Em cinco anos, número de médicos no RS aumentou 18,12%
Modelos diferentes de remuneração e adaptação do trabalho médico ao novo cenário imposto pela pandemia foram algumas das preocupações mais relevantes apontadas durante o III Fórum Gaúcho de Saúde Suplementar. O evento, promovido pela Associação Médica do Rio Grande do Sul, foi realizado na manhã de sábado (04/12) de forma híbrida com a presença de parte dos palestrantes no auditório AMRIGS e transmissão online via Sympla Streaming. A apresentação inicial foi feita pelo diretor do Exercício Profissional da AMRIGS, Dr. Ricardo Moreira Martins e a mediação foi do Conselheiro do CREMERS, Dr. Eduardo Lopes Machado.
As estatísticas mostram uma importante alteração no cenário de formação profissional. Em 2015, eram 41.562 médicos inscritos no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul. Em 2020, este número subiu para 49.094, um aumento de 18,12%. Também chama a atenção o aumento do registro de médicos com especialidade, com um patamar ainda mais elevado tendo alta nos últimos cinco anos de 76,67%.
Um dos aspectos lembrados durante a apresentação do representante do Bradesco Seguros, Alexandre G. Escobar, foi a alta dos custos médicos hospitalares que praticamente dobraram nos últimos dez anos. A fala a seguir foi da Associação Médica Brasileira (AMB). A entidade trabalha para que possam ser construídas discussões para melhorias no sistema de remuneração dos médicos junto com as federadas e operadoras dos planos de saúde.
“A intenção é que possamos fazer reuniões com as partes envolvidas através de um diálogo amigável. Queremos colocar o médico, que é o ator importante e fundamental nesta discussão, no foco do debate. A representatividade do médico é fundamental”, afirmou a representante da Associação Médica Brasileira (AMB), Viviane Lemke que participou do encontro de forma online.
O representante do IPE Saúde, Antonio Quinto Neto, apresentou a situação atual no órgão que passou por mudanças significativas no ano de 2018 quando foi estabelecida a divisão de IPE Saude Prev, vinculada a previdência e o IPE Saúde, que se relaciona com os prestadores de saúde.
A lista de itens que mostram a precarização do trabalho médico, segundo a AMB, inclui baixos valores de remuneração do serviço, falta de reajustes adequados ao longo do tempo, descredenciamento injustificado, imposição de alteração ou adento contratuais desfavoráveis ao médico, métricas de produção ou resultados atrelados à remuneração e outras formas de remuneração sem a devida transparência ou discussão da base de valoração.
Durante o evento foi feita ainda apresentação do representante da Abramge RS – Associação Brasileira de Planos de Saúde, Francisco Antonio Santa Helena. Na apresentação do cenário Nacional da Saúde, destacou, entre outros números, a importante geração de empregos na área considerando uma estimativa de 7,3 milhões de empregos.
O Conselheiro do CREMERS, Eduardo Lopes Machado, apresentou um quadro da atualidade mostrando um elevado número de médicos e faculdades de medicina. Também foram identificados fatores como o surgimento de clínicas populares e a estagnação no número de usuários do Sistema de Saúde Suplementar. Também são características do modelo atual, o atendimento de alto custo especializado e a concentração do mercado em alguns planos de saúde.
“Portanto, não tem como o setor evoluir sem chegarmos a um entendimento comum. A COVID mudou o cenário médico. A questão é como será daqui para frente? A pandemia aprofundou na saúde mudanças que já estavam ocorrendo, assim como ocorreu em outras áreas. A telemedicina que estava batendo a nossa porta se intensificou, assim como outras mudanças”, disse.
A realização do evento foi do Conselho Estadual de Honorários Médicos, Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS) e Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS). Durante a tarde, acontecerá o I Fórum sobre Precarização das Relações do Trabalho Médico no SUS.