EDUCAÇÃO DIGITAL : Verba de R$5,4 mi da Assembleia para agilizar a conectividade no RS
Com professores e alunos sem conexão, cabe ao governador viabilizar alternativas
Por Carlos Cogoy
Diante do contexto de quarentena, e a interrupção das aulas presenciais no Estado, entre 23 de março e 30 de abril, a educação adaptou-se às “aulas programadas”. Cada escola desenvolveu uma metodologia, recorrendo a redes sociais ou emails. Desde 1º de julho, conforme definição da Secretaria de Educação do RS (SEDUC), passou a operar a a plataforma educacional Google Classroom, numa etapa identificada como “aulas remotas”. O que seria para agilizar o aprendizado, porém, tem revelado que a conectividade, tanto das famílias dos alunos, quanto dos professores, esbarra em aspectos que vão desde os equipamentos defasados, até a falta de recursos para arcar com o valor da internet. O Centro dos Professores do RS (CPERS/Sindicato), tem cobrado do governo gaúcho, questões como: equipamentos eletrônicos; conectividade; formação para o uso da ferramenta digital. Conforme Mauro Rogério Amaral, diretor-geral do 24º Núcleo do CPERS (Pelotas e região), há seis anos com salários atrasados, a categoria não tem condições financeiras para pagar internet, ou adquirir um novo aparelho.
CHROMEBOOKS – Conforme Mauro Amaral, na mídia gaúcha, a informação é que o governo iria adquirir “Chromebooks” – equipamento para acesso à internet -, para contemplar o universo de sessenta mil professores. “Não é justo que uma categoria que está há seis anos com arrocho salarial, recebendo de forma parcelada, atolada em empréstimos, tenha que arcar com as ferramentas e suportes para viabilizar o ensino remoto”, diz o diretor do 24º Núcleo.
CONEXÃO – Outra divulgação apontava que seria viabilizado o acesso à internet para alunos e professores. A estimativa é que a conectividade tenha de contemplar novecentas mil pessoas. “O CPERS tem cobrado do governo Eduardo Leite, que ele cumpra com a promessa de garantir internet de qualidade para estudantes e educadores, e também disponibilize os Chromebooks”, acrescenta Mauro Amaral.
VERBA DA ASSEMBLEIA – Em maio, a Assembleia Legislativa acenou com a doação de R$5,4 milhões à SEDUC. Esse valor, conforme Amaral, teria repasse mensal. Mas, não há uma avaliação se o valor seria o suficiente para o cumprimento das promessas do governo. Além disso, está faltando iniciativa para agilizar a chegada dos recursos.
SEM DEBATE – Amaral critica: “O CPERS tem denunciado a forma apressada como o governo do Estado implementou a plataforma da multinacional Google. O governo patrocinou a transferência de recursos de um Estado, que se diz em grave crise fiscal, para uma das empresas mais ricas do mundo. Sem consultar a comunidade escolar, ignorando soluções locais e a privacidade dos usuários, o governo Eduardo Leite (PSDB), impôs a adoção em massa da plataforma Google Classroom na rede estadual. O CPERS tem denunciado a absoluta falta de transparência dos termos da cooperação, dos critérios utilizados para a definição da ferramenta e do tratamento dispensado aos dados pessoais dos usuários. A alternativa teria que ter sido a de promover um amplo debate público com a comunidade, envolvendo estudantes, educadores, e o parque tecnológico local para construir uma solução conjunta e adequada, às reais necessidades pedagógicas da rede estadual”.
SEM ACESSO – Devido a falta de internet ou nem dispor de conectividade, tem sido baixo o retorno dos alunos, tanto nas “aulas programadas”, quanto nas “aulas remotas”. Amaral afirma: “Após um mês da implementação da plataforma, o cálculo é que trezentos mil alunos continuam sem acesso às aulas remotas”.