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DISCRIMINAÇÃO RACIAL : UFPel promove palestra no dia de luta

DISCRIMINAÇÃO RACIAL : UFPel promove palestra no dia de luta
21 março
08:48 2017

No dia internacional de luta contra a discriminação, palestra “Preconceito racial e igualdade jurídica no Brasil”

Por Carlos Cogoy

A origem foi massacre de negros na África do Sul em 1960. Num dos inúmeros protestos contra o regime do Apartheid, manifestantes contestavam a Lei do Passe, que restringia a circulação. Tropas militares alvejaram manifestantes e houve 69 mortos, bem como dezenas de feridos. Como símbolo da luta contra a discriminação, a Organização das Nações Unidas (ONU), instituiu o 21 de março como data internacional. Em Pelotas, a data nem sempre tem sido lembrada. Porém, nesta terça, acontecerá programação especial. Trata-se da palestra “Preconceito Racial e Igualdade Jurídica no Brasil”, promoção do Núcleo de Ações Afirmativas e Diversidade (NUADD/UFPel), cuja chefia está a cargo da professora Drª. Rosemar Lemos. No evento, participação da professora e mestra Marielda Medeiros. Em destaque, a Drª. Eunice Aparecida de Jesus Prudente, docente na Universidade de São Paulo (USP). A programação terá início às 18h no salão de atos da Faculdade de Direito da UFPel – Praça Conselheiro Maciel 215.

Destaque à presença da Drª. Eunice Aparecida de Jesus Prudente

Destaque à presença da Drª. Eunice Aparecida de Jesus Prudente

CONVIDADA – Conforme divulgação, Eunice Aparecida de Jesus Prudente “possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo (1972), mestrado em Direito pela Universidade de São Paulo (1980), e doutorado em Direito pela Universidade de São Paulo em 1996. Atualmente é professora doutora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, parecerista ‘ad hoc’ da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, e professora doutora titular da Universidade São Francisco. Tem experiência na área de direito, com ênfase em advocacia pelos Direitos Fundamentais, Direito do Consumidor, Direito Ambiental e Direito Administrativo. Ela tem ministrado aulas desde 1985 dessas disciplinas, além de Teoria do Estado e Direito Constitucional. Como pesquisadora tem formulado sobre os seguintes temas: diferenças e desigualdades sociais; relações étnico-raciais; o negro na ordem jurídica brasileira; direitos coletivos – difusos e individuais homogêneos; advocacia pelos direitos humanos fundamentais; feminismo; participação popular e planejamento”.

ROSEMAR Lemos é pelotense e uma das poucas docentes negras na UFPel. À frente do Núcleo de Ações Afirmativas e Diversidade (NUAAD), dia 11 deste mês ela coordendou o seminário “As Cotas Raciais e Seus Sujeitos de Direito”, que contou com explanação de Gleidson Renato Martins Dias.

 

Educadora Marielda Medeiros participará da programação

Educadora Marielda Medeiros participará da programação

EXEMPLO de abnegação, empenho e superação, Rosemar cursou arquitetura, especializou-se e realizou mestrado em química, doutorando-se em engenharia civil pela UFRGS. Na Universidade de Aveiro em Portugal, pós-doutorado em Ciências da Arte e do Patrimônio. Ela acrescenta: “Entre os anos de 1990 e 1999 trabalhei na Prefeitura Municipal de Pelotas. De 1999 até 2001, mediante concurso público, passei a professora no IF-Sul, e trabalhei com as disciplinas de geometria descritiva, desenho técnico e propriedade dos materiais. Em 2001 fui contratada pelo governo do Estado como professora, e ministrei aulas de matemática e química na Escola Estadual de Ensino Médio Areal. Por lá, com apoio de alunos, professores e funcionários, criamos o projeto ‘De mãos dadas com nossas raízes e nossos irmãos’, que visava o cumprimento da Lei 10.639 e a obtenção da autoestima de crianças, jovens e adultos. Em 2006, realizei concurso público, fui aprovada, e passei a ser também professora da UFPel, como substituta, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Simultaneamente ministrava aulas na escola estadual e na universidade. Em 2008, mediante a realização de outro concurso, passei à função de professora adjunta da UFPel, criando já naquele ano o grupo de extensão e pesquisa ‘Design, Escola e Arte’, do qual passaram a participar, também, ex-alunos da Escola Areal que, naquele momento tinham chegado à universidade”.

SECONEP – Rosemar idealizou o Seminário da Consciência Negra de Pelotas (SECONEP), que é realizado desde 2009. “O evento ocorre em novembro, e resulta de projeto de extensão universitária, tendo por objetivos: caracterizar e evidenciar a cultura negra na cidade de Pelotas, discutir os problemas sociais enfrentados pela etnia afro-descendente além de possibilitar a formação complementar dos alunos”, diz a professora. Em 2015, ela transferiu a coordenação para cursar o pós-doutorado em Portugal.

Gleidson Dias no seminário sobre cotas raciais dia 11

Gleidson Dias no seminário sobre cotas raciais dia 11

Drª. Rosemar Lemos chefia Núcleo na UFPel

Drª. Rosemar Lemos chefia Núcleo na UFPel

LUTA – Rosemar menciona: “Minha origem é humilde, meus avós eram analfabetos, pois não tiveram a possibilidade de estudar. Já minha mãe e meu pai tiveram oportunidades diferentes. Percebendo que a educação era a única forma de ascender socialmente, lutaram para que seus filhos permanecessem na escola. Meu pai não concluiu o nível fundamental, mas ajudou minha mãe, trabalhando, sem hora pra começar ou parar, a fim de sustentar os seus estudos e a família, já que somos quatro irmãos, três filhas e um filho. Em relação ao preconceito racial, isso é pra vida toda, e a gente acaba acostumando e desenvolvendo estratégias, de ataque, de defesa, de convencimento. Na escola, na faculdade, durante a minha formação, houve muitos casos. Entre tantos fatos, posso citar a situação de conflito quando exigi que meu pai, mesmo não tendo curso superior, me entregasse o diploma de arquiteta. Então, ser negro é superação, é provar diariamente que podemos, que somos capazes de, é forçar a porta que tantas vezes tentam fechar na nossa frente, mas não podemos desistir. Sigo o lema que diz: ‘Não sabia que era impossível, foi lá e fez’”.

 

 

 

 

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