. A situação cria um gargalo de emprego, com o setor reduzindo drasticamente a força de trabalho, logo, com muitos desempregados sem perspectiva de contratação e sem poder de consumo.
O presidente do sindicato, Élvio Zanetti, afirma que a maioria dos comerciantes com quem conversou dizem ter apenas demitido em 2015, sem contratações. De acordo com Rubilaine Marques, responsável pelas homologações dos contratos de rescisão do sindicato, o início de 2015 foi o pico nas demissões do comércio.
No maior recuo desde 2012, volume de serviços cai 6,3%
O volume de serviços prestados no Brasil, em novembro de 2015, caiu 6,3% na comparação com novembro de 2014. É a maior queda da série iniciada em 2012. Em outubro, a redução havia sido de 5,8% e, em setembro, de 4,8%. Com o resultado de novembro, o setor encerra os onze meses de 2015 com retração acumulada de 3,4%.
Em novembro, a receita nominal fechou também em queda de -0,8%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses registrou queda de -3,1%. Já a receita nominal do período fechou em alta 1,4% no ano e de 1,8% no acumulado de 12 meses. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada hoje (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
Com o resultado de novembro, o setor manteve a sequência de números negativos verificados em 2015. A exceção foi março, quando houve crescimento de 2,3%. Quanto aos resultados por atividade, todos os segmentos tiveram variações negativas, com destaque para os serviços prestados às famílias, que caíram 6,6%.